Nos 65 anos de Lô Borges, conheça a história de sua parceria com Milton Nascimento

Milton Nascimento e Lô Borges, durante as gravações do álbum Clube da Esquina, no antigo estúdio da Odeon, no centro do Rio de Janeiro (1971). Foto: Reprodução / EMI
Milton Nascimento e Lô Borges, durante as gravações do álbum Clube da Esquina, no antigo estúdio da Odeon, no centro do Rio de Janeiro (1971). Foto: Reprodução / Odeon

Nesta terça-feira (10), o cantor e compositor Lô Borges completa 65 anos. Dono de uma sólida carreira autoral, ele se consolidou precocemente, aos 19 anos, quando lançou ao lado do amigo Milton Nascimento o álbum duplo Clube da Esquina (1972), um clássico instantâneo, repleto de canções pungentes coescritas e interpretadas por Lô, como O Trem Azul, Um Girassol da Cor do Seu Cabelo, Paisagem da Janela e Trem de Doido.

Em paralelo à produção de Clube da Esquina, Lô também lançou em 1972 seu primeiro álbum solo. Conhecido como “o disco do tênis” e tão bem conceituado quanto o trabalho lançado com Bituca, o trabalho autoral será apresentado ao público paulistano no próximo fim de semana, 45 anos depois, no palco do Sesc Vila Mariana, nas noites de 13, 14 e 15. Prova da relação afetuosa do público com o álbum, que contém pérolas como Você Fica Melhor Assim, O Homem da Rua e Não Se Apague Essa Noite, os ingressos rapidamente esgotados.

Em outubro de 2013, em longa entrevista concedida ao repórter Marcelo Pinheiro, Milton Nascimento relembrou como se deu o início das parcerias musicais entre ele e Lô Borges, então um talentoso adolescente de 14 anos.

Leia abaixo o depoimento. Leia também a entrevista, na íntegra.

“Conheci Lô quando ele tinha 10 anos e tocava em uma banda que fazia várias versões dos Beatles. O quartetinho dos meninos era muito bom. Eu sempre ia a Belo Horizonte para visitar os Borges. Um dia, quando ele tinha uns 14 anos, cheguei lá e não tinha nenhum dos irmãos em casa. Na hora em que eu estava saindo chegou o Lô. Disse pra ele: ‘Que coisa boa te encontrar! Vamos ao botequinho, que eu vou tomar uma batida de limão e você toma um guaraná comigo’. Chegando lá, pedi minha batida e o Lô emendou: ‘Outra para mim!’. Ele levou aquele tremendo olhar de reprovação, mas disse: ‘Bituca, adoro as coisas que você faz, sou fã da sua voz, mas tem algo que eu preciso reclamar. Sei bem que você, meus irmãos e seus amigos não gostam de mim’. ‘Que é isso, Lô? Como assim?!’, disse pra ele. ‘É isso mesmo. Vocês saem todas as noites, vão para tudo que é lugar, e nunca fui chamado para sair com vocês’, ele desabafou. Olhei bem para ele e falei: ‘O problema é o seguinte, Lô. Sabe quando foi que eu descobri que você não era mais uma criancinha? Há poucos minutos, quando você pediu essa batida de limão’. Ele sorriu, falou que tinha composto algumas canções, que havia escrito umas harmonias, e perguntou se eu não gostaria de ouvi-las. Voltamos para a casa dele, e Lô começou a tocar umas coisas muito bonitas. Peguei um violão, que estava ao lado, abaixei a cabeça, fechei os olhos e comecei a tocar com ele uma das músicas. Quando abri os olhos a mãe dele (Maria Fragoso Borges) estava encostada no batente da porta, chorando, emocionada, e o Marcinho escrevendo uma letra. Foi nossa primeira música juntos, Clube da Esquina 2, em homenagem à tal esquina que a vizinhança detestava.”   

MAIS
Ouça o álbum Clube da Esquina 


Ouça o primeiro álbum solo de Lô Borges 


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