Caríssimos, começamos a semana na primeira página da revista Veja, numa matéria bem-feita, certamente algo a celebrar. Não sou leitor habitual da revista, que tem um passado importante no jornalismo brasileiro, é certamente a revista semanal de maior circulação, e uma grande formadora de opinião. Essa semana a Veja descobriu os jovens gays, e levou uma mensagem positiva e encorajadora para milhões de leitores. Bárbaro! A maior facilidade com que as novas gerações têm lidado com a questão da sexualidade é um fenômeno verdadeiro, já falamos disso aqui, fico feliz em acompanhar a garotada, acho maravilhoso que eles tenham nascido numa era que já oferece uma vida mais fácil para eles. Me dão arrepios quando me chamam de tio, me sinto o velho personagem da antiga propaganda da Sukita, mas minha barba branca me condena, deixemos para lá.
Achei os números otimistas demais. Dizer que “60% dos brasileiros consideram a homossexualidade natural” me parece forçar a barra. A geração que eles apresentam de fato existe, mas os jovens que eles entrevistaram são todos de grandes centros urbanos e bom nível social, uma mostra pequena de nossa sociedade, existe um imenso Brasil que ainda vive a anos luz dessa realidade. Confesso que senti falta exatamente daquilo que não se mostrou: o Brasil absolutamente preconceituoso em que eu e esses jovens ainda vivemos. Não procede a afirmação de que “Estamos em um estágio de evolução em que a manifestação do preconceito se tornou um gesto condenável pela maioria”. A guerra para suprir o vácuo legal que nega aos homossexuais brasileiros direitos elementares, da defesa contra preconceito e homofobia ao direito a adoção e ao próprio casamento, foi resumida na alegação de que “No Brasil, onde não há leis nacionais como essas, a apreciação fica sujeita a cada tribunal”. Pena! Enfim, não vou ser azedo, gostei de termos ganhado uma semana de visibilidade positiva na maior revista semanal do País, podemos esperar bons efeitos disso, sem dúvida alguma. Abraços do Cavalcanti.
Deixe um comentário