Nova crise, novas fugas

Em tempos de crise, entretenimento.

Parece ser essa a resposta dos EUA diante da maior crise financeira desde a Grande Depressão, nos anos 1930. Em matéria desta terça-feira (dia 3), o Wall Street Journal lembra a semelhança na reação das pessoas em períodos de crise, ou seja, a busca pelo entretenimento em época de vacas magras. No entanto, o jornal norte-americano relata a diferença dos tempos com relação ao meio de fugir da realidade.

Se no passado os desempregados passavam o dia no cinema, hoje as pessoas que perderam o emprego recentemente gastam o tempo na internet para tentar esquecer a crise. Twitter, games on-line, Facebook, Orkut, qualquer escape da realidade dura é a chave para que o pessimismo não tome conta.

Segundo a reportagem, a internet ajuda na busca por postos de trabalho no país, mas, mais importante, desempenha o papel de distrair as pessoas do estresse do desemprego. A partir dos primeiros sintomas da crise financeira mundial, o uso da internet para games on-line e o acesso aos sites de relacionamento têm aumentado consideravelmente.

“Eles são uma forma barata para me ajudar a esquecer“, diz Julia Otto, que perdeu uma vaga de assistente administrativa em New Orleans antes mesmo de começar a trabalhar, em novembro. Desde então, ela gasta o tempo e pouco dinheiro (cerca de US$ 7 por mês) em games na internet.

Na mesma reportagem, Robert Kraut, professor de psicologia social e interação humana com computador da Universidade Carnegie Mellon, em Pittsburgh, diz que games e outras formas de entretenimento podem oferecer uma fuga para pessoas ansiosas com a situação econômica atual.

Já Gary Handman, diretor de mídia na Universidade de Berkeley, na Califórnia, lembra dos tempos da Grande Depressão, em que desempregados pagavam um centavo para ficar tardes e noites dentro dos cinemas, assistindo a Charlie Chaplin, desenhos e cinejornais.

Hoje, os tempos são outros. Ingresso a US$ 10 que dá apenas algumas horas de diversão não é suficiente e custa caro. O entretenimento de graça está na internet e é a ela que as pessoas recorrem nessa nova época dura. Nova crise, novos meios e novos modos de combatê-la.


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