No dia 20 de novembro é comemorado, no Brasil, o Dia da Consciência Negra. A data é uma homenagem a Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares e um dos principais símbolos da resistência negra à escravidão, assassinado nesse dia, em 1695. Pode ser que André Carlos Conceição dos Santos, 21 anos, não conheça os detalhes dessa história, mas mesmo assim ele é o exemplo de que essa batalha não foi em vão. Foram séculos de preconceito e intolerância, mas parece que, finalmente, a sociedade está acordando para essa injustiça histórica. E esse despertar, felizmente, está se espalhando pelo mundo. Provas disso são a vitória arrasadora de Barack Obama na eleição presidencial dos Estados Unidos – tornando-se o primeiro negro a ocupar a Casa Branca – e a conquista do título mundial da Fórmula I pelo piloto inglês negro Lewis Hamilton. André Carlos, o Andrezão, não tem o status de Obama ou de Hamilton, mas também está mostrando do que é capaz.

André é filho de agricultores e nasceu em uma comunidade remanescente de quilombo em Ituberá, cidade localizada no Baixo Sul da Bahia e uma das cinco que integram a Área de Proteção Ambiental (APA) do Pratigi. Trata-se de uma região rica em recursos naturais, mas, ao mesmo tempo, uma das mais pobres de todo o Estado. Ao contrário de seus antepassados, porém, André viu-se livre para escrever a sua própria história. Ele faz parte de um grupo de jovens que está sendo beneficiado por projetos sociais desenvolvidos pela Fundação Odebrecht, comandada por Norberto Odebrecht. E agarrou essa oportunidade com unhas e dentes. Andrezão está no último ano do curso da Casa Familiar Agroflorestal, um projeto que ensina aos jovens técnicas de agricultura para um desenvolvimento sustentável. Faz estágio na área financeira da Cooperativa dos Produtores de Piaçava, onde ganha uma ajuda de custo de R$ 150, e ainda é artesão. Mas a atividade que tem dado maior prazer a ele é a de comunicador. Há nove meses ele atua na “redação” da Associação Guardiã da APA do Pratigi (AGIR). Lá ele escreve e fotografa matérias para o jornal da comunidade. Como qualquer repórter, está sempre atrás da notícia. No final de outubro esteve cobrindo a cerimônia que selava um acordo entre a Fundação e a ONU para o lançamento de um novo projeto social. Tudo o que sabe sobre comunicação ele aprendeu nos cursos e oficinas de reportagem, internet e fotografia oferecidos pela Fundação. “Sempre gostei de escrever e com isso encontrei uma maneira de levar a rica cultura da minha comunidade quilombola para o mundo e trazer notícias do mundo para meu povo”, diz. O jovem de sorriso largo sonha fazer faculdade de jornalismo. E se depender do entusiasmo da família, Andrezão vai longe. “Minha mãe diz que eu estou muito chique, fotografando e escrevendo no jornal. Eles passaram a acreditar que é possível fazer algo diferente”, diz orgulhoso. Seu próximo projeto é escrever um livro sobre a cultura de seu povo. Alguém duvida?
[nggallery id=15567]


Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.