Esse negócio de brasileiros virem para Manhattan e saírem dizendo que gostam daqui por causa da segurança já me encheu os pacová. É só pintar uma câmera de televisão do Brasil na Times Square que o turista agarra o microfone e sai elogiando a paz e a tranquilidade de andar a qualquer hora em Nova York.
Isso, diga-se, em uma área que os verdadeiros nova-iorquinos evitam a qualquer custo. E justamente ali, um sujeito assaltou sexualmente uma decente mocinha, em pleno fim de tarde. A vítima até teve tempo de fazer o retrato do tarado com a câmera do celular. Até agora o criminoso não foi preso.
No metrô, que passa no subsolo, um sem-vergonha expôs seu órgão (que, na verdade, estava mais para uma gaita do que para órgão) para uma menina que ia da escola para casa na hora do rush. A destemida afrontada sacou o celular e filmou a tremenda bronca que deu no palhaço. Esse, é bom lembrar, está mais livre do que pênis em bombacha.
Saindo de Manhattan então, a coisa fica mais dura. No Queens, duas velhinhas – 80 e 77 anos de idade – foram violentadas por um brucutu que lhes aplicou tremendas surras e ainda levou o pouco dinheiro que as senhorinhas tinham. Tem vídeo do assaltante – mostrado à exaustão nas emissoras de TV -, mas nada de a polícia conseguir jogar o animal na jaula.
De setembro a novembro de 2011, mais de 20 estupros (ou tentativas de) foram registrados apenas em uma região de Park Slope, no Brooklyn. A ponto de a comunidade ter feito manifestações com centenas de participantes, organizado patrulhas para acompanhar mulheres à noite e promovido classes gratuitas de lutas marciais para possíveis vítimas. Como todas as ações nesta terra, as curras foram, pelo menos, gravadas por câmeras. Mas ninguém foi preso.
A primavera e o verão trouxeram paroxismo ao fenômeno chamado aqui de groping. Trata-se da brasileira “mão boba”, mas elevada a níveis de UFC – a luta livre do vale-tudo. O que teve de nádegas, pernas, genitálias, seios e outras partes agarradas e arroxeadas a beliscões não foi fácil. A maioria dos aficionados do apalpão tem verdadeiros portfólios de retratos feitos logo após ter cometido o ato. Estavam todos ainda com as mãos quentes, quando alguma câmera os imortalizou.
Isso tudo que relato diz respeito, como se lê, apenas aos crimes sexuais. Saiba também que 20% dos roubos e furtos ocorridos em 2011 envolveram aparelhos eletrônicos – de celulares a computadores. Foi a maior onda de crimes desse tipo de que se tem notícias. Os índices de homicídios – que a prefeitura e o FBI dizem diminuir a cada ano – omitem mortes bastante suspeitas que entram nas categorias de suicídio ou “causas naturais”.
Para os brazucas que acham que aqui a segurança é maravilhosa, sugiro um passeio em Bedford-Stuyvesant, no Brooklyn, ou na Webster Avenue, no Bronx. Mas vale o alerta: vão com ceroulas de lata.
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