Novas e velhas histórias

Cena de <i>Titanic</i>, agora em versão 3D

Titanic, filme que faturou 11 prêmios do Oscar, ganha versão 3D no ano em que o naufrágio do transatlântico completa 100 anos. O diretor James Cameron, após o sucesso de Avatar em 3D (também dirigido por ele), reuniu 300 artistas digitais para converter o filme original para a nova tecnologia, previsto para estrear neste mês de abril.

O longa conta o caso de amor proibido entre Rose (papel de Kate Winslet), uma jovem da alta sociedade prestes a se casar com um noivo rico, e Jack Dawson (papel de Leonardo DiCaprio), um jovem simples e aventureiro. Em meio ao intenso romance e à rebeldia do casal, acontece o acidente. Lançado em 1997, Titanic é o segundo maior sucesso de bilheteria da história do cinema, ficando atrás apenas de Avatar.

No divã

Obcecado pelo lado obscuro da natureza humana, o canadense David Cronenberg (diretor do clássico A Mosca e Crash – Estranhos Prazeres, entre outros) sempre imprimiu uma espécie de marca registrada. Não é diferente agora com Um Método Perigoso, já em cartaz nos cinemas. Nele, o diretor investiga a gênese da psicanálise pela trajetória de seus protagonistas: Sigmund Freud (papel de Viggo Mortensen) e Carl Gustav Jung (interpretado por Michael Fassbender).

Didático, Cronenberg se esforça para mostrar as diferenças sociais e teóricas entre Freud, judeu de família rica e para quem a repressão do desejo sexual seria a responsável por todas as neuroses, e Jung, ariano de origem modesta, interessado em temas como telepatia, parapsicologia e religião.

Embora opostos pelas ideias, os dois tiveram um curto relacionamento de mestre e pupilo, até que rompem relações – e aí segue a história do longa, excessivamente teórico e ligeiramente monótono. Deve agradar mais aos iniciados no assunto do que ao público em geral.

Índios do Xingu

Há mais de cinco anos em gestação, chega finalmente aos cinemas Xingu, novo filme de Cao Hamburger (diretor também de O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias). Operando por dualidades, Hamburger opõe brancos e índios, civilizados e primitivos, altruísmo e ambição numa densa floresta –ora benevolente, ora ameaçadora. O resultado, contudo, surpreende pela ausência de maniqueísmos e pelo equilíbrio entre registro histórico e ficção romantizada.

A síntese da dialética de Xingu reside no personagem de Leonardo (papel de Caio Blat), o Villas-Bôas mais novo e menos famoso que apaixonado por uma mulher indígena a engravida e é obrigado a deixar o projeto encabeçado por seus irmãos. Ele surge, na verdade, como uma espécie de fiel da balança entre Orlando e Cláudio (Felipe Camargo e João Miguel, respectivamente), o retrato humanizado do homem que, embora aventureiro e ciente de sua tarefa histórica, teme pelo destino da nova civilização descoberta, mas também pelo próprio.

Roteiro complexo, Xingu oferece um retrato do esforço humano e histórico da fundação da maior reserva indígena do mundo a partir das diferenças entre os irmãos Villas-Bôas e das difíceis manobras políticas necessárias à criação do Parque Nacional do Xingu.


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