Novo turno, velhas questões

Queridos, segunda-feira com gosto de ressaca, e das amargas. Nosso candidato não ganhou, mas fez uma campanha linda, forte, plantou para o futuro, vamos tocar o bonde. Estou surpreso com o resultado para a presidência, eu achava que nada tiraria a vitória de Dilma, quase não acreditei na confirmação do segundo turno. Teremos mais chão pela frente, uma campanha que se promete difícil, e potencialmente suja, um vale-tudo daqueles, mas vamos lá. Acho que Marta e Aloysio no Senado são uma conquista, tiraram de lá gente como Romeu Tuma, há muito acabado, não permitiram a volta de Quércia, e formam, com Eduardo Suplicy, um belo trio. O histórico do ex-casal para os homossexuais é belíssimo, sem dúvida uma conquista. A vitória de Jean Wyllis no Rio de Janeiro é bárbara, ao menos um  grande nome nós fizemos, já está se formando uma frente de trabalho. Por outro lado, o Rio de Janeiro elegeu o bispo Crivella, da Igreja Universal do Reino de Deus, sobrinho de Edir Macedo, certamente a base de ataque contra nós. Não poderíamos ganhar tudo, e temos um inimigo declarado e identificado. Acho que, agora, nenhum dos dois candidatos à presidência poderá fugir ao tema do casamento homossexual, do direito à adoção, enfim, acho que estaremos na pauta, vamos ver no que dará.

Tiririca é a cara do Brasil e seus eleitores o merecem. Não nós, que temos todo o direito de nos envergonhar dele e do que representa, mas, lamento, seus eleitores o merecem, e o terão por quatro anos. No passado, Clodovil e Paulo Maluf foram os campeões, também não tínhamos nenhuma razão de orgulho com eles. Quando lembro de Gal Costa cantando “Brasil, essa é a sua cara”, é a fenômenos desses que me refiro, e os vejo como inevitáveis.

E nós, faremos campanha para o segundo turno? Acho que não, a campanha se fará sozinha, podemos até participar, manter nomes e questões na mesa, mas são dois candidatos em um movimento imenso, não sei se teremos muito espaço. Eu tenho uma vida a tocar, meu trabalho a retomar, vou rezar e torcer, mas não mais me envolver tanto. Agora sim, a sorte continua lançada, o futuro a Deus pertence, etc.

Mais uma questão a nos orgulharmos é a eficiência de nosso processo eleitoral, que em poucas horas concluiu uma apuração de milhões de votos, sistemas eletrônicos funcionando, uma aula para países como Estados Unidos e Grã-Bretanha, que ainda estão na idade da cédula de papel. Fico orgulhoso. Teremos um mês de outubro emocionante, vamos acompanhar tudo de perto. Abraços do Cavalcanti.


Comentários

4 respostas para “Novo turno, velhas questões”

  1. Querido… Alê não ganhou, mas também mostrou que tem um pessoal que acredita no potencial dele. Por isso, é importante ele colher os frutos disso. Manter vivo o seu interesse político e tentar outras vezes. Só assim a gente muda as cartas marcadas.
    Beijo

  2. SJúnior,

    Cara, ratifico o que você disse!

    Fui mesário ontem e por tal função percebemos mais claramente os eleitores e concordo que uma grande maioria, evangélica, votou na Marina.

    Também atribuo os votos à ela, os indecisos, os revoltados e aqueles com pouca instrução ou alheios à política no país.

    Na minha seção, quando imprimimos o BU, observamos a vitória da onda verde; logo lembrei que na região em que moro em BH tem uma parcela grande de evangélicos…

    Ah, sem contar aqueles que tomam um PORRE no dia e vão voltar – talvez seja pela proibição. Brasileiro gosta do proibidio… rsss..

    Enfim, gostaria que a Dilma ganhasse, mão não deu, aguardemos.

    Dia 31 estarei lá novamente prestando meu papel à democracia (como mesário e eleitor).

    Abraço!

    Lou,

    Saudades, viu.

    Gus
    de BH

  3. Citei Heloisa Helena no Rio, porque ela teve nesse estado uma melhor votação em relação ao restante do Brasil e um dos fatores apontados foi o fato dela ser evangélica, mesmo sendo do PSOL.

  4. Dilma não venceu logo no 1º turno, devido aos votos dos evangélicos em Marina.

    Basta olhar a votação da Marina no Rio… Lembram da Heloisa Helena que tmb teve uma boa votação [em menor proporção é claro!!!] no Rio em 2006?

    Outro fato tmb, foi o apoio descarado da Igreja Católica ao Serra.

    A baixaria dos boatos falsos sobre Dilma X Jesus Cristo. Aborto. União Civil dos gays etc.

    Foi a ONDA VERDE da Marina.

    Para mim, essa onda foi uma pequena amostra da força nefasta do voto preconceituoso dos ditos religiosos.

    Sou gay e odeio a mistura de religião com política, pois quem sai perdendo somos nós.

    O Estado brasileiro para ser justo tem que ser verdadeiramente LAICO.

    Bom dia.

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