Ainda estou sob o impacto do movimento que tomou o País ontem. Participei de parte dele em São Paulo, no ato que partiu do Largo da Batata, na zona oeste, ontem à tarde. O clima foi totalmente diferente do ocorrido na última quinta, quando a polícia pegou pesado nas Ruas da Consolação e Augusta, e Avenida Paulista, quando acabei encurralada com outros manifestantes numa das travessas da Consolação. Ontem, os poucos policiais que acompanharam o ato se posicionaram nas bordas da Avenida Faria Lima, em pequenos grupos. Alguns estavam desarmados. A atmosfera era totalmente outra, pacífica e jovem, embora muitos adultos tenham engrossado o coro.
O Movimento Passe Livre (MPL) conseguiu mobilizar uma multidão. Se a questão eram os 20 centavos ou o passe livre, a reivindicação ganhou uma força enorme. Reclama-se de tudo: da tarifa de ônibus, da péssima qualidade do transporte público, da educação, da saúde, da violência, da Copa do Mundo, da grande imprensa – essa, muito malhada. O jornalista Caco Barcelos foi hostilizado por portar o crachá da Rede Globo. Injusto. Caco é um dos jornalistas mais decentes no exercício dessa profissão, que também passa por grandes mudanças. As redes sociais transformaram o monopólio da informação.
Assisti também a parte do Roda Viva de ontem, em que Lucas Monteiro e Nina Campello, líderes do MPL, deram um show de desenvoltura e clareza do movimento, deixando os jornalistas da bancada embasbacados. Para eles, apesar de o movimento ter ganhado energia, o foco continua sendo a revogação da tarifa do transporte paulistano.
Mas a panela de pressão estourou. As manifestações pipocam pelo País. E tudo indica, a exemplo do que o MPL vem provocando, que a maneira de fazer política está mudando.
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