Nesse exato momento, é possível que ele esteja correndo pela lateral esquerda de um campo na Alemanha, num ataque a um time de escritores tedescos. Ele para, ginga com a bola em frente ao marcador, levanta a cabeça, olha para a área adversária e analisa suas opções:
1) fazer um cruzamento na cabeça do centroavante, que marca;
2) driblar três e, de cavadinha, encobrir o goleiro para delírio da galera.
O item dois é sua prioridade.
Antonio Prata é um dos escalados para o escrete canarinho de autores na Feira do Livro de Frankfurt, em que o Brasil é o país homenageado. O lance acima pode ter acontecido (até o fechamento desta edição, o jogo não tinha acabado), mas a julgar pelo cenário de seus pesadelos, é pouco provável: “Fecho o olho no travesseiro e me vejo errando o pênalti. Está tenso o negócio”.
Aos 36 anos, ele pode não ser um craque da bola, mas já mostrou talento de sobra no campo das palavras. Tem mais de dez livros lançados e uma coluna dominical na Folha de S. Paulo, bastante lida e compartilhada na internet. Seu ritmo de produção, pautado pelo gênero que adotou, a crônica, é rápido e constante. Mas ainda que seus textos tenham muito de sua fala natural, bem articulada, espirituosa, mexe obsessivamente em cada frase – sofre, como todo bom escritor. Sabe que a leveza, a concisão e o adjetivo na medida exigem suor. Como no gramado.
Nu, de Botas sai agora pela Companhia das Letras. É talvez seu melhor livro e o mais autoral, em que pese a ambiguidade do termo. São histórias baseadas em sua infância, em um período que vai de 1 ano e pouco de idade aos 10. Com passagens “literárias” e outras de chorar de rir, não é ficção, memória, crônica e tampouco romance. Está num meio caminho, como ele mesmo explica. Pai de primeira viagem, Antonio anda com a bela Olivia no colo e já se prepara para nova empreitada: um seriado para a Globo.
A seguir, trechos da conversa que tivemos em sua casa, na Granja Viana, em Cotia (SP), observados pela cabeça inflável de um alce na parede e uma série de poemas concretistas emoldurados.
Brasileiros – Como seus pais influenciaram na sua formação de escritor?
Antonio Prata – É difícil falar em influência, quando você está falando dos seus pais, é muito maior que influência. Meu pai (o escritor Mario Prata, colunista da Brasileiros) não é alguém que me influenciou estilisticamente; ele me ensinou a falar, a andar. Acho que saber que existia essa possibilidade da escrita como profissão foi o mais importante.
Brasileiros – Você lembra o momento em que pensou ser escritor?
A.P. – Eu me lembro do primeiro texto que escrevi, que não era para a escola. Era um texto sobre a vila em que eu morava e ia ser demolida para estenderem a Avenida Faria Lima. Tinha 14 anos. O tom era meio melodramático, falava sobre como o progresso destrói coisas belas, e dei para a minha mãe (Marta Góes, jornalista e escritora) e minha irmã lerem. Quando voltei, elas estavam chorando. Fiquei muito impressionado com a possibilidade de fazer mulheres chorarem com alguma coisa que eu escrevi.
Brasileiros – Você guardou esse texto?
A.P. – Dei para uma menina do primeiro colegial, que eu era a fim, e ela perdeu. É isso que é a vida e o que as mulheres fazem com a gente.
Brasileiros – O que tem de memória e ficção em Nu, de Botas?
A.P. – Não dá para chamar de outra coisa senão de ficção qualquer coisa que seja baseada na sua memória de 2, 4 anos de idade. Tem várias coisas que eu lembro, mas tem outras que mudei porque a história foi pedindo. Às vezes, a estrutura é uma lembrança verdadeira, mas toda massa corrida, tijolo, fiação é ficcional. Algumas histórias não desenvolvi porque não tinham graça. Nós damos muito valor às nossas memórias, mas às vezes elas não têm nenhum interesse. Lembro quando eu era bem pequenininho, em uma fazenda, e nós entramos na roda de um trator. Pode ser uma memória valiosíssima para mim, mas foda-se, e daí que entrei em uma roda de trator? Não tem graça isso. Então, fui vendo as histórias que tinham algum interesse; alguma coisa com começo, meio e fim. O diálogo com o meu pai no posto de gasolina sobre a morte eu inventei, por exemplo.
Brasileiros – Seu pai era direto assim com tudo?
A.P. – Bem, ele falava essas coisas de verdade. Uma vez, perguntei para ele o que era ditadura. Eu tinha só 8 anos. Uma hora depois, estava aos prantos porque ele tinha me contado todas as técnicas de tortura do DOI-CODI. Eu me lembro da minha mãe tentando me consolar: “Antonio, a maioria das pessoas está viva”. E eu gritava assim: “Mas a tia Madalena perdeu o útero por causa do fio desencapado!”. Minha mãe era mais sábia nesse ponto.
Brasileiros – Como você define seu livro? De contos?
A.P. – Acho que são histórias. Elas têm uma abertura que o conto não tem, o conto já é mais fechado em si. Também não é uma coisa memorialística por que tem muita ficção. É uma misturinha de histórias. Tem um tipo de texto que os americanos fazem e eles chamam de ensaio, que eu acho que tem alguma proximidade com o que faço. David Foster Wallace, John Jeremiah Sullivan, aquele inglês…
Brasileiros – Geoff Dyer?
A.P. – Isso! Ele é maravilhoso, acho que se parece um pouco com David Sedaris, que também é sensacional. Mas esse negócio que eles chamam de ensaio não tem absolutamente nada a ver com o que é um ensaio no Brasil. Um ensaio aqui é uma coisa acadêmica com nota de rodapé e citações. Lá não, lá é uma crônica grande, tem mais essa coisa de metalinguística, de ficar se referindo à própria experiência. Sullivan falou que ele considera as coisas que escreve ficção, por mais que sejam ensaios baseados em experiências reais. Eu tenho essa mesma posição sobre a crônica: toda crônica é ficção. Só porque ela é narrada em primeira pessoa, as pessoas acham que não é. Acham que é o autor que está vivendo aquilo e me perguntam: “Você se separou? Morreu alguém? Por que você escreveu aquilo?”. Faz parte da crônica fingir que é verdade, isso é uma qualidade da ficção.
Brasileiros – Ao terminar Nu, de Botas, dá vontade de ler a continuação.
A.P. – Sabe que pensei nisso? Mas não sei se faço várias historinhas como essas ou se faço uma história só. Tem uma que eu queria contar, a que repeti o primeiro colegial. Tenho vontade de continuar esse mesmo caminho e também de fazer coisas mais longas, como os livros do David Foster Wallace e John Jeremiah Sullivan que, na verdade, são grandes reportagens. A diferença é que eles foram bem pagos por revistas e ficaram meses fazendo, aqui nós não temos livros assim porque reportagem você tem de fazer em uma semana, por R$ 800.
Brasileiros – Você tem essa preocupação com o estilo, de não repetir palavra, por exemplo?
A.P. – Tenho, isso é o mínimo da profissão. O médico precisa lavar a mão porque não pode contaminar o paciente com seus germes, mas, por mais que o médico lave as mãos e revisemos 130 vezes o que escrevemos, acaba passando algum erro. Ontem, li a prova já paginada do livro, e a revisora vai receber um telefonema daqui a pouco. Vai ficar puta comigo porque vou querer mexer em um monte de coisas que era para eu ter mexido muito antes.
Brasileiros – Você passou pela fase de escrever poesia?
A.P. – Acho que não dá nem para chamar de fase, escrevi uns dois poemas e eram horríveis. Eu não lia poesia na adolescência. Tinha uma burrice localizada, não entendia a poesia, lia aquelas coisas e pensava: “Que porra é essa?”. Fui gostar de poesia com 20 anos. Hoje gosto muito.
Brasileiros – E quando começou a escrever pra valer?
A.P. – Comecei a escrever uns contos e crônicas por minha conta, porque gostava, e depois, já no colegial, comecei a trocar textos com amigos. Fui estudar no Equipe e conheci Paulo Werneck, Chico Mattoso e nós começamos a escrever coisas juntos. Fizemos uma revista quando tínhamos 19 anos, chamada Emplastro Poroso, e eu conheci Sergio Cohn (poeta e editor da Azougue). E o Sérgio era o meu herói literário, ele fazia uma revista de poesia, conhecia vários escritores.
Brasileiros – Na crônica, você tem um limite de tamanho, mas uma história, um conto, não tem tamanho certo. É difícil saber onde colocar o ponto final?
A.P. – O final é difícil quando o texto está mal desenvolvido. Quando texto está bem desenvolvido, o final chega bem porque a história realmente acaba. Claro que na minúcia tem de mexer, o Flávio Moura (editor do livro), viu um desses parágrafos em que o texto já morreu e não sabe, e pediu para cortar. Era um parágrafo que falava: “Já fui encontrar de novo a sensação dessa magia”. Era um pouco piegas. Você precisa terminar quando o texto está quente, senão vai perdendo a energia.
Brasileiros – É curioso, porque você consegue ter um estilo “literário” sem o peso da literatura.
A.P. – Tem uma coisa que acho que é do meu pai, e eu acho bacana, que é não ter muita reverência pela literatura. Isso me ajudou a não achar que a literatura é uma senhora perto da qual não se devem falar palavrões e deve ser muito respeitada. Isso atrapalha as pessoas, até impede que escrevam. A literatura é uma forma de manifestação como outra qualquer, você não deve colocar luvas para escrever. E as pessoas confundem dificuldade com qualidade. Muitas vezes, é mais cômodo escrever uma coisa com uma linguagem truncada e obscura, com 18 narradores não lineares, frases fragmentadas e citações. As pessoas ficam muito inseguras quando não entendem, acham que são burras e não que aquilo é ruim. Tudo bem, muitas vezes você não entende, como era o meu caso com a poesia, mas na maioria das vezes foi o escritor que não soube fazer o seu trabalho, que é escrever aquilo com clareza. Às vezes, o difícil é um escudo. Eu estava tentando escrever um romance, e um escritor me perguntou com muito desprezo: “Tem uma história ou é uma coisa circular, fragmentada?”. Temos muito desprezo por histórias com começo, meio e fim. Ninguém quer construir casa, todo mundo quer fazer instalação. Gosto de casa, acho legal ponte, túnel, essas coisas da engenharia literária. Também gosto de instalação, acho que tem coisas maravilhosas que são ousadias formais, mas tem esse desprezo no Brasil pela coisa feita com clareza. Quero ser lido, quero a glória, quero respeito, quero milhões de dólares, mas quero com compreensão, e não sem.
Brasileiros – O romance que você estava tentando escrever é aquele épico em Xangai, para a coleção Amores Expressos? Por que não deu certo?
A.P. – Segui o conselho de alguns escritores que eu tinha lido, que é: “Crie o personagem e siga-o”. E foi o que fiz, só que descobri no final de 200 páginas que o meu personagem não sabia contar uma história. Foi uma experiência legal, aprendi muita coisa no processo, me deu músculo, só que não ficou bom. Não era muito a minha linguagem, se eu trabalhasse bastante dava para ficar um livro médio de outro escritor. Foi engraçado porque criei o personagem na Revolução Cultural e depois comecei a falar dos pais dele na guerra civil chinesa, mais adiante decidi falar dos avós dele em 1904, e então resolvi falar das bisavós dele na época dos ingleses no século 19, e aí fui indo e descobri que eu tinha escrito 90 páginas de um livro em marcha ré. Não satisfeito, resolvi criar outra personagem, uma ativista de esquerda brasileira, de 20 e poucos anos, durante os anos 1960, que ia fazer uma viagem para a China, encantada com o maoismo, e ela conhecia esse cara que estava fugindo da polícia e dos revolucionários porque era filho de empresário. No final, ela o salvava e tirava ele da China em um cargueiro polonês. Mas aí fui contar a história dos pais dela também, que eram exilados chilenos, e acabei em uma tribo de índios charrua do Rio Grande do Sul, de onde tinha vindo o tataravô dela. Essa saga precisava ter 800 páginas e também não fazia sentido. Descobri que esses índios amarravam cacos de vidros em árvores, tinham barba e andavam a cavalo. A ideia é ótima, mas não ficou boa a escrita. Eu atirava para milhares de lugares ao mesmo tempo. Fiquei dois anos pesquisando. Só o capitão do cargueiro polonês levou umas 30 páginas!
Brasileiros – Mas, no final das contas, o livro vai sair?
A.P. – Alguma coisa tem de sair porque eu me dediquei, eles me pagaram e dei a minha palavra. Quero publicar.
Brasileiros – Você tem rituais para escrever?
A.P. – Tenho preferências, posso escrever em qualquer lugar, desde que tenha silêncio. Escrevo direto no computador, eu acharia impossível escrever a mão. Escrevo do jeito que vem na cabeça, aí vou mexendo, colando, recortando, é uma coisa de Lego. Geralmente, é a primeira coisa que faço no dia, acordar e escrever, quando estou com a cabeça mais descansada. Se acordo e preciso ir na Leroy Merlin comprar mão francesa, fica difícil escrever, tenho de arrastar pedra.
Brasileiros – Dá para viver exclusivamente como escritor?
A.P. – Agora estou tranquilo porque trabalho na Globo faz três anos e minha principal fonte de renda é de lá. Tenho um emprego, coisa que, para o escritor, é fenomenal. Férias remuneradas! Entrei como colaborador. Primeiro trabalhei com meu pai na novela Bang Bang e então João Emanuel Carneiro me chamou para fazer Avenida Brasil. Quando acabou a novela, eles me contrataram, sou roteirista da casa.
Brasileiros – E como é o trabalho de escrever para a TV?
A.P. – Tenho um resumo do capítulo e o que eu faço é inflar aquela cena e criar os diálogos. Dou forma e graça a algo que já está bem apontado pelo autor principal. São peças para encaixar numa máquina. Nessa engrenagem, não adianta eu entregar um parafuso quando me pediram uma porca, não vai entrar. É uma coisa muito específica. Agora estou fazendo um episódio de um seriado e aí é tudo meu mesmo. É a O2 que está fazendo para a Globo, chama Os Experientes. Tem a ver com assalto a banco e uma ex-guerrilheira. Só vai para o ar em janeiro. Tive muita liberdade porque é uma coisa terceirizada, o raio cai na cabeça do Fernando Meirelles (cineasta, dono da O2), não na minha, e ele tem bala para bancar.
Brasileiros – Você é usuário de internet, redes sociais?
A.P. – Não. É quase um cigarro, eu tenho uma sensação ruim, entro, mas não queria entrar. Tanta coisa para fazer, para ler e assistir e estou aqui vendo as fotos dessa pessoa que estudou comigo na quinta série…
Brasileiros – E e-book?
A.P. – Acho sensacional, vou viajar e está ali o Kindle, tem até marca de copo em cima. Semana passada, baixei 50 peças de teatro americano por US$ 6.
Brasileiros – Você acompanha os lançamentos?
A.P. – Leio alguns autores, mas não acompanho. Nunca li Proust, e se eu for ler todos os livros do Galera, do Michel Laub, do Ricardo Lísias, do Joca Terron, pessoas que eu admiro e gosto, só vou ler eles. Não dá para tratar a Literatura como notícia e achar que você precisa estar atualizado. Estar atualizado com a Literatura é ter lido Mil e Uma Noites, a Bíblia, Cervantes, Shakespeare, a atualização da literatura é para trás. Não dá para ficar achando que o que está acontecendo aqui na superfície é o mais importante.
Brasileiros – Sente aflição por não ter lido Proust? Você acha que está devendo?
A.P. – Claro, o tempo inteiro. Não dá para ler tudo. E tem agora essa porcaria de seriado de televisão para competir com tudo, ou seja, além de tudo tenho que ver Mad Man, Sopranos, Six Feet Under. E eu piro, acho maravilhoso. Das coisas que mais quero fazer atualmente na vida é um seriado.
Brasileiros – O que você acha dos seriados nacionais?
A.P. – Ainda não temos know-how e, principalmente, não temos estrutura para fazer isso porque esses seriados são escritos por 14 pessoas cada um, e com um ano para fazer cada temporada. Aqui temos uma pessoa ou três para fazer três episódios para novembro. Não dá para ficar bom um negócio desses, ridículo. Lá tem uma sala onde os caras se encontram durante oito meses, discutem a história. Sopranos é o melhor de todos. Breaking Bad é maravilhoso, Mad Man é muito bom também. As coisas de comédia também são maravilhosas, Seinfeld, Friends. Agora sabe o que é muito reconfortante para quem quer trabalhar com isso? Todos esses produtos são feitos por gente velha, não é uma coisa de garotada. São pessoas que têm muita experiência em televisão, que se educaram nas coisas mais trashs e aprenderam a fazer muito bem o feijão com arroz, de contar história, criar suspense, costurar quatro tramas que se entrelaçam.
Brasileiros – Para fazer o livro sobre a infância, o fato de você ter engravidado ou pensar em engravidar teve alguma influência?
A.P. – Não, o livro já estava quase pronto quando nós engravidamos. Teve uma feliz coincidência sim, porque agora leio esses textos com outro olhar, já olho pensando na minha filha. Eu ficava muito puto com o meu pai quando ele escrevia crônicas sobre mim, se largava a faculdade ele escrevia no jornal e pessoas que eu nem conhecia vinham me perguntar por que larguei a faculdade. “Vai tomar no cu, eu não te conheço”, pensava, mas na verdade a culpa era do meu pai, não da pessoa. No começo falei: “Vou preservar a Olivia”. Mas não dá para ter um tema tão incrível na mão e não falar. Estou tentando não escrever nada que possa ser usado contra ela.
Brasileiros – Lendo Nu, de Botas dá para ver que seus pais e seu padrasto têm um jeito muito divertido de criar os filhos.
A.P. – Tinha uma coisa engraçada, que está muito no livro, umas trapalhadas, que era essa coisa meio hippie, de tentar educar os filhos com certos valores, que 90% dos casos era muito bacana, mas 10% não dava. Como contar para três crianças de 4, 5 e 6 anos que a Julieta se matou tomando veneno, e o Romeu enfiou a faca na barriga? E tinha também aquela sacola de palha, cabelo meio hippie, eu odiava aquilo.
Brasileiros – O que lia na infância e adolescência?
A.P. – Li um monte de coisas, primeiro era Cascão, Cebolinha e Mônica. Eu lembro que meu pai pegava a gente sexta-feira em casa e a primeira coisa que fazíamos era parar em uma banca. A gente olhava aquele monte de revistinhas e pegava, era a leitura do fim de semana. Eu lia Asterix, gostava muito de Tintin. E depois comecei a ler As Caçadas de Pedrinho, Monteiro Lobato. Lembro também dos livros de João Carlos Marinho, Sangue Fresco, O Gênio do Crime, O Livro de Berenice.
Brasileiros – E como está a preparação para o jogo entre a seleção de escritores alemães e a nossa, na Feira de Frankfurt?
A.P. – Cara, estou nervoso, está sendo muito mequetrefe, a gente teve um treino só até agora. Eu não sei se sou capaz de sobreviver a dois tempos de 45. Mas o time é bom, sou o segundo pior, de 16. Estou com medo. Penso várias vezes, fecho o olho no travesseiro e me vejo errando o pênalti. O goleiro manda a bola para mim, vem dois alemães, eles roubam a bola e fazem o gol, vejo as pessoas olhando para mim, como se eu fosse culpado pela derrota. Está tenso o negócio.
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