O adeus da irreverência no futebol

Hoje, 28 de março, é dia de festa para o torcedor vascaíno, brasileiro e para todos os que são apaixonados pelo futebol. Vasco resolveu se despedir direito de um dos maiores jogadores de sua história, Edmundo. Para os íntimos, Animal!

A partida amistosa será em São Januário, estádio onde viveu suas maiores glórias, contra o Barcelona do Equador, mesmo adversário da final do único título da Libertadores para o time cruz-maltino em 1998, que, segundo o próprio Edmundo, 40 anos, lamenta não ter participado.

Mesmo sem pisar nos gramados desde 2008, quando fez sua última partida oficial, o ex-atacante e agora comentarista mantém forma física de causar inveja a muito camisa 10 dos grandes clubes da atualidade. E nada mais justo que uma despedida com classe, já que em sua última partida oficial como profissional, viu seu time do coração, o Vasco, ser rebaixado para a série B do Campeonato Brasileiro.

A homenagem é mais do que merecida principalmente pelo fato de Edmundo ser o último dos moicanos daquele grupo de personagens folclóricos do futebol brasileiro, de personalidade, que, dentro ou fora dos gramados, nunca se escondeu. Com a bola nos pés, protagonizou algumas obras-primas, foi artilheiro disparado do Brasileirão em 1997, com direito a recorde de gols em uma mesma partida, 6 na vitória de 6 a 0 contra o União São João.

Já rebolou com a bola nos pés em frente a seu marcador, já chamou Viola para o drible em um Palmeiras contra Corinthians, já bateu, já apanhou… Edmundo podia ser chamado de qualquer coisa, menos de uma “pessoa com personalidade fraca”. Era prato cheio para os repórteres. Aquela história de “vou dar 100% e vamos torcer pelo resultado positivo” ou “o professor sabe o que faz e é ele quem escala o time” não existia com ele, e ai de quem ousa-se colocá-lo para esquentar o banco.

Apesar de ser um craque incontestável, nunca se firmou no futebol europeu. Hoje ele mesmo lamenta a falta de disciplina com a qual encarou suas oportunidades. Na melhor delas, Edmundo foi dupla de ataque de Batistuta na fortíssima Fiorentina de 1998 e até teve bom desempenho, mas jogou tudo para o alto quando abandonou seus companheiros em plena reta final do campeonato italiano para pular carnaval no Rio de Janeiro, compromisso que ele não dispensava (e ainda não dispensa) de jeito nenhum.

Edmundo viveu o pior momento de sua vida em 1995, quando se envolveu em acidente de carro no Rio de Janeiro que acabou na morte de três pessoas. Ele não responde mais a processo. Nessa época, pediu para que não se referissem mais a ele como “O Animal”, o apelido estava sendo usado com uma conotação negativa. O criador se confundiu com sua criação.

O fato é que, além de um craque, hoje se despede um estilo de jogador que já foi maioria no futebol brasileiro, o marrento, encrenqueiro, carismático, festeiro. O jogador dos 1001 adjetivos, o jogador da torcida. Edmundo foi amado por muitos e odiado por outros tantos. Indiferente a ele, impossível.


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