A maior goleada da Copa foi aplicada pela própria Copa. O espetáculo contagiante de gente alegre, cheio de cores, de emoção e de gols calou a torcida do contra e derrotou a burrice e o baixo astral.
Enfim, fez-se o silêncio na arquibancada dos chatos. Não se ouve mais “não vai ter Copa”. Nem aquele agourento “olha que os aeroportos não vão ficar prontos”. Quem passou pelo aeroporto de Brasília ou pelo Terminal 3 de Cumbica, sabe disso.
Foi também de lavada a vitória em cima daquela imprensa que não economizou tinta e caracteres para urubuzar. Nas bancas e nas mídias sociais, puxaram tudo para baixo e tentaram reforçar o complexo de vira-latas, felizmente em vão. Incansáveis em sua campanha contra Copa, contra Dilma, contra PT, contra o Brasil, como se a Copa fosse do PT e um fiasco derrubasse as chances de reeleição. E como se uma coisa não pudesse ser uma coisa e a outra coisa não pudesse ser outra coisa. Quer bater no PT, bate no PT, mas para fazer isso e para livrar a cara do PSDB, acabaram emporcalhando todo o País, inclusive seus próprios quintais, suas próprias redações, e seus jornalistas e blogueiros, atingidos pelos petardos que vieram da culatra.
A alegria das torcidas, que encheram os estádios, passaram pelos nossos aeroportos e desfrutaram do País, mostrou que os profetas do apocalipse caíram de seus cavalos. Os que estavam na garupa também se deram mal, caso dos tabloides ingleses, que antes da Copa alertavam para o risco de escorpiões e o The New York Times que em sua primeira página apregoou o fim das ambições brasileiras devido ao atraso nas obras.
Quem se declarou envergonhado com o Brasil pelas dificuldades em terminar as obras, caso de Ronaldo Nazário, dito Fenômeno, voltou atrás diante do sucesso do evento. Também quem embarcou no clima ruim, como Mariliz Pereira Jorge, colunista da Folha. Ela publicou A Copa dos Arrependidos, e lá declara: “Broxei junto com o clima anti-copa e não fiz nada para participar dela. (…)Tem gente que está preocupada se o Brasil vai ganhar, eu só quero me divertir. Está sendo a Copa das Copas”.
A diversão foi mesmo geral. Como a do torcedor uruguaio, que entrevistado antes de uma partida da sua Seleção, falou ao repórter que independentemente do resultado do jogo, importava mesmo é que ele veio ao Brasil e aqui estava se divertindo muito.
O atacante italiano Mario Balotelli voltou cedo para casa e deixou uma bela mensagem de despedida: “Valeu Brasil! A Copa não foi ótima para mim, mas estar com vocês foi nota 10! Os brasileiros estão no meu coração e deixam saudades… Vai SELEÇÃO”.
Mas nem tudo foi alegria. Além de triste e constrangedora a baixaria cometida contra a presidenta da República na cerimônia de abertura em São Paulo, repercutiu muito mal, uma grosseria produzida por “paulistanos endinheirados”, segundo a revista inglesa The Economist.
Ainda na cerimônia de abertura, destoante também a desatenção e o desrespeito, para dizer o mínimo, cometidos com o Projeto Walk Again, do professor Miguel Nicolelis. Dos já ridiculamente pífios 29 segundos reservados pela FIFA para que Juliano Pinto, o voluntário paraplégico, vestindo o exoesqueleto comandado por seu cérebro, desse o pontapé inicial, só 7 segundos foram transmitidos para o mundo. Um feito cuja dimensão e importância o tempo vai reconhecer e a humanidade usufruir. Os 7 segundos acabaram sendo o fruto simbólico do trabalho insano e ininterrupto, que continuará sendo feito por Nicolelis e sua equipe. Assim como deve ser também a batalha para transformar o Brasil em um País cada vez melhor.
A abertura da matéria de capa desta edição traz uma imagem feita pelo fotógrafo Ricardo Stuckert, do Fotos Públicas. Na belíssima foto, um torcedor veste a camisa de Garrincha, a de número 7, mesmo número das camisas de Zagallo, Jairzinho, Bebeto e também de Adriano e Lucas. Hoje, 7 é a camisa do Hulk.
E foi no 7o mês de 2007 que a Brasileiros foi para as bancas pela primeira vez. Aproveitamos este momento para dividir com você, nosso leitor, a alegria pelos nossos 7 anos de vida. Apesar da perplexidade pelos 7 gols que tomamos da Alemanha. Vamos em frente!
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