Queridos, o caderno Folhateen de hoje traz uma matéria sobre filhos cujos pais saíram do armário, contando-lhes que eram gays quando eles já tinham certa idade. Fácil? Lógico que não, essa não é uma questão fácil para ninguém, principalmente para jovens, que ainda não formaram suas personalidades. É preciso tomar cuidado para não cair na armadilha dos estereótipos, nem nas generalizações preconceituosas, dizendo que todos os jovens reagirão dessa forma ou de outra e, finalmente, trazer para os já carregados ombros dos gays mais esse ônus e culpa. Atentem para o fato de que estamos falando de jovens que descobrem a homossexualidade do pai ou da mãe, quando já contam com certa idade. Crianças adotadas por homossexuais já crescem com essa realidade, e são preparados desde cedo para enfrentar os desafios que a questão lhes trará. Trata-se de um processo de Edith Modesto ao contrário. Refiro-me ao livro que discorre sobre o sofrimento de certos pais quando ficam sabendo que os filhos são homossexuais, e então “vivem um luto”, por verem frustrados os seus sonhos de vida para o filho, etc. Já escrevi sobre isso.
A questão agora é a inversa. Não acho que nenhum pai esteja proibido de assumir sua homossexualidade, e ser feliz, unicamente em função de seus filhos. Pai infeliz, principalmente por conta de uma limitação imposta pelos filhos, vai acabar tornando-os infelizes, a conta virá, cedo ou tarde. Sair do armário sempre é difícil. Se há filhos na história deve-se ter, sim, uma atenção especial para com eles. Uma busca de apoio profissional, psicológico, pode ser necessária, coisa que qualquer pai homossexual razoavelmente equilibrado deve prever.
Na verdade, penso eu, não existem regras rígidas, iguais para todos. Ainda mais nos dias de hoje, quando as novas gerações veem a homossexualidade com outros olhos, as coisas tendem a ser mais fáceis. Eu resumiria da seguinte forma: pais equilibrados, que amam seus filhos, geram filhos equilibrados e felizes, a sexualidade de qualquer um deles será bem trabalhada. Quanto aos manuais de regras, tipo “manual do proprietário”, esses nunca funcionam. Abraços do Cavalcanti.
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