O bafon do bafômetro

O gigante e o aprendizMeus caros, entre vários relatos da Virada Cultural, a qual confesso que não fui por razões de saúde. Vários amigos foram e adoraram esta ou aquela atração, apenas dos pesares de sempre, ou seja, multidão, cheiro de urina e gente bêbada caindo pelos cantos. Quando se fala de uma multidão de cerca de 4 milhões de pessoas, é coisa normal, fiquei triste por perder Rita Lee e Paulinho da Viola. Aqueles que viram o RPM, com sua formação original, tocando um repertório que fez parte de minha vida, amaram, invejo-os, o bom humor geral tornou-os indulgentes até mesmo para com os problemas técnicos, como a quebra do telão, que praticamente impediu a visão durante parte do show, ou o som baixo. Coisas da vida. No mais, o Vôlei Futuro perdeu a batalha, mas estava de honra lavada, ninguém fez feio, Michael continua sendo bárbaro.

Bêbado sem perdão, se me permitem uma suposição confessamente maldosa, foi o senador Aécio Neves, estrela de grande plumagem do PSDB, reservado pelo partido como joia rara para futuras eleições presidenciais, e que foi pego por uma mera blitz de trânsito, dirigindo com a carteira de habilitação vencida, e que se recusou a fazer o exame do bafômetro, jogando-se em um táxi, e fugindo rapidamente para casa. Primeiramente, nota 10 para os policiais cariocas, que não se deixaram intimidar por nenhuma carteira do parlamentar, deveriam saber muito bem com quem estavam falando e não deixaram barato. Teria sido coisa armada? Pelo sim, pelo não, ele caiu feito pato, não como tucano.

No país do “Sabe com quem está falando”, ele soube ser discreto, ou talvez tenha tido o feeling de que, em plena armadilha, melhor sair como saiu, de táxi e cabeça baixa. Quem age assim fica desobrigado a fazer o exame do bafômetro? Não precisa ter cursado o primeiro ano do curso de Direito para saber que não, pois o exame visa saber se o motorista estava embriagado antes de ser parado. O Senador deveria estar um ou outro drink além da conta, soube fugir da reta, a lei tipifica essa conduta, ao estipular a aplicação da pena máxima para o caso, pois então se supõe a embriaguez. Carteira vencida passa por mera distração, mas embriaguez não.

Gosto muito de Aécio, e não apenas por ele ser bonitão. Ele seria meu candidato em quaisquer das eleições encabeçadas por José Serra, acho que ele teria se saído melhor. Lembro-me dele nos dias que se seguiram à internação de seu avô, em 1985, agindo impulsiva e tragicamente ao interromper o porta-voz oficial, Antônio Brito, em manifestação pública. Tancredo, seu avô, foi um dos maiores homens da história política brasileira. Algum foi, ou é, melhor  que Dilma, só a história nos dirá, espero estar aqui para testemunhar. Abraços do Cavalcanti.


Comentários

7 respostas para “O bafon do bafômetro”

  1. Desses assuntos você deve entender muito bem.Ainda bem que nunca teve blitz para você.

    1. Mauricio, entendo sim, já escrevi muito nesse blog sobre meus problemas com o álcool, e não dirijo há muito tempo. Esse exemplo eu posso dar, embora não seja um homem público, nem aspire a nada disso. Que venham as blitzes! Obrigado pelo comentário!
      Abraço do Lourenço

  2. O velho e bom Lourenço sempre arrasa…

    Até nas respostas certeiras a alguns desavisados!

    Adoooro!

  3. Sou assíduo leitor, e fã da maneira que aborda temas “não-cor-de-rosa” no blog.

    Enfim… Vim aqui comentar mesmo a fim de declarar que o título desta postagem é delicioso, o melhor título que li por estas andanças.
    Parabéns.

    PS: A elegância ao responder o comentário de “Thiago de Castro” é a cereja do bolo deste seu texto.

    1. Giuliano, agradeço os elogios, e te lembro que tudo aqui é sempre pautado pela ironia e bom humor. Vamkos vir do mundo à nossa volta – fica mais leve assim.
      Obrigado pelo comentário,
      Lourenço

  4. Avatar de Thiago de Castro
    Thiago de Castro

    Que redigiu a matéria não sabe realmente do fato, e ainda quer expressar opnião…
    Tenho dó!
    Ele não saiu de TAXI..
    Procure se informar melhor!

    1. De fato, mudando completamente o contexto, e salvando a reputação do mencionado senador, ele não saiu de taxi, apenas entregou a direção de seu proprio veículo a um taxista devidamente habilitado. Mudou tudo?
      Abs
      Lourenço

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