Meus caros, ele é bonitão, impõe-se com seu porte adônico, e rosto que lembra Marlon Brando. Astro de televisão e teatro, sabe atuar bem, e cantar melhor ainda, mantendo uma presença de palco quase magnética. Já o vi como um dos deliciosos personagens de Nelson Rodrigues, em Toda Nudez Será Castigada, além de o próprio Henry Higgins, em Minha Cara Senhora, e acabo de ser novamente seduzido pelo moço na pele de Perón, em Evita. Sou suspeitíssimo, pois já fui para gostar: dele e do musical. Já falei de ambos aqui, diga-se. Daniel arrasou, e a montagem está muito bonita. Já quanto aos demais, não dá para usar muitos adjetivos. Paula Capovilla é melhor como a Evita doente do que como a personagem do início do show, fiquei com medo que lhe faltasse ar em certos momentos, o que não chegou a acontecer. Não seria por menos, trata-se de uma das partituras mais exigentes da Broadway, que consagrou divas como Patti LuPone e Julie Covington, mas destruiu outras, como a própria Madonna, que, para cantar no cinema, com todos os recursos de edição sonora, teve de pedir a Lloyd Webber, o autor, para que reduzisse certas notas. Só assim ela conseguiu – e olhem que eu adoro Madonna! O personagem de Che Guevara, que já é uma excrescência no original, é fraco, no máximo esforçado, não envergonha, mas também não anima muito.
Montagem à parte, na qual senti certa falta dos maravilhosos recursos cênicos da montagem original, saí do teatro só com Mr. Boaventura girando em minha cabeça. Ele é bárbaro, canta muito bem, e consegue ser um Perón bem canastrão. Se me permitem uma soltada de franga, ele é testosterona de primeira, um homem para mil talheres. Com tantos atributos, chegou ao mesmo patamar que Wagner Moura, até hoje meu maior ídolo.
De seu primeiro CD, Songs for You, eu já tinha ouvido falar, e ouvi o Moço cantando no Programa do Jô, com um repertório em eclético, que passava de Frank Sinatra a Elvis. Mas confesso que foi uma curiosa surpresa dar de cara com ele, novamente, em um outro CD, chamado, apenas, Italiano, com repertório brega ao extremo, que ele enfrenta sem receio algum. Musicas como Dio Come Ti Amo, Amore Scusami, e até mesmo o hino ao lustre de cristal e veludo vermelho, Champagne. Lógico que eu comprei, e, antes que seja chantageado por meus amigos mais próximos, os quais podem ameaçar expor mais este lado suspeito de minha personalidade, registro nesse blog que tenho ouvido o disco, e estou adorando. Nada como ser brega sem culpa. Podem estar certos de que existe um exercito de senhorinhas, de cabelos pintados de todas as cores, e torturantes joanetes escapando pelo bico do sapato, que concordam comigo. Bonaventura também, pode ser brega à vontade – só que ele vai bem além disso. Benza Deus.
Deixe um comentário