“O Brasil é o país da moda”

Em 2006, o Nordeste ganhou um importante evento para discutir o desenvolvimento dos setores imobiliário e turístico, o Nordeste Invest. Neste ano, a sexta edição foi realizada entre os dias 10 e 12 de maio, em Natal, capital do Rio Grande do Norte. Segundo dados da Associação para o Desenvolvimento Imobiliário e Turístico do Brasil (ADIT Brasil), organizadora do evento, a rodada de negócios fechou em R$ 1,8 bilhão, quase três vezes a mais da expectativa inicial.

Com mais de 50 anos de experiência no mercado imobiliário e hoje membro do Conselho Consultivo do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP), Romeu Chap Chap foi escolhido presidente de honra do Nordeste Invest de 2010. Mais que os bons números finais gerados pelo evento, Chap Chap destaca o ótimo momento do Brasil e do Nordeste na construção civil, mercado imobiliário e turismo.

“No encerramento, a coletiva de imprensa do presidente da ADIT Brasil, Felipe Cavalcanti, foi impressionante. Eram mais de 30 órgãos de comunicação internacionais: New York Times, Financial Times, The Times, The Herald Tribune…”, disse, entusiasmado com o interesse do mundo em torno do Brasil.

O presidente do Secovi se lembra de que há pouco tempo a região não era organizada para receber investimentos estrangeiros no setor da construção civil e de turismo. Chap Chap conta que foi ministrar uma palestra na sede do Secovi-PE, em Recife, há três anos. O deputado federal José Chaves, que na época tinha cargo no governo de Pernambuco, queria saber por que o Estado não recebia investimentos estrangeiros nestas áreas.

“Vocês não têm nem secretário de Turismo! Como querem receber empresários, futuros investidores em seu Estado?”, respondeu Chap Chap. Depois de um tempo, conta ele, o próprio Chaves assumiu o cargo de secretário de Turismo, o primeiro do Estado de Pernambuco.

A história dá a medida de como a região mudou, se organizou e se preparou para receber investimentos de fora. Hoje, o interesse vai muito além do Turismo. “Até um tempo atrás, os estrangeiros vinham para cá e só falavam em Turismo: resorts, hotéis, etc. Hoje, querem saber de habitação popular, mercado imobiliário. Um empresário português me perguntou como abrir uma rede de pequenos mercados no Nordeste. Muitos me perguntaram sobre como entrar no Minha Casa, Minha Vida”, conta Chap Chap, referindo-se ao programa de habitação lançado pelo governo no início de 2009.

Aliás, Chap Chap não poupa elogios ao programa. “Esse projeto é o programa mais sério que eu vi no País nos 50 anos que eu milito na área, em termos de habitação popular”, ressaltando a coragem do governo Lula em enfrentar problemas históricos para solucionar o déficit de habitação no Brasil, hoje na faixa de oito milhões de moradias. Quando fala em coragem, o presidente do Secovi se refere a entraves históricos que o setor da habitação tinha para se desenvolver, como o excesso de burocracia, falta de subsídios do governo e prestações muito altas. “O déficit habitacional está na população que ganha de três a dez salários mínimos. A prestação tem de caber no bolso de quem quer ter um imóvel, precisa ser pequena, para que a pessoa pague o imóvel em 30, 40 anos. No mundo todo é assim”.

Chap Chap finaliza dizendo que o Brasil, vive um momento especial, em contramão ao mundo, que está em crise. “O Brasil é o país da moda. Já não é mais um país como disse De Gaulle, ‘O Brasil não é um país sério’. Nós estamos bem, e o mundo está em crise. A Europa está em crise. Os Estados Unidos estão ainda abalados com a crise do subprime. E a notícia que está aí, no mundo, é que o Brasil está bombando”.

Para resumir sua reflexão, ele conta um episódio vivido há pouco na Espanha, durante o Salão Imobiliário de Madri (SIMA), a maior feira imobiliária do país ibérico. “Há três anos, eram oito pavilhões na feira. Neste ano, somente um. O oposto do Nordeste Invest, por exemplo”, concluiu ele, que passou seis vezes pela presidência do Secovi-SP.

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