O verdadeiro campeão de votos do Brasil, nas eleições de 3 de outubro, não foi o palhaço Tiririca, que conseguiu inexplicáveis 1,3 milhão de votos do eleitorado paulista. Quem foi o deputado federal mais votado, proporcionalmente ao eleitorado, foi o carioca José Antonio Reguffe, de 38 anos, radicado em Brasília desde os oito, quando o pai, o então contra-almirante da Marinha, Luiz Paulo Reguffe, foi transferido para a capital federal.
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Reguffe, que pauta sua curta carreira política na ética, na honestidade e na transparência, teve 266.465 votos, correspondentes a 18,95% dos votos dados aos candidatos a deputado federal. Isso quer dizer que, na prática, ele teve um a cada cinco votos dos moradores de Brasília. Na Asa Sul do Plano Piloto, ele chegou a quase 40% dos votos. Comparando com o desempenho de Tiririca, que ficou com 6,35% do total de votos, o percentual de Reguffe, em São Paulo, representaria pouco mais de 4 milhões de votos, coisa que nenhum deputado, até hoje, conseguiu.
Para ter essa avalanche de votos Reguffe, que é deputado distrital no DF, teve gastos de campanha de meros R$ 125 mil, usados principalmente para a impressão de 300 mil folhetos que, junto com seu rosto, número, sigla do partido, (PDT), e sua plataforma para atuar no Congresso Nacional, tinham o número do celular. Ele considera que essa foi uma atitude normal para quem não teme o olhar atento e crítico do eleitor. E confessa que perdeu a conta da quantidade de telefonemas que atendeu, dia e noite, durante a campanha. Como fez nas campanhas anteriores, em 1998, 2002 (quando não se elegeu) e na de 2006, quando foi eleito para a Câmara Legislativa com cerca de 25 mil votos, o próprio Reguffe, junto com colaboradores, percorreu praticamente todo o DF, pedindo votos ao vivo para os eleitores. Ele admite que o trabalho desenvolvido como deputado distrital, no qual combateu tanto os desmandos político-administrativos de seus pares e do governo de Brasília, ajudou a cimentar na opinião pública sua imagem como parlamentar honesto.
Uma das primeiras decisões que o ex-líder estudantil da Universidade de Brasília, onde se formou em Economia (cursou depois Jornalismo no IESB), tomou ao ser empossado foi abrir mão do 14º e 15º salários e 14 dos 23 funcionários a que teria direito no gabinete, além das verbas indenizatórias, como o auxílio moradia. Para Reguffe, esses gastos eram excessivos e “desnecessários” para o trabalho como deputado. “Ao reduzir o número de funcionários e abrir mão dessas verbas, poupei R$ 53 mil por mês aos cofres públicos. No total de meu mandato, deixaram de gastar comigo mais de R$ 3 milhões, suficientes para que fossem construídas três escolas públicas”, garante.
E o Congresso Nacional que se prepare. Reguffe, que integrou a coligação de apoio a Dilma Rousseff e Agnelo Queiroz, pretende colocar em debate temas complicados, como as reformas políticas e eleitoral. Ele é contra a reeleição para cargos executivos e acha que parlamentares só deveriam ter direito a apenas dois mandatos seguidos. E admite que, se não for mudado o sistema de votação proporcional para eleições parlamentares, distorções como a de São Paulo continuarão acontecendo. E garante que vai analisar bem o que é oferecido aos deputados em termos de pessoal nos gabinetes, verbas e vencimentos. Ele garante também que abrirá mão do que considerar excessivo ou supérfluo. Mesmo que os demais parlamentares venham a criticá-lo.
Não perca na edição 39 um perfil de Eduardo Campos, o governador mais votado do Brasil nas últimas eleições. Na próxima semana, nas bancas!
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