O caso Rubinho: o que leva ao sucesso ou ao fracasso?

Os assuntos mais comentados da semana

Como no domingo não teve Balaio novo, publico a seguir a relação dos três assuntos mais comentados pelos leitores durante a última semana neste blog, na Folha e na Veja, as duas publicações impressas de maior circulação no país.

Balaio

45 anos de jornalismo: 169
“Everybody loves Brazil”: 123
Obama para exportação: 104

Folha

Devolução do IR: 46
Olimpíada: 34
MST: 33

Veja

Ben-Hur Ferraz Neto: 35
Barbárie do MST : 34
J.R.Guzzo: 32

***

Estava tudo preparado para a grande festa de Rubinho Barrichello, que finalmente poderia ganhar no autódromo lotado de Interlagos, no último domingo, seu primeiro Grande Premio Brasil, 17 anos depois de tentar pela primeira vez.

Aos 37 anos, com a torcida toda a favor, rodeado pela família e pelos amigos, largando na pole-position, Rubinho era a grande estrela da corrida. Ainda tinha uma remota chance de disputar o título, mas ganhar o GP Brasil e garantir o vice-campeonato já estaria de bom tamanho para o piloto que jamais conquistou o título mundial em sua já longa carreira.

Mas ainda não foi desta vez. Um prosaico pneu furado o tirou mais uma vez da disputa e bastou um quinto lugar para levar o improvável inglês Jenson Button, seu parceiro na Brown, à conquista do título de 2009.

Que acontece com Rubinho, o mais antigo piloto de Fórmula-1 em atividade? Nunca chegou a ser um ídolo da torcida num país que já teve Emerson, Pace, Piquet, Senna e agora joga suas esperanças no jovem Felipe Massa. De uns tempos para cá, até virou folclore, motivo de deboche em programas humorísticos.

Quem não gosta dele diz que é um ótimo motorista e cidadão exemplar. Não tem pontos na carteira, não força ultrapassagens, jamais transgride o limite de velocidade, é cuidadoso nas curvas. Fora das pistas, é bom pai, bom marido, bom filho, o genro que toda sogra gostaria de ter.

Juntou uma bela fortuna em suas duas décadas de piloto profissional, arriscando a vida (não muito) nos autódromos do mundo, tem até avião particular, mas no imaginário popular não passa de um perdedor inveterado, um bom menino que fez tudo direito e não deu certo na vida.

No começo do ano, estava desempregado, nenhuma escuderia o queria mais. Logo arrumou uma boquinha na Brown e foi subindo na tabela. Ainda pode ser o vice este ano, mas não parece muito animado com isso, como comentou domingo, depois de mais uma corrida frustrada:

“O vice, como já dizia um grande amigo meu, que é o Nelson Piquet, é o primeiro dos perdedores. Então, não é um prazer enorme”.

Rubinho Barrichello é personagem emblemático do grande dilema humano constantemente desafiado pela linha tênue que separa o sucesso do fracaso. Isso vale para pessoas, empresas, países. Não existe uma receita para dar certo. Quem a descobrir certamente vai ganhar muito dinheiro.

É comum encontrarmos colegas de escola que nunca foram bons estudantes, pareciam não ter vocação para nada e, um belo dia, os encontramos felizes e realizados na vida por algum motivo insondável. O contrário também é verdadeiro: os melhores alunos da classe que acabam fracassando em suas vidas pessoais e profissionais.

Aqui perto de onde moro, no Jardim Paulista, tem uma enorme pizzaria, a Marguerita, que vive constantemente lotada, há anos com filas de espera quase todas as noites. A pizza não tem nada de especial, há outras bem melhores no bairro, que vivem meio vazias, o serviço é o habitual, não tem atrativos extras, e o preço é alto. Como explicar o sucesso dela ou o fracasso das casas que abrem e fecham na cidade?

Como não gosto de fazer e deixar perguntas sem respostas, só me ocorre arriscar um palpite: é ter ou não ter estrela na vida. Tem gente que tem e tem gente que não tem, simplesmente. Rubinho não tem estrela.


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