São 630 leitos, quase 220 mil m2 de área construída, 32 salas de cirurgia, duas previstas para entrar em operação ainda neste ano, cinco unidades avançadas, cerca de 11 mil colaboradores, 35 iniciativas sociais e um orçamento em torno de R$ 1,5 bilhão por ano. Esses são só alguns dos números astronômicos que cercam diariamente Claudio Lottenberg em sua sala no Hospital Israelita Albert Einstein, no mesmo prédio da maternidade, onde ocupa há mais de uma década o cargo de presidente da casa. Fora dali, outros algarismos generosos rondam o médico oftalmologista.
Diretor da Lotten Eyes, um conjunto de dez clínicas estabelecidas, principalmente, na cidade de São Paulo, Lottenberg, 52 anos, administra 130 funcionários e já atendeu, de acordo com o próprio, mais de 150 mil pacientes em 22 anos de funcionamento. Não bastasse, ele é pai de cinco filhos, como diz, apesar de os três mais velhos serem frutos do primeiro casamento de sua mulher, Ida Sztamfater. Mas os caçulas, Fábio e Gustavo, chegaram de uma só vez – gêmeos, eles têm 5 anos. Para dar conta de tantas atribuições, Lottenberg se define como um sujeito organizado, quase metódico. Por isso, leva a fama de ser difícil. Ele nega e dá a sua receita para administrar com eficiência as 24 horas do dia. “Para o tempo funcionar, é preciso ter prazer nas coisas que se faz.”
Filho de um gravateiro e de uma dona de casa, Lottenberg diz ter descoberto a medicina por causa do pai, que via nos médicos uma espécie de alma sacerdotal. Tamanha foi a influência paterna que os três filhos entraram para o campo da saúde – o irmão mais velho do oftalmologista é endocrinologista e a caçula, dentista. Crente em Deus, o presidente do Einstein, também é cantor litúrgico de sinagoga (ou hazzan, homem treinado dentro do judaísmo para guiar a recitação das orações), estimula a combinação de medicina e fé. “Com pensamentos negativos”, diz, “não há melhora”. Pontual e exigente com o cumprimento de horário, ele atendeu a reportagem da Brasileiros em uma quarta-feira de setembro pela manhã, mas não muito cedo (exatamente às 10h30). Chegou ao encontro na hora marcada, vestindo camisa social azul, sem gravata e com dois botões abertos. Quando percebeu que ia ser fotografado, providenciou o acessório e o vestiu ali mesmo. Durante a conversa, atendeu cinco chamados do celular e pediu licença duas vezes para mandar mensagens – uma delas, contou, era para a mulher.
Brasileiros – Dá para conciliar com tranquilidade a vida de presidente do Hospital Albert Einstein com o exercício da medicina?
Claudio Lottenberg – Claro que é possível. Minha atividade profissional não tem nada a ver com a de presidente da organização. Sou médico oftalmologista e exerço a atividade como profissional liberal e na direção de uma clínica chamada Lotten Eyes, aberta em 1990, que é um conjunto de dez clínicas estabelecidas, principalmente, na cidade de São Paulo. Nós já atendemos a mais de 150 mil pacientes nesses endereços. Também sou professor e co-orientador do curso de pós-graduação em Oftalmologia da Escola Paulista de Medicina (que, a partir de 1994, tornou-se Universidade Federal de São Paulo ou Unifesp), onde me formei e fiz a residência de três anos. Todas as minhas pós foram na Paulista. Estive um período fora do País também, para estudar oftalmologia e depois me estabeleci aqui em São Paulo.
Brasileiros – É verdade que o estatuto do hospital mudou para mantê-lo na presidência?
C.L. – Na verdade, o estatuto mudou algumas vezes, mas não por razões de reeleição. Mudou para uma revisão do processo de estrutura da sociedade. Essas revisões foram feitas por conta da modernização da organização e, ali, também coube a possibilidade de uma reeleição. Gosto de dirigir a instituição e da atividade pública. Mas quando fui secretário municipal de Saúde (cargo que ocupou em 2005, permanecendo apenas seis meses), fiquei desapontado com as mecânicas do funcionamento do poder público, de como a estrutura de governo funciona. Aqui no Einstein, tenho a possibilidade de, no fundo, fazer um bem para um monte de gente, sem necessariamente estar envolvido com a gestão pública, que é muito complexa e lenta.
Brasileiros – O senhor ainda permanece mais quatro anos à frente do Einstein. Já tem um sucessor ou ainda é cedo para pensar nisso?
C.L. – Um pouco mais de quatro anos, na verdade. Não, ainda não temos um sucessor. Isso precisa ser definido no âmbito da sociedade que mantém o Einstein. É claro que o presidente de qualquer organização tem um papel diferenciado no processo da escolha de um sucessor, mas não é possível atribuir isso de maneira proprietária. No momento certo, pretendo exercer influência, mas quero dividir isso com os meus pares.
Brasileiros – Médico, professor, presidente de um dos maiores hospitais do País e ainda pai de gêmeos. Como o senhor se vira para dar conta de tudo?
C.L. – Sim, sou pai de gêmeos. Na verdade, com minha mulher, temos cinco filhos, três do primeiro casamento dela. O mais velho trabalha comigo, temos uma empresa de incorporação imobiliária. Também tenho uma filha casada, que já me deu uma neta, com quem mantenho uma relação bastante próxima. Comigo, moram três filhos, os dois caçulas são as pequenas joias que vieram mais tarde. Eles têm 5 anos e exigem muito. Sempre digo que complicado não é cuidar do Einstein nem da clínica ou dos afazeres sociais, que são muitos. Mais complicado é manter a juventude para cuidar de crianças de 5 anos. Com 52 anos, não é tão simples, mas procuro me esforçar.
Brasileiros – Como?
C.L. – Acordo cedo e sou muito organizado. Chego ao hospital às 6h15, 6h30. Mas a primeira coisa para o tempo funcionar é ter prazer naquilo que a gente faz, e eu tenho. Gosto de vir para cá, trabalhar, encontrar pessoas, ter contato com o ser humano. Também tenho a sistemática de começar a trabalhar no horário em que as pessoas não estão trabalhando, o que me dá liberdade para me organizar. Sei muito bem como me preparar e nunca entro em uma atividade sem saber quais serão os desdobramentos, mesmo sendo de véspera. E verifico tudo, se vai ter café na sala, como estão os microfones, como será a posição das pessoas. Tenho uma visão muito sistematizada e detalhista.
Brasileiros – Dá, então, para dizer que seu nome é trabalho?
C.L. – Diria que meu nome é compromisso e seriedade com o que faço. Meu maior patrimônio é a seriedade com que me aplico naquilo que faço. Isso não é algo só importante para mim, mas para aqueles que trabalham comigo, que sabem que não sou exigente apenas com eles. Não é a eles que peço que façam várias atividades simultaneamente. Também sou assim. Não é deles que cobro pontualidade, procuro também exercer as minhas tarefas com pontualidade, inclusive no atendimento a meus pacientes.
Brasileiros – O senhor tem fama de difícil…
C.L. – Não é verdade. Tenho uma assistente que está comigo há 12 anos, desde o primeiro dia como presidente do Einstein. Minha assistente principal na clínica está a meu lado há 17 anos. Mesmo o motorista, que saiu de casa para virar taxista, presta serviços para mim há 20 e tantos anos. Ou seja, são anos de relacionamento.
Brasileiros – Mas mantém uma rotina sem improvisações?
C.L. – Eu não paro. Mesmo nos finais de semana, quando estou com os meus filhos, também tenho horários. Como quase sempre levo trabalho para casa, preciso me manter regrado. Quando os meninos estão brincando, aproveito para trabalhar, mas não deixo de sair com eles. Sábado de manhã vou ao clube, passeio de bicicleta. De vez em quando, se tenho alguma reunião, eles eventualmente me acompanham. Para manter esse ritmo, preciso me cuidar. Por isso, faço exercícios quatro vezes por semana, duas de pilates e duas de caminhada e musculação, levantamento de peso. Mesmo quando viajo com minha família, faço atividade física e, repare, tenho 52 anos e me mantenho magro. Também sou rigoroso na alimentação. Se como muito durante o dia, à noite tento comer menos. Também me alimento várias vezes durante o dia e meu menu é organizado desde cedo. Chego ao Einstein e tomo uma xícara de chá e como um pequeno pedaço de pão. Lá pelas 8 horas, como frutas e às 10 horas me sirvo de um queijinho. Depois, almoço e mantenho essa rotina alimentar até a hora do jantar. Mas atividade física é fundamental para manter o ritmo.
Brasileiros – O senhor é judeu. Frequentou escola judaica?
C.L. – No antigo Primário, estudei em uma pequena escola cristã, no Externato Teixeira Branco. Depois, fui para o Rio Branco, onde concluí meus estudos antes de entrar para a faculdade. Mas tive uma formação judaica muito sólida. Frequentei a Congregação Israelita Paulista (CIP) com formação judaica em educação, história, tradição, costumes e conhecimento de hebraico, durante nove anos. Lá, aprendi também canto litúrgico. Fui cantor de sinagoga durante anos, inclusive aqui no hospital. Há várias fotos minhas espalhadas, em que apareço cantando.
Brasileiros – O senhor acaba de visitar o Papa. Como foi o encontro?
C.L. – Tive o privilégio de visitá-lo, de falar com o Papa. Ele chama o Velho Testamento de Primeiro Testamento e achei isso muito interessante porque, no fundo, essa nomenclatura aproxima as religiões. Quer dizer, ele propõe enxergar as coisas sob o ponto de vista evolucionista, que mostra que nós, judeus e cristãos, não estamos tão distantes. Depois, tive a oportunidade de entregar para ele uma mãozinha, que é um objeto que usamos para ler o Velho Testamento que, para os judeus, é a Tora. Disse para ele que foi com as mãos que Deus fez a Tora, o Velho Testamento ou Primeiro Testamento. Aquela mão era o meu símbolo de trazer para ele essa tentativa de reaproximação.
Brasileiros – Mas qual foi o motivo do encontro?
C.L. – Era uma visita do Congresso Judaico Latino-Americano e fui convidado. O encontro foi marcado no sentido de fazer uma aproximação, uma política muito clara. Talvez isso sensibilize os judeus que estão fora de Israel, para que a gente possa fazer uma construção efetiva da demonstração desse entendimento. É algo transparente e palpável, que poderia ser um elemento colaborativo para o entendimento de Israel com os seus vizinhos. Não sei o quanto isso é tangível, mas a verdade é que existe um desejo honesto a respeito disso. A questão do Oriente Médio incomoda muito a nós, judeus, por não ser resolvida. Por outro lado, ela é tratada… Eles falam dos palestinos como sendo expulsos de suas terras, o que não é fato. A Palestina foi dividida em dois Estados. O que não houve foi, por parte da população árabe, a concordância com o Estado de Israel. A ONU decidiu que seriam dois Estados e, em função dessa discordância com o Estado de Israel, nasceu uma beligerância. Se a gente for ver, historicamente, a presença dos judeus no Oriente Médio antecede a qualquer estabelecimento dos palestinos. Nunca houve uma pátria dos palestinos. A visita ao Papa foi um exemplo de que existe essa tentativa de aproximação.
Brasileiros – Um judeu no Vaticano. Como se sentiu?
C.L. – A visita foi importante do ponto de vista institucional, comunitário. Para mim, evidentemente teve uma importância enorme. Na escola onde estudei, fazíamos uma comemoração de final de ano na igreja. Fora isso, havia aula de catecismo que, logicamente, eu não frequentava. Mas o que quero dizer é que fui educado em um ambiente católico. Tenho muitos amigos católicos também. Mas o encontro com o Papa foi entusiasmante, principalmente para o corpo de colaboradores do Einstein, já que a maioria deles é de origem cristã.
Brasileiros – O senhor é religioso?
C.L. – Deus é importante na minha vida e tem uma presença muito significativa.
Brasileiros – Fé e medicina combinam?
C.L. – Muito. É fácil estabelecer um vínculo da fé com a religião, mas a religião foi, a meu ver, talvez a forma mais objetiva de poder transformar a fé em algo tangível, porque religião sem fé existe. Assim como fé sem religião também existe. Entendo que a religião nada mais é que o arcabouço que torna a fé mais compreensível. Acredito ainda que a fé das pessoas interfere positiva e negativamente no curso de doenças. Isso tem a ver com o fato de ter ou não ter fé. Existem as questões religiosas e as doenças, a saúde. Basta falar sobre critérios de alimentação, uso de álcool, circuncisão. Isso é religião e saúde, não existe relação com a fé. Hoje, há trabalhos muito bem montados que demonstram que a fé pode ter um papel positivo na evolução dos quadros de doenças. Acredito muito nisso e estimulo. Falo para os pacientes: “Negativo do jeito que você está hoje, não vai ficar bom”.
Brasileiros – Quando o senhor descobriu que queria ser médico?
C.L. – Meu pai era comerciante, gravateiro, uma pessoa muito idônea, correta, séria, que precisou se fazer na vida. Era um homem do conhecimento, não das posses, e passou essa ideia para os três filhos, com quem se preocupava muito. Ele guardava muito respeito pela classe médica e enxergava na atuação do médico um papel meio sacerdotal. Acho que isso me influenciou bastante. Meu irmão mais velho, Simão, é endocrinologista, professor, uma pessoa muito diferenciada. A caçula, Eliana, é dentista e tem me ajudado muito, principalmente na atenção que ela dá à nossa mãe, que tem 89 anos, está muito lúcida, mas, logicamente, tem as dificuldades de uma senhora dessa idade. Mesmo assim, ela me acompanha, graças à ajuda da minha irmã. Em julho passado, até fomos aos Estados Unidos.
Brasileiros – O Hospital Albert Einstein é lucrativo?
C.L. – Não, o Einstein é um hospital sem fins lucrativos, mas com resultado positivo, que é usado para se sustentar e investir em conhecimento.
Brasileiros – A rede Einstein inclui uma escola?
C.L. – Temos um instituto de ensino e pesquisa (Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa), que vai desde a faculdade de enfermagem até cursos de pós-graduação. São quase dois mil alunos inscritos. Há outros cursos técnicos, todos fundamentalmente focados em saúde. Temos MBA na área de saúde, que já formou praticamente oito turmas na área de gestão. Esses números retratam uma necessidade de um atendimento ou melhores condições de atendimento para mais gente, e isso é bom. Retratam ainda uma necessidade de a gente ofertar para o grupo de colaboradores chances de crescer aqui dentro do hospital. Quando preparadas, as pessoas têm ambição em suas carreiras e, ao crescer, há oportunidade para elas encontrarem esse crescimento como resposta dentro da própria organização. Isso é muito positivo e é exatamente o que acontece no Einstein.
Brasileiros – O número de atendimento do hospital só cresce. No ano passado, foram mais de 188 mil pacientes-dia. Sabe-se também que há demora para marcar consultas. Os planos de saúde repetem os mesmo erros do Sistema Único de Saúde, o SUS?
C.L. – Não acho que seja um erro. A população vem crescendo e, em sendo assim, há necessidade de mais recursos na saúde. Fora isso, a população também vem envelhecendo, está sobrevivendo por um tempo de vida maior e isso gera outra forte necessidade, que é a de um incremento de dinheiro em saúde para fazer face aos investimentos necessários. O que está ocorrendo na saúde, de forma geral, é que a demanda aumenta, mas os investimentos na área não estão sendo proporcionais. Nós estamos colocando muitos recursos, mas são recursos privados, internos, e não é uma tarefa tão simples assim imaginar que a gente vai responder a tudo aquilo que é preciso.
Brasileiros – O senhor defende um modelo de gestão compartilhada entre SUS e saúde privada. Pode explicar?
C.L. – Acredito nisso. O sistema público só pode funcionar de maneira efetiva se trouxer a eficiência do sistema privado. O sistema público tem mecânicas próprias, que o tornam lento e, em saúde, o tempo diz respeito diretamente às questões de qualidade. É preciso trazer uma leveza e maior agilidade para o atendimento público. Por isso, defendo que o setor privado tenha uma participação mais direta e efetiva no atendimento ao público.
Brasileiros – O senhor negocia a abertura de um hospital no Rio de Janeiro?
C.L. – Por enquanto, não.
Brasileiros – Quais as principais inovações do Einstein durante esses anos em que está à frente da instituição?
C.L. – Há muita coisa. Criamos toda essa capilarização de atendimento da esfera laboratorial. Percebemos que o hospital, por si, não pode cuidar de um paciente como um todo, porque os processos vêm se laboratorizando desde a prevenção até a reabilitação. Ao ver que a prática precisa ser totalmente integrada, criamos unidades avançadas e desmembramos, dentro do próprio hospital, uma rede ambulatorial, que hoje presta atendimento com uma agilidade enorme, permitindo que o paciente seja examinado, sem que seja internado, fazendo um diagnóstico muito rapidamente. Quer dizer, melhoramos a resolutividade. Esse crescimento, que não foi só aumento no número de leitos, mas também na mecânica com unidades avançadas e com processos ambulatoriais, foi uma modernização processual que eu entendo como importante para nossa instituição. Fora isso, crescemos muito na questão da responsabilidade social. Temos um programa importante na comunidade de Paraisópolis e outras 35 iniciativas sociais. Não é pouca coisa. Isso sem mencionar que, na parte de ensino e pesquisa, também profissionalizamos nosso pessoal e crescemos. Nos Estados Unidos, a maior parte dos estudos acontece no setor privado. No Brasil, as pesquisas ainda acontecem no setor público, mas existe uma tendência do setor privado de se envolver nisso.
Brasileiros – O hospital também tem um programa importante na área de transplantes de órgãos…
C.L. – Temos o maior programa de transplante hepático do mundo. No ano passado, foram 250 cirurgias desse tipo, mas já realizamos mais de 1.100 transplantes hepáticos desde que começamos esse programa, há cerca de nove anos.
Brasileiros – Por falar em transplante, o Einstein acaba de realizar o primeiro transplante multivisceral no Brasil, em que vários órgãos são implantados de uma única vez.
C.L. – Foi uma cirurgia inédita. O projeto do transplante multivisceral só acontece graças a uma equipe de suporte extraordinária que esta organização possui. Não adianta ser um excelente cirurgião se não há retaguarda. Médicos competentes, setores organizados e extremamente qualificados. Caso contrário, não adianta. O Einstein oferece uma infraestrutura que nenhuma outra organização dá aos médicos e pacientes. Conseguimos fazer esse transplante porque realmente temos gente competente trabalhando de forma integrada.
Brasileiros – Há notícias sobre o estado de saúde desse paciente depois da cirurgia?
C.L. – Sim, ele passa bem. Mas nós fizemos muito mais coisas… Trocamos válvulas e pontes de safena com o uso de um robô. O paciente teve alta médica no dia seguinte. Isso é tão ou mais importante que o transplante multivisceral.
Brasileiros – Sua clínica de oftalmologia funciona em dez endereços…
C.L. – Sim, são dez unidades, a maioria na cidade de São Paulo. Já atendemos mais de 150 mil pacientes e somos 130 pessoas trabalhando nesses endereços, entre médicos e não médicos.
Brasileiros – O senhor também é autor do livro A Saúde Brasileira Pode Dar Certo. Pretende escrever outro?
C.L. – O livro que mencinou é uma proposta de revisão estratégica de saúde, em que venho atuando há muito tempo com minha experiência no hospital, na gestão de minha clínica, como secretário de Saúde e mesmo na atividade acadêmica que mantenho até hoje.
Brasileiros – Gostaria de fazer uma pergunta mais pessoal, se permite. O senhor tem algum tipo de medo?
C.L. – De animais. Fui criado de uma maneira muito simples, meu pai era uma pessoa simples. Na nossa casa não dava para ter cachorro. Não digo exatamente medo, mas não tive contato com animais quando criança. Hoje, tenho um cachorro em casa por causa dos meus filhos. Eles também gostam de cavalos… Mas minha criação foi diferente. Não tínhamos essa história de ir para a fazenda no final de semana, feriado. Tínhamos um apartamento em Santos e toda a família passava férias lá, a gente ia se revezando. Tivemos educação de rico, mas não hábitos de rico.
Brasileiros – Hoje é mais difícil educar os filhos?
C.L. – Há elementos na educação que não podem ser teceirizados. Na minha casa, essa educação é ativa. Meus filhos estudam em uma escola maravilhosa, bilíngue, de alto padrão. São meninos que fazem aula de música, equitação, esportes e têm aula de religião. Mas acho muito necessário valorizar elementos imateriais: necessidade do conhecimento, respeito ao próximo, à diversidade, o respeito ao comportamento de uma sociedade maior. Saber que viver em conjunto não significa abrir mão de desejos individuais. I
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