As grandes instituições financeiras do País, que ganharam tanto dinheiro nos últimos anos, e o comércio elegante da cidade, que também faturou como nunca, e suas respectivas agências de publicidade, poderiam fazer a gentileza de produzir alguns reclames para comunicar ao distinto público:
“Não perca mais seu tempo. Não utilize mais o talão de cheque. Jogue fora os talões que sobraram. Só saia de casa com cartão ou dinheiro. O tempo do cheque acabou e só você não percebeu”.
O problema é que os bancos continuam mandando os talões de cheque que solicitamos e não avisaram seus clientes que ninguém aceita mais cheque. Como há tempos não ia às compras no meu bairro, fui surpreendido hoje com a novidade.
Na região da rua Augusta, as coitadas das balconistas que nos atendem têm até pena de quem ameaça pagar suas compras com esta superada forma de pagamento. “Me desculpe, senhor, mas não podemos mais aceitar isso”. Você fica parecendo aquele cara suspeito, não confiável, um tipo estranho mesmo neste moderno mundo das compras.
Uma das moças que me atendeu, bem jovem, me explicou que era nova no serviço e nem sabia “como funciona esse negócio de cheque”. Outra chamou o gerente, que me olhou com pesar: “Não tenho nem como registrar o pagamento com cheque no nosso sistema”.
Com aquela cara de iogurte que está com o prazo de validade vencido, voltei para casa e, resignado aos novos tempos, peguei o cartão do banco para poder concretizar a compra do novo tênis que eu tanto cobiçava, mas não achava o meu número. Quando achei, não aceitavam mais cheque. Acho que eu e o talão do banco ficamos fora de moda.
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