O cinema e a felicidade

A arquiteta Silvia Segall está feliz com a repercussão do seu documentário Fora de Foco, produzido pela Mixer. “Ele está servindo à minha proposta, que era a de ajudar as pessoas que estão enfrentando situações parecidas”, diz. No Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo, por exemplo, os médicos estão passando o documentário para as famílias dos pacientes. Missão cumprida, Silvia voltou à sua área de atuação, a de projetos culturais em arquitetura. No momento está reeditando um livro do arquiteto Gregori Warchavchik.

Depoimentos do documentário

TER SIMPLICIDADE
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“As pessoas diziam: ‘você tem problema? Mas você é linda. Quanta gente aí feia, horrorosa, que mora na favela, e você tem tudo’. Mas eu via a minha empregada e ela era muito mais feliz do que eu. Ela saía de casa, ia para o forró. Eu dava tudo para ter aquela sensação que ela tinha.”

“Fui dormir umas 2 horas da manhã, mas fiquei parada na janela. (…) eu não conseguia dormir, minha cabeça rodando. Daí, automaticamente, pensei: ‘a hora que eu vir três táxis amarelos eu vou pra cama’. No dia seguinte, levantei da cama primeiro com o pé direito (…). A partir desse dia, eu nunca mais deixei de ter manias.”

LUCIANA VENDRAMINI, atriz

ADMITIR O MEDO

“Me sentia mal, sofria o tempo todo. Não conseguia fazer coisas que eu conseguia fazer antes ou tinha medo de um monte de coisas.”

“A tendência de todo mundo é dizer que está tudo bem. Sempre que surge algum problema, todo mundo tenta negar tanto que quem está dentro do sofrimento tem que, além de tudo, convencer os outros de que realmente existe um problema.”

REGINA CASÉ, atriz

ESTAR CURADO

“Se eu não tivesse me tratado, se isso fosse, sei lá, há 50 anos, eu estaria num hospício hoje. Eles teriam me internado.”

“Seu coração dispara, você começa a suar frio e você tem uma sensação de pânico. Não é medo, é pânico, do nada. Você se pergunta: ‘eu estou com medo do quê?’ Do nada. Larguei muitas vezes meu carro no meio da rua e fui embora, pegava um táxi e ia para casa.”

MARIO PRATA, escritor

TER CONSCIÊNCIA

“Eu me atirei de um carro em movimento. Eu queria descer e a pessoa não queria parar. Fiquei com queimaduras de terceiro grau nas costas. Tenho cicatrizes horríveis.”

“Eu sempre achei que eu era assim. Aí eu li um livro sobre bipolaridade e simplesmente o livro falava de mim. Tudo, absolutamente tudo, os altos e baixos, a promiscuidade, o abuso de drogas e a violência.”

“O que eu sou é uma condição descrita num livro como uma doença. Quem sou eu, então?”

CLARA AVERBUCK, escritora

FELICIDADE COLETIVA

“Para mim, felicidade se resume a uma coisa de realização de impulsos, de desejos muito cotidianos e transitórios.”

“Eu consegui ser sincero com o meu desejo e consegui seguir o impulso para onde ele me leva.”

“Alegria parece uma chama muito individual, mesmo que seja em uma situação coletiva. Felicidade a gente pensa no coletivo. Você satisfaz a sua felicidade meio na convivência, inclui uma sociabilidade.”

ARNALDO ANTUNES, músico

BEM-ESTAR

“O mundo moderno nasceu com uma promessa de felicidade. O avanço científico e tecnológico, o aumento da produtividade e da prosperidade econômica iam trazer finalmente um nível de bem-estar muito superior ao alcançado até esse momento. Será que foi o caso?”

EDUARDO GIANNETTI DA FONSECA, economista e sociólogo


“Minha vida está organizada, eu estou ganhando dinheiro, estou namorando e de
repente, apesar disso tudo, entra um sinal de menos na frente da vida.”

OLÍVIO TAVARES DE ARAÚJO, crítico literário

CURTIR O DIA-A-DIA

“Sentia um misto de vontade e dor, uma dor que não conseguia definir, apesar de que tudo estava bem…”

“Eu sempre tive um nível de exigência muito grande na minha cabeça. Ou é Picasso ou é legume, não existe meio-termo Então, se eu não posso ser Picasso, vou ser legume.”

“Se você me perguntar se eu sinto a mesma angústia, a mesma dor e o mesmo desconforto que senti a vida inteira, eu sinto. Porém, essa angústia não me paralisa mais.”

LUCIANA SCHILLER, designer


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