O compromisso de um jornalista qualquer

Os assuntos mais comentados pelos leitores na última semana:

Balaio

Eleições 2010: 666

Lula e o 1º Maio (exclusivo): 269

Cidade esburacada: 102

Folha

Eleições: 38

Violência: 33

Dilma: 32

Veja (não publica números)

O paciente terminal e a ética médica

Kátia Abreu

Condecoração de Marisa e companheiras

***

O leitor Ruy Garcia escreveu um comentário às 17:32, na última quinta-feira, dia 29, em que diz:

“Você publicou um texto em seu Balaio sobre o início da campanha eleitoral, constatando que José Serra largou na frente de Dilma Rousseff. Se você fosse um repórter qualquer, de um jornal ou revista qualquer, nada a objetar. Como você mesmo diz, não dá para brigar com os fatos, pelo menos aqueles que você constata. Acontece que na minha modestíssima opinião, você não é um repórter qualquer”.

Para chegar a esta conclusão, o leitor faz referências – de resto, públicas e notórias – à minha participação em campanhas eleitorais do presidente Lula e como funcionário do seu governo. Pois me permito discordar do Ruy Garcia e de tantos outros leitores que esta semana mandaram comentários ao Balaio, criticando o texto em que faço um balanço do primeiro mês da campanha presidencial de 2010.

Garcia usa duas vezes o verbo “constatar” – e é exatamente isso o que qualquer repórter deve fazer. Para mim, trata-se de um elogio, não de uma crítica – é este o meu ofício: ver, ler, ouvir, analisar e, ao final, contar aos seus leitores o que está acontecendo, goste ou não dos fatos como eles são. O bom uso ou o mau uso que outros farão do que escrevi, uma vez publicado, não é problema meu, nada posso fazer. É como jogar uma folha de papel pela janela.

Sempre gostei de ser um repórter qualquer ao exercer o meu ofício pois aprendi a separar as minhas preferências e amizades pessoais dos dados da realidade – menos na hora de discutir salários, claro, porque tenho uma longa história profissional que merece ser bem remunerada.

Meu único compromisso é ser fiel ao leitor, que é quem, em última instância, garante meu ganha pão. Vivo até hoje do que escrevo e dependo da confiança que os leitores – de qualquer partido, time ou religião – têm em mim. Não tenho outra fonte de renda fora o meu ofício de jornalista, desde que comecei na profissão, com 16 anos, 45 anos atrás.

Não vai ser agora, depois de velho, que mudarei minha conduta. Além do mais, acho uma grande bobagem esse negócio de imaginar que um blog ou uma coluna de jornal vai dar ou tirar votos de alguém, ajudar a eleger seu candidato preferido. Seria muita petulância. Por isso, não faço aqui campanha contra ou a favor de ninguém – e não vou permitir que este espaço seja usado com fins eleitorais.

Muito menos admitirei que alguém coloque em dúvida minha honestidade profissional, insinuando que fatores externos possam influir em qualquer coisa que escreva aqui no Balaio, como fez o blogueiro Eduardo Guimarães, em comentário enviado às 11:59 de sábado, 1º de Maio:

“Kotscho, hoje, declara-se independente, mas trabalha para uma empresa de comunicação identificada com o grupo de empresas de mídia aliadas do PSDB. Se isso tem algo a ver com sua matéria favorável a Serra só o tempo dirá”.

O tempo, não. Digo já eu mesmo. Em primeiro lugar, fique sabendo o Sr. Guimarães que eu não estou declarando hoje que sou independente, coisa nenhuma, nem preciso disso. Sempre fui, basta ver o conjunto do meu trabalho. Jamais admiti qualquer interferência no que publico, e disso são testemunhas todos os profissionais com quem já trabalhei.

Como jornalista profissional, o que não é o seu caso, é claro que sempre trabalhei em empresas de comunicação e não de laticínios, e não me preocupo em saber com quem se identificam ou não seus acionistas, desde que isso não inferfira no meu trabalho.

Posso assegurar ao blogueiro Eduardo Guimarães e aos demais leitores que aqui no iG esta liberdade é respeitada desde o primeiro dia – e, no dia em que não for mais, farei como fiz em todas as outras empresas onde já trabalhei: peço as contas. Sou o único responsável pelo que publico.

Ninguém é obrigado a concordar com o que escrevo – o espaço de comentários aqui do Balaio é absolutamente democrático, aberto a críticas, sabem todos vocês -, mas não aceito que qualquer um questione os meus princípios e as minhas intenções.

Posso não gostar do que vejo, mas não adianta xingar a paisagem, culpar o juiz ou o adversário. Isto não muda o resultado. Ao contrário do que me escreveram vários leitores, não acho que estejamos numa guerra e que os adversários numa disputa eleitoral sejam nossos inimigos, que vale tudo para derrotá-los.

O inimigo do bom jornalismo é a mentira, a manipulação ou a omissão de fatos, como temos visto amiúde na atual campanha. O compromisso de um jornalista qualquer é com a realidade factual, qualquer que seja o seu lado.

Os números do Balaio no Google

Pela primeira vez, desde que este blog entrou no ar, em setembro de 2008, recebi os números de audiência do Balaio, graças à ajuda da minha amiga Clarissa Meyer, editora do site “Papo de Mãe”, e dos meus colegas da informática do iG.

Nem sei se são bons ou ruins estes números, não entendo muito destas coisas, mas eu fiquei feliz com o resultado alcançado desde 12 de novembro de 2009, quando o Balaio foi cadastrado pelo iG num programa de aferição de audiência do Google.

Daquele dia, até 28 de abril deste ano, em menos de seis meses, portanto, o blog foi visitado por 443.843 leitores. Como muitos deles acessaram mais de uma vez, o Google contabilizou 754.262 acessos, originados de 127 países/territórios diferentes.

Que beleza! Pelo jeito, está dando certo minha determinação de fazer deste Balaio a cada dia um espaço jornalístico melhor – sempre que se possível, com informações exclusivas e antecipando tendências -, e não um armazem de secos e molhados. Muito obrigado, meus caros leitores, pela audiência e pela paciência.

Errei

No comentário que escrevi sobre os bons resultados alcançados pelos dungueiros na Superquarta do futebol, fui injusto ao incluir no futebol de resultados o time do Atlético Mineiro, como me alertaram vários leitores e amigos que viram o belíssimo jogo contra o Santos, em que o Galo de Luxemburgo ganhou por 3 a 2. Falha minha. Peço desculpas.


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