O desenvolvimento de cidades criativas marca o encerramento de seminário do SESI

O segundo dia do Seminário Internacional SESI-SP de Economia Criativa, Cultura e Negócios  teve como tema principal os espaços urbanos e a exploração de ações criativas como ferramenta para a inovação e melhoria da qualidade de vida nas cidades. “Amo este lugar. A localização, a arquitetura e, principalmente, o fato de ser um espaço voltado para manifestações criativas. Por outro lado, tenho a impressão de que nada acontece. Sei que coisas acontecem lá, é claro. Mas penso que uma estrutura como aquela deveria pulsar arte ininterruptamente. É um desperdício não ficar disponível 24h por dia”, disse Charles Landry durante a palestra que abriu a maratona de palestras de ontem, quarta-feira, 18.

Autoridade internacional no uso da imaginação e criatividade em espaços urbanos, o britânico se referia ao prédio do Sesc Pompéia. Autor de The Art of City Making  e Creative City – A Toolkit For Urban Innovators, Landry é o pai do termo Cidade Criativa. Para ele, São Paulo possui uma riqueza invejável de criadores agindo de forma isolada, com pouca ou nenhuma colaboração entre si. “Esta cidade tem tudo para ser uma das principais capitais criativas do mundo. Percebo uma explosão de talentos e realizações sempre que passeio por suas ruas e bairros. Mas elas acontecem de forma fragmentária. Vocês precisam colocá-las juntas” completou.

Quase como um complemento à ótima exposição de Landry, o assunto também pautou as falas de Jordi Pardo e Avrill Joffe. Tendo em vista os megaeventos que acontecem no país nos próximos anos, os convidados da Espanha e África do Sul falaram sobre as experiências de seus países. Pardo apontou os saldos positivos que a realização das Olimpíadas de Barcelona em 1992 trouxe para a cidade, enquanto Joffe explorou a importância do planejamento de atrações paralelas ao evento como forma de divulgar artistas locais e gerar lucro.

Entretenimento banal para alguns, mídia moderna de possibilidades infinitas cuja história sequer começou a ser contada para outros, os vídeogames fascinam e despertam discussões. Especialistas no segmento, os canadenses Ian Kelso e Jason Della Rocca fizeram um apanhado histórico de como a criação e desenvolvimento de jogos eletrônicos se tornaram uma das parcelas mais importantes na economia de seu país. A indústria, que começa a superar o cinema em lucros, ainda está em defasagem no Brasil. “O País está perdendo uma grande oportunidade quando não trata a área com a atenção que ela merece”, lembrou o mediador, Emiliano de Castro.

Encerrando o seminário, Leonardo Brant mediou o papo de cinema com o inglês Martin Smith e a indiana Sharada Ramanatan. Simpática, Ramanatan é expoente da indústria de Tollywood – especializada em filmes na língua Tamil – que, ao lado da famosa Bollywood, promove o atual boom cinematográfico indiano. Sua apresentação trouxe trechos de filmes, clipes de músicas e chamou a atenção para o interesse dos jovens de seu país por filmes e músicas tradicionais indianas produzidos na década de 60. Segundo ela, os novos realizadores têm adaptado tais referencias e modernizado a tradição sem influência estrangeira. “É como se a Índia estivesse reinventando seu passado”, disse.

Representante da Ingenious Media, especializada no investimento em intangíveis culturais, Smith comentou o universo de possibilidades disponível para os criadores de hoje fornecido pelas novas ferramentas. Celebrou o fim das barreiras entre realizadores e consumidores na internet, mas demonstrou preocupação em relação à pirataria. Sobre o mesmo tema, Brant provocou: “o que acontece é que os atravessadores da indústria ainda não aprenderam a controlar a internet. Embora já bem difundida, a internet ainda é uma mídia nova e causa estranhamento na voracidade do mercado”.


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