Inconsoláveis, João Ubaldo Ribeiro e Tarso de Castro foram chorar a morte de Glauber Rocha na churrascaria Rodeio, então a mais chique de São Paulo, frequentada por presidentes da República, personalidades internacionais, artistas, publicitários, empresários e elite brasileira em geral no dia 22 de agosto de 1981.
Acomodados à mesa, começaram com uísques. Recordavam suas histórias com o grande cineasta e se abraçavam, emocionados. Ubaldo devia a ele a carreira de escritor. “Foi ele que me inventou”, dizia.
Tarso, mesmo sendo gaúcho e inimigo de quem fumasse maconha, era “irmão” do baiano e já planejava uma edição especial da Careta, que dirigia, inteiramente dedicada ao diretor de “Terra em Transe”, embora fosse uma revista de humor. Não conseguiam conter as lágrimas, apesar de serem dois gozadores, geralmente bem humorados e pândegos. Não naquela noite.
O mundo desmoronara. Eles se abraçavam e choravam. A certa altura, um dos garçons foi chamado por um casal que ocupava mesa próxima à dos dois amigos. “Dá para colocar pra fora aquele casal de gays que não para de se beijar naquela mesa ali?” pediu o cliente, revoltado e que não sabia o que acontecia.
Tarso morreu dez anos depois desse episódio, em maio de 1991. Ontem, morreu Ubaldo, no apartamento de cobertura do Leblon “herdado” de Tarso que o ganhara de Caetano Veloso, o verdadeiro dono e outro amigo inseparável da dupla.
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