O emprego formal e os impactos na redução da desigualdade

A ideia deste espaço é mostrar como algumas mudanças ocorridas no Brasil têm impacto na vida de todos nós.

Nos últimos 20 anos, o número de brasileiros trabalhando com carteira assinada cresceu 64%. São mais 20 milhões de pessoas que exibem com orgulho a carteira azul. O assunto aqui é sobre como a ampliação do emprego formal – com seus deveres e direitos – eleva a renda, faz com que o cidadão tenha acesso ao crédito e o torna mais exigente.

Mais exigente: Com o emprego formal, milhões de brasileiros passaram a visualizar no contracheque parte dos impostos que paga. Ou seja, o brasileiro agora conhece o valor exato do Imposto de Renda retido na fonte. Sabendo o quanto paga, exige mais contrapartidas do Estado. Ao procurar o serviço público, o trabalhador encontra qualidade aquém da esperada – insatisfação que ficou clara nos cartazes erguidos nas manifestações de junho. Diante do sentimento de que se paga muito imposto em troca de um serviço ruim, 78% dos brasileiros consideram os impostos mais altos do que deveriam ser. Assim, quanto maior a formalização, mais crítico o brasileiro se torna em relação a todas as esferas do governo.

Pesquisa realizada pelo Data Popular constatou que pessoas que não recolhem Imposto de Renda (autônomos, informais ou desempregados) têm uma avaliação mais positiva dos serviços públicos do que quem trabalha com carteira assinada. Isso vale para segurança pública, educação, saúde e transporte.

Mais perspectiva: Com a alta do salário mínimo acima da inflação dos últimos anos (valorização real), os trabalhadores com carteira assinada passaram a sonhar longe. Além do direito a receber pelo menos o salário mínimo, os benefícios materiais proporcionados pela carteira assinada são numerosos, direta ou indiretamente, como direito a férias, FGTS, décimo-terceiro salário e comprovação de renda para ter acesso ao crédito (a bancarização cresceu 32% desde 2006 até hoje). Esses benefícios abrem portas para importantes mudanças no comportamento das famílias. O brasileiro passa a planejar, sonhar e realizar seus sonhos.

São exemplos claros do ingresso no mundo do consumo via emprego formal as viagens a lazer. Só no ano passado, 10,5 milhões de brasileiros viajaram de avião pela primeira vez. Muitas das passagens foram financiadas pelo adicional de férias que o trabalhador tem direito. Houve também aumento na alimentação fora do lar (impulsionada também por benefícios como o vale-refeição) e maior cuidado com a saúde por meio de convênios médicos corporativos. Empresas que oferecem serviços relacionados a essas atividades foram diretamente beneficiadas pelo aumento da formalização.

Novos desafios: As mulheres brasileiras têm contribuição fundamental para esse cenário. Sua ida ao mercado de trabalho amplia de forma significativa a renda das famílias. No entanto, o déficit de creches ainda é gigantesco no Brasil.

A classe C, representada por 54% da população, só existe graças a esse novo papel feminino na economia. Hoje, 38% dos lares brasileiros são chefiados por mulheres – que passaram de donas de casa a donas da casa. A mulher também está estudando mais. Em duas gerações, o número de filhos caiu de 6,3 para 1,7 por mulher. É nítido que o emprego formal contribui decisivamente com a economia do País. É nesse caminho que o Brasil deve seguir.

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