O festival do Polo de Cinema

Muita gente, do ramo ou não, acha exagerada a quantidade de festivais de cinema realizados anualmente por todo o País. O número cresce e os mais conhecidos e importantes são os de Brasília, Gramado, Recife, Ceará e as Mostras Internacionais de São Paulo e do Rio de Janeiro. O festival da cidade de Paulínia, que realiza sua 3ª edição a partir desta quinta (acontece entre os dias 15 e 22 deste mês), entra no grupo. Mas, como o festival de Paulínia (cidade que fica a 118 km de São Paulo, em uma das mais ricas regiões do Estado, graças a seu polo petroquímico, um dos maiores da América Latina) conseguiu em tão pouco tempo se firmar entre os cinco principais festivais do País? Basicamente por causa da injeção de dinheiro público da prefeitura de Paulínia e do seu Pólo Cinematográfico de Cinema. “Todos os festivais brasileiros dependem, de uma forma ou de outra, de recursos públicos. A diferença central é que a maioria opera por um modelo de captação de recursos incentivados, enquanto Paulínia aplica recursos financeiros do Tesouro diretamente no evento”, nos falou em entrevista o secretário municipal de Cultura, Emerson Alves.

Além do dinheiro público que Paulínia aplica diretamente no festival (este ano, são R$ 3 milhões, segundo nos informou o diretor e curador do festival, Ivan Melo), a vantagem em relação a outros festivais é que o evento está atrelado ao Polo Cinematográfico de Cinema. Criado em 2005, dentro do projeto Paulínia Festival de Cinema, a Film Commission, como é conhecido lá fora, o Polo é um complexo de estúdios, salas de teatro, salas de produção e escolas de cinema que desde 2007 ajuda a viabilizar a realização de filmes. E o que isso traz de vantagens de fato para o festival? Muitos dos filmes que são rodados dentro do complexo de produção cinematográfica, antes de entrar em cartaz nos cinemas ou passar em outros festivais ou mostras, não só no Brasil, como também no exterior, automaticamente entram na lista para o festival de Paulínia. “O Festival de Cinema de Paulínia entrou definitivamente para o rol dos principais festivais do País pela visibilidade que tem na imprensa e também pelo fato de estar vinculado ao Polo Cinematográfico de Paulínia”, diz Ivan Melo.

O festival dos prêmios em dinheiro
O sucesso e a consolidação prematura do festival de Paulínia não acontecem somente pelo fato de ser uma das maiores vitrines para o cinema nacional e do seu vínculo com seu Polo. O êxito se dá porque é o festival, em todo o Brasil, que mais distribui prêmios em dinheiro para os filmes vencedores. Para se ter uma ideia, esse ano o festival, por meio do seu júri oficial e do júri popular, premiará os vencedores (filme e diretor de longa-metragem e curta-metragem de ficção e documentário, ator, atriz, roteiro, fotografia, montagem, som, direção de arte, trilha sonora, figurino) com um total de 650 mil reais. A verba que o filme recebe ajuda um pouco a cobrir os altos custos do seu lançamento (hoje em dia, grande parte de um orçamento do filme vai para o lançamento/distribuição e para a propaganda paga).
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Seleção de filmes ficcionais e documentários
Ivan Melo nos revelou que a seleção dos filmes de longa-metragem, tanto ficcional como documentário, foi muito difícil, e que os seis selecionados em cada uma das duas categorias já podem se considerar vencedores.

“Recebemos excelentes filmes de longa-metragem, não só de ficção como também de documentários, o que tornou nosso trabalho de seleção ao mesmo tempo difícil e prazeroso, dado esse nível de excelência. Isso mostra que estamos cada vez mais no caminho certo e que nosso festival a cada ano atrai mais filmes. Procuramos escolher os filmes não só pela qualidade. Pela maneira como diretores realizaram seus filmes pensando não só no lado autoral, como também no público que o assiste”, analisou Melo.

Os filmes ficcionais que serão exibidos nos seis dias do festival são: 5 Vezes Favela, Agora Por Nós Mesmos, de Manaíra Carneiro, Wagner Novaes, Rodrigo Felha, Cacau Amaral, Luciano Vidigal, Cadu Barcellos e Luciana Bezerra; Broder, do festejado Jéferson De; Desenrola, de Rosane Svartman; Dores & Amores, de Ricardo Pinto e Silva; Malu de Bicicleta, de Flávio Tambellini; e As Doze Estrelas, de Luiz Alberto Pereira.

Na categoria de longa-metragem documentário serão exibidos: As Cartas Psicografadas por Chico Xavier, de Cristiana Grumbach; Leite e Ferro, de Claudia Priscila; Lixo Extraordinário, de Lucy Walker, João Jardim e Karen Harley; São Paulo Companhia de Dança, do pó de arroz dos festivais brasileiros, Evaldo Mocarzel; além de Programa de Case, de Estevão Ciavatta e Uma Noite em 67, de Renato Terra e Ricardo Calil, ambos exibidos com sucesso no último Festival É Tudo Verdade.

Última notícia
Este ano, o filme de abertura, como informamos acima, será a cópia restaurada do maior sucesso do diretor Hector Babenco, O Beijo da Mulher Aranha, que ganha uma pequena mostra dentro do Festival de Paulínia e será o convidado de honra. Apertem o cinto, pois o cinema nacional pede passagem. E visibilidade.

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