Acabei de ler agora no site do Estadão, no meio da manhã deste sábado, uma incrível história humana que se situa entre os extremos da vida e da morte e nos faz pensar nos desígnios do destino determinado por alguma entidade superior para cada um de nós.
“Recém-nascido é encontrado dentro de bolsa na região de Higienópolis – Segundo a equipe médica, no momento em que foi encontrado, ele tinha no máximo 4 horas de nascimento”, diz a notícia do repórter Ricardo Valota, do estadão.com.br.
Algúem que passava pela calçada da rua Piauí, perto da praça Buenos Aires, ouviu o choro de uma criança, avisou a polícia e o bebê foi levado rapidamente para o Instituto da Criança do Hospital das Clínicas, onde seria salvo pelos médicos, que o batizaram de Gabriel.
Ficamos sabendo que o bebê passa bem; a PM fez buscas pela região para encontrar a mãe do menino, mas não a encontrou, e o caso foi registrado no distrito policial do bairro.
Drama, milagre, miséria, abandono, final feliz: em apenas quatro horas, o destino do pequeno Gabriel já teve quase todos os ingredientes dramáticos de uma vida inteira e deixa no seu rastro muitas indagações sobre a sua origem e o seu futuro.
Quem serão os pais desta criança? Onde e como vivem? Onde e como o bebê nasceu? O que leva uma mulher a abandonar o filho logo após o seu nascimento? E se não passasse ninguem pela calçada àquela hora, no começo da madrugada de sábado?
O nome bíblico dado ao recém-nascido me fez lembrar que, durante toda esta semana, travou-se aqui no Balaio um longo e acalorado debate entre leitores comentando os textos que escrevi sobre a permissão dada pelo papa Bento 16 para que os católicos possam usar preservativos, mas só nas relações sexuais com prostitutas.
Nos mais de mil comentários publicados, leitores de todas as religiões, ateus e agnósticos discutiram de tudo, do papel da religião nos dias de hoje às dúvidas que permanecem sobre as origens da nossa existência e os destinos da humanidade, deixando no ar mais perguntas do que respostas e apenas uma certeza para mim: cada vez mais, não tenho certeza de nada e aumentam as minhas dúvidas sobre todas as coisas.
Quando vejo um caso como este do pequeno Gabriel, e não consigo entender o que foi que aconteceu, aumenta minha perplexidade diante do mundo em que vivemos e do que estamos fazendo dele. Confesso que uma história dessas me choca mais do que a guerra contra a bandidagem nas ruas do Rio.
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