Retrucando a declaração imoral do Governador do Estado do Mato Grosso do Sul, o Ministro do Meio Ambiente Carlos Minc saiu-se muito bem citando ninguém menos que o pai da psicanálise, Sigmund Freud, justamente no dia em que são completados 70 anos da morte do gênio. Nas palavras de Minc, “Freud explica que muitas pessoas que têm o homossexualismo enrustido tentam matar o homossexualismo que há dentro dele próprio.” E acrescenta ainda: “Sou um defensor conhecido dos direitos dos homossexuais contra todos os preconceitos.” Em mais de um post deste blog abordamos a questão da sexualidade como primeiro alvo em um conflito entre homens fracos, exatamente porque nós também lemos Freud. Recentemente cheguei até a defender o direito dos “enrustidos” de saírem do armário somente quando lhes for possível, mas acho que o caso do Governador Puccinelli abre uma exceção. Agressão similar não encontra precedentes senão em brigas de calçada, daquelas bem próximas à sarjeta. Quando parte de um Governador de Estado, ganha contornos inadmissíveis, e é exatamente visando o bem público que este homem deve ser refreado e exemplarmente punido. Trata-se de questão onde o direito público supera o direito individual e privado. Lamentavelmente, o Ministro Minc afirma que não ingressará com nenhuma ação contra o Governador que disse que o estupraria, afirmando que “São os eleitores e os tribunais que vão julgar se uma pessoa com esse nível de desequilíbrio está apta a exercer o governo do estado. Eu não vou processá-lo”. O conhecido defensor de nossos direitos nos deixou na mão. Se ele, que poderia agir na esfera Federal, não levará o Governador aos tribunais, quem o fará? Cabe a nós, homossexuais, requerer ao Ministério Público do Estado do Mato Grosso do Sul, cujo Procurador Chefe é nomeado pelo Governador, que abra uma ação pública contra este, por quebra de decoro. Entre o risonho Ministro e o Governador delinquente, ficamos nós, homossexuais, sozinhos a defender nossa causa. Espero que, do meio ambiente, este Ministro cuide com mais afinco.
O Governador delinquente e o Ministro frouxo
Comentários
8 respostas para “O Governador delinquente e o Ministro frouxo”
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Bom dia Lourenço, adoro seu blog.
Ontem à noite me lembrei de uma canção de Cazuza:
“Te chamam de ladrão, bicha, maconheiro
Transformam o país inteiro num puteiro
Pois assim se ganha mais dinheiro
O tempo não para…”Abraços.
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Desculpa a opinião de uma hetero monogamada, mas no meu ponto de vista o Minc talvez não processe por questões políticas, porém acho que a causa gay não fica prejudicada.
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Certamente o governador está com tempo de sobra. Já deve ter atendido todos os seus matogrossenses.
Enquanto isso, o ministro poderia parar de uma vez por todas de falar “abobrinhas”, tirar o colete e começar a trabalhar – de verdade. -
O Minc foi ofendido porque é um Ministro que defende o Pantanal contra a sanha capitalista que quer destruí-lo via plantação de cana de açúcar. Se assim não fosse, não haveria ofensas. O gancho de ser ou parecer ou não homo é apenas conjuntural, porque o Governador quer mesmo é destruir o Pantanal e f.-se o resto. A ofensa foi grave mas chamar o Ministro de frouxo porque não quer se sujeitar ao capengar lento, de anos a fio, nos tribunais, é premiar o ofensor. O Minc está sendo mesmo é muito corajoso, porque enfrenta, no seu trabalho, esse bando de desequilibrados que no MS e em outras partes do país, querem destruir a natureza, que nos resta.
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Este é mais um exemplo dentre os tantos que têm nos afetado direta ou indiretamente. O total desrespeito de grande parte dos da classe política pelo cidadão brasileiro, homossexual ou não, passou dos limites há muito e muito tempo. No entanto, eles estão todos aí. Parece que não se pode esperar muito da justiça ou dos eleitores. Ai de nós, já que pegar em armas me parece um tanto primitivo. Beijas.
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