O movimento estudantil de 1968 pela lente de Amancio Chiodi

Amancio Chiodi/ Reprodução.
Repressão a manifestação estudantil SP/1968.

Até 15 de novembro, o Teatro Studio Heleny Guariba, na Praça Franklin Roosevelt, 184, apresenta a Mostra Movimento Estudantil 1968, com fotos de Amancio Chiodi. Trata-se de um recorte de um dos trabalhos do veterano fotógrafo sobre a repressão. São 35 imagens registradas por ele naquele ano, quando os militares investiram contra os estudantes opositores da ditadura. As fotos resultaram em um livro publicado em 2012, de forma alternativa, com textos do jornalista Roberto Benevides.

Amancio Chiodi/ Reprodução.
Repressão ao Movimento Estudantil em 1968.

Nas primeiras, vê-se a crescente tensão nas ruas, com a cavalaria dos militares investindo contra manifestações, fazendo prisioneiros e reprimindo a população. Vê-se, ainda, a reação das pessoas nas varandas do prédio Grandes Galerias, hoje Galeria do Rock, situado no Largo do Paissandu. Outras, protegidas pelas janelas dos edifícios ao redor, atiravam papel picado em apoio aos manifestantes.

Em seguida, as fotos registram a trágica tomada do XXX Congresso da UNE, iniciado clandestinamente em Ibiúna reunindo mais de mil estudantes. Os soldados da Força Pública chegaram de surpresa e prenderam todos os líderes, inclusive José Dirceu, como se vê em uma das imagens.

Amancio Chiodi/Reprodução.
Ze Dirceu preso em Ibiuna, em 1968.

Por fim, as fotografias revelam o clima da sangrenta batalha ideologica e armada dos estudantes do Mackenzie contra os da filosofia da USP, na rua Maria Antonia, sede da primeira faculdade citada. Neste dia mataram o secundarista José Carlos Guimarães.

Amancio Chiodi/ Reprodução
Atirador no telhado. Conflito na Rua Maria Antônia em 1968.

Amancio Chiodi nasceu em Bauru e antes dos 20 anos se mudou para São Paulo. Logo começou a querer registrar, relatar e denunciar o que estava por trás do véu da ditadura militar. Juntou-se à turma liderada por Sérgio de Souza, defensor da verdade e da liberdade de expressão, que criou o jornal –EX, enfretando a repressão.

De 1973 a 1975, essa turma formada, ainda, por Narciso Kalili, Eduardo Barreto, Ary Normanha, Dácio Nitrini, Hamilton Almeida Filho, Palmério Dória, Suzana Regazzini, Armindo Machado, Sérgio Fujiwara, Mylton Severiano, o Myltainho, e, mais tarde, Paulo Patarra, entre outros, colocou 17 números do –EX nas ruas. Não foram mais porque o governo militar fechou violentamente a publicação, depois de ter dado destaque ao assassinato do jornalista Vladimir Herzog. Há um par de anos, a publicação ganhou uma edição fac simile editada pela Imprensa Oficial e o Instituto Vladimir Herzog.

Nenhum deles parou a luta e por aí seguiu Chiodi. Participou da série Tortura à Brasileira, publicada pelo jornal Movimento, ganhador do prêmio jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos.  Em seguida, com fotos de sua autoria e textos de Myltainho, fez a mostra Vinte casos exemplares, com histórias de tortura.

Serviço
M
ostra Movimento Estudantil 1968
Até 15 de novembro
Teatro Studio Heleny Guariba – Praça Franklin Roosevelt, 184
De terça-feira a domingo, das 14h às 19h
Entrada franca
Mais informações: 3259-6940


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