O mundo sem Dona Lily

Meus caros, estou aqui conjeturando como será o Brasil sem Dona Lily Marinho, falecida há poucos dias. Dizem as (sempre) más línguas que teria sido ela quem proibiu o beijo gay na Rede Globo, não sei se é verdade, mas é bem possível, eis que ela mandava e desmandava no maridão, o antológico Dr. Roberto, que, por sua vez, mandou e desmandou no Brasil. Ela me parecia um personagem do próprio Gilberto Braga, misturando Chica Newman e Odete Roitman. Em um de seus aniversários, ganhou do Dr. Roberto um extraordinário colar de esmeraldas, cujo preço, US$ 1,4 milhão, foi rapidamente informado à boca miúda. Será que agora, falecida a poderosa, e com todo mundo falando tanto sobre os gays, o tão esperado beijo sai? Vale lembrar que outras emissoras já bateram a Globo nesse item, ele já foi mostrado em programas de auditório, e o mundo não acabou por causa disso.

A força que a Rede Globo está fazendo para se dizer GLS, ainda mais depois da cobertura dos ataques homofóbicos de São Paulo, me impressiona. Já falamos aqui sobre a exposição que os gays ganharam nesse momento, quando estamos marcando forte posição no BBB11, a novela Insensato Coração, que estreou ontem, traz um bando de gays, com direito a uma badaladérrima casa noturna em seus cenários, coisa que parece imitar a The Week, pantheon gay no Rio de Janeiro e em São Paulo, deve ter custado uma fortuna, a se justificar ao longo da trama. Vi apenas o primeiro capítulo, não deu ainda para saber a que nível de caricatura chegará o autor, embora ele inspire toda confiança, pois é gay, casado, e assumido. Difícil será estabelecer a trama de um romance gay, sem que os amantes possam se tocar, vamos ver como isso se resolve. De uma coisa vocês podem estar certos: Gabriel Braga Nunes, o vilão do momento, lindo de morrer, já mostrou a que veio, seu olhar frio e calculista, de besta assassina, me impressionou. Ele poderá aprontar todas, mas o que chocará o público, a ponto de dificilmente acontecer, será o famoso beijo gay. É um paradoxo, um ato de amor chocar mais que qualquer vilania, mas nós gays sabemos muito bem o que é isso. O mundo bem que poderia começar a mudar. Abraços do Cavalcanti.


Comentários

2 respostas para “O mundo sem Dona Lily”

  1. Olá Lourenço. Não, não acredito que Lily seja a (única) responsável pelo veto do beijo gay. Embora a história já tenha virado lenda e Lily seja tradicionalíssima, ela tinha uma relação bastante sadia com os granfinos homossexuais que frequentavam as mesmas festas.

    Não sei se foi em entrevista à Marilia Gabriela (no GNT), mas lembro que ela havia dado um parecer bastante friendly sobre a finérre dos homossexuais. Além do mais, não acho que ela apitava taaanto assim dentro de casa. Ela aparecentava ser uma esposa tradicional, nunca solteira (passou a vida inteira casada, embora só tenha se unido a Roberto na terceira idade), que vivia basicamente à sombra dos maridos. Brilhava mesmo nas festas, cercada de jóias, algumas plásticas e maquiagens discretas, como uma boa viada.

    1. Lucon, fico feliz em saber que você me lê… Lily não foi a única, certamente, mas foi única. Ela usou de seu poder várias vezes, o meio cultural brasileiro testemunhou trancos e atropelos dela, que, com a caneta do marido, fez as vontades, próprias, e de amigos (muitos deles gays…), mais de uma vez. Nunca me pareceu homofóbica, e dorava os gays finos que frequentavam sua casa, mas adorou exercer seu poder. Em Brasília, mais de um sofreu com suas canetadas, alguns ex-funcionários do MEC que o digam. Mas tudo isso agora é passado, e só vai ser contado, realmente, daqui a muitos anos.
      Abração do Gui

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