Acabo de ler a matéria da agência de notícias AP (Associated Press) dizendo que as propagandas de artigos para a vagina estão cada vez mais ousadas. A justificativa para isso é a propalada atenção curtíssima das novas gerações, além do crescimento de 30% do mercado para a área. É difícil reter o interesse do público e qualquer anúncio. E aí, uma indústria que somente nos Estados Unidos movimenta anualmente mais de US$ 700 milhões precisa apelar. Assim, despudoraram a pudenda.
A vagina virou, por assim dizer, assunto aberto. Os comerciais estão cada vez mais explícitos. Não apenas comparam produto de higiene íntima, como mostram efeitos de vários depiladores de virilha. Para esse segmento, tem um filme no qual uma mulher caminha por um campo de arbustos selvagens, que vão sendo aparados à medida que ela passa. A mensagem é a de que, ao usar o produto, a freguesa sai das categorias de caatinga e de cerrado e passa à de jardim manicurado. Uma locutora comanda: “Apare o gramado“.
Noutro VT, homens aparecem se matando em campos de batalha de diversas épocas. Uma voz em off diz: “Ao longo do tempo, homens lutaram por ela. Ela é o centro da Civilização. Então, senhoras, mostrem um pouco de amor por ela“. O título da peça é O Poder de V, e anuncia a linha de produtos de higiene feminina da empresa Summer’s Eve.
A genitália feminina caiu mesmo na boca do povo, por assim dizer, depois da peça de teatro Monólogos da Vagina. O espetáculo correu mundo escancarando o assunto e atraindo multidões. Foi o primeiro franchise de órgão sexual na dramaturgia mundial. Antes dele, mal se sabia que o púbis era capaz de levar um papo.
Agora, estão usando até marionetes falando como se fossem a parte da anatomia em questão. Essa ideia não pegou muito bem. O público mais sensível reclamou. Achou-se muito apelativo. A empresa retirou o filme do ar e pediu desculpas. Os analistas de publicidade dizem à AP que esse tipo de erro tende a acontecer. Isso porque há uma pressão enorme para que um comercial adquira capacidade virótica na internet. De minha parte, acho que se deve fugir da ideia de vírus, tratando-se de parte tão sensível. Além do mais, genitálias já estão bombando na net até sem motivação comercial. O que dá de fotos do local na rede não está no gibi.
Mas o que mais me chamou a atenção na matéria da AP foi mesmo o nome de um salão de beleza, em Nova York, especializado na nova onda para a parte mais íntima da mulher. Dizem, embora eu não tenha visto pessoalmente, que o grito da moda é embelezar os grandes lábios com pequenas pedras de cristal. As moças pelam a área e substituem os pelos por alguns pedregulhos brilhantes. Algo como um jardim zen em local improvável. Ou, melhor comparando: cria-se um porta-joias mais luxuoso.
E qual é o nome dos especialistas para esse trabalho de joalheria? Brazil Bronze Glow Bar Spa. Só podia ser mesmo, porque desse assunto de vagina a gente entende mesmo.
Deixe um comentário