GOLPE OU IMPEACHMENT? Para muitos brasileiros, a pergunta que não quer calar desde 15 de março de 2015, quando opositores de Dilma Rousseff fizeram a primeira grande manifestação contra a presidenta. Ao longo dos últimos 12 meses, a opinião popular pôde ser percebida de forma divergente nas manifestações realizadas em dezenas de estados que levaram milhões às ruas.
Algo incontestável é que o povo brasileiro, depois de um recesso da intensa movimentação das jornadas de junho de 2013, voltou a expressar, alto e bom som, o que pensa sobre a crise política.
Para os defensores do impeachment, sua legalidade é inquestionável. Do outro lado, mesmo aqueles que reprovam o governo Dilma têm apoiado quem o defende, por acreditar que o processo de impeachment é uma afronta inadmissível ao Estado Democrático de Direito.
A seguir, Brasileiros reúne opiniões de líderes das forças que têm aglutinado o povo nas ruas, como UNE, Força Sindical, MTST, Movimento Ação Popular, CUT e RUA – Juventude Anticapitalista.
“Os que querem o golpe são os mesmos que querem acabar com a CLT, colocar a terceirização indiscriminada e tirar empregos dos brasileiros. Temos que defender os interesses dos trabalhadores e, neste momento, isso significa defender o mandato da Dilma e defender que o Lula possa assumir o ministério para tirar o País da crise econômica.”
Vagner Freitas
Presidente da CUT – Central Única dos Trabalhadores
“Defender o interesse dos trabalhadores significa defender o impeachment, porque a presidente Dilma levou o País à maior crise da história, recessão profunda, desemprego, empresas fechando, volta da inflação e nenhuma condição de governabilidade. Ou seja, com ela o País não tem nenhuma expectativa de sair dessa situação. Precisamos do impeachment para poder criar um novo governo, que possa dar esperança ao Brasil e, ao longo dos anos, tirar o País desse buraco que a Dilma nos enfiou.”
Paulo Pereira da Silva
Deputado federal (SD-SP) e presidente da Força Sindical
“Há um processo de forte polarização no Brasil. Há mobilizações sociais dos movimentos populares, em defesa da democracia, dos direitos sociais e contra os retrocessos. E há também mobilizações de setores médios da sociedade, algumas delas com viés cada vez mais agressivo. O País está um barril de pólvora. Difícil dizer onde isso vai dar… Agora, quando um governo não tem disposição de atender às demandas das ruas, particularmente quando são reivindicações por direitos sociais, ele costuma recorrer à criminalização
dos movimentos sociais.”
Guilherme Boulos
Coordenador do MTST – Movimento dos Trabalhadores Sem Teto
“Não temos disposição de ir às ruas em defesa deste governo. Mas também não ficaremos calados e acovardados ante as ameaças ao que temos de democracia no Brasil. O ataque não é somente contra o PT. Querem aniquilar os movimentos sociais. Querem impor um ambiente de intolerância e linchamento, onde não há espaço para o pensamento e a ação críticos.”
Excerto de manifesto
da Frente Povo Sem Medo
“De um lado, estão os governistas tentando salvar a presidente. Do outro, oposicionistas como o PSDB e a extrema direita, acusados de promover um golpe. Se o PT cair, acredito que a articulação de esquerda que apoia o partido vai criar alternativa. Ou seja, a Frente Brasil Popular, a CUT, o MST, o MTST e todos os movimentos legítimos de esquerda devem se unir para formar um novo partido que seja capaz de despertar a consciência dos trabalhadores de que é preciso continuar na luta pelo controle do Estado.”
João Vitor Seixas
Um dos líderes do Movimento Secundarista da rede pública de ensino de São Paulo
“Somos contra o impeachment da presidenta Dilma porque nenhuma das acusações que ela sofre configura crime de responsabilidade. A UNE luta por interesses políticos porque o projeto de educação está paralisado justamente por causa dessa crise sem solução. Estamos nos preparando para resistir a essa tentativa de golpe e esperamos que os parlamentares julguem o processo de impeachment de acordo com a Constituição e não por interesses políticos.”
Carina Vitral
Estudante de Economia e presidente da União Nacional dos Estudantes – UNE
“Neste momento, o principal tema do Movimento Ação Popular é o impeachment, que não consideramos golpe, porque há sim um crime contra a nação brasileira, a questão das pedaladas fiscais. Queremos criar uma nova forma de representação. Os movimentos estudantis são pautados por extremos e discutem política de forma extremada e sectarista em um momento em que estudantes estão tendo bolsas do Prouni e do Fies cortadas. A permanência dos alunos e a qualidade das universidades estão em grande derrocada com o governo Dilma.”
Lucas Sorrilo
Estudante de Administração de Empresas e porta-voz do Movimento Ação Popular
“Acreditamos em uma saída à esquerda. O PT não cumpriu um programa político que tenha escolhido a classe trabalhadora ou a juventude. Eles fizeram uma série de alianças políticas com a burguesia que não quer a conciliação de classes. Para se reeleger, Dilma falou que o Brasil era uma ‘Pátria Educadora’ e, depois, cortou mais de R$ 10 bilhões destinados à Educação. O PT não significa uma saída para o povo, mas o impeachment também não vai resolver nada.”
Simone Nascimento
Estudante de Jornalismo e integrante do RUA – Juventude Anticapitalista
“Não somos favoráveis ao impeachment da presidenta Dilma porque ele é inconstitucional. Não existe nenhum crime de responsabilidade contra ela. Se fôssemos levar as pedaladas fiscais em conta, 18 governadores teriam que ser destituídos. A Rede Globo está criando uma ditadura e um golpe jurídico que coloca o povo contra o povo. No fim da história, os mais prejudicados serão os trabalhadores, os negros, as jovens mães e os estudantes beneficiados com o Prouni e o Pronatec.”
Camila Lanes
Presidente da Ubes – União Brasileira dos Estudantes Secundaristas
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