O professor pisou na bola

O professor Kenneth Maxwell, brasilianista de remonta, escreveu em sua coluna na Folha de S.Paulo, no último dia 10, sobre a globalização do futebol. O texto, como sempre, veio repleto de informações interessantes. Mas contém alguns errinhos. O primeiro a saltar aos olhos foi chamar o finado político republicano Jack Kemp de “jogador de beisebol”. Na verdade, o velho Kemp jogou futebol americano. Outro engano segue a lenda de que foram os ingleses que inventaram o chamado “rude esporte bretão”. Gregos, romanos, índios das Américas e povos da Ásia já pelejavam no ludopédio há milênios. [nggallery id=14271] Basta, por exemplo, ver figura em alto relevo no Ático de Lekythos, na Grécia. Nele, um craque – pelado, como convinha – controla com categoria uma bola na coxa. Três séculos antes de Cristo, os militares chineses já praticavam o cuju (chutar bola), em que uma esfera de couro era disputada por dois times e deveria ser colocada em um buraco feito em tela de seda esticada por moldura de bambus. Enquanto isso, na Mongólia, os chamados “bárbaros” saíam driblando, fazendo embaixadinhas, tabelando e dando bicos em cabeças decepadas de inimigos. Não tinham, na verdade, muito método e a coisa toda era meio anárquica. Tanto que o número de “pelotas” era múltiplo. Ou seja, futebol é como o fogo foi descoberto em vários cantos do planeta. O que os ingleses fizeram foi colocar ordem nessa bagunça, estabelecendo as regras do jogo (no Trinity College, Cambridge, em 1848). A partir daí, os bárbaros teriam de jogar com apenas uma cabeça cortada.Por último, vai um conselho ao bom professor: sintonize a ESPN ou a rede ABC para assistir à Copa. Eles não são tão histriônicos, como os sul-americanos, e carecem da emoção necessária. Tentam compensar isso com transmissão em 3D. Mas a grande vantagem que apresentam é a de não secar o time brasileiro. Na hispânica Univision, o locutor oficial é um argentino – a quem chamo carinhosamente de “El Cuervo”. Esse urubu porteño sempre torce contra o Brasil. Quanto enfrentarmos a Coreia do Norte, ele se dirá coreano desde criancinha.

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