Tinha Corintians pela Libertadores, na Globo, e Santos pela Copa do Brasil, no Sportv, no mesmo horário, na mesma noite desta quarta-feira. Claro que resolvi ver o jogo do Santos – e fui premiado com mais um fantástico espetáculo do melhor futebol do mundo neste momento. O Santos meteu oito e poderia ter feito vinte no Guarani, na Vila Belmiro, tal foi a sua superioridade em campo. Quem não viu não sabe o que perdeu.
Que Barcelona, que Messi, que nada! Não tem para ninguém. O torcedor brasileiro não via nada parecido desde o Santos de Pelé e o Botafogo de Garrincha, que encantaram o mundo nos anos 50 e 60 do século passado, jogando um futebol do outro mundo. Eu vi.
Meio século depois, o fenômeno se repete na mesma Vila Belmiro. Em lugar do menino Pelé, agora tem um moleque chamado Neymar, autor de cinco gols de cinema, um craque que brinca com a bola com a facilidade e a felicidade de quem toma um sorvete na praia.
Como em 1958, quando Pelé começou a comer a bola, estamos agora às vésperas de uma Copa do Mundo. Mais velho do que Pelé na época, Neymar, que acabou de completar 18 anos, clama por uma convocação para a seleção brasileira o mais rápido possível, a tempo de disputar os dois amisotosos previstos para antes do Mundial da África do Sul, se é que alguém ainda tem alguma dúvida.
Neymar é, de longe, o melhor jogador brasileiro em atividade hoje. Quem serão os outros 21 eu nem discuto, mas ele não pode ficar fora do avião que levará o Brasil para a África no dia 28 de maio.
Depois dos 8 a 1 contra o Guarani, a nona goleada santista este ano – o time já marcou 87 gols na temporada, média de 3,6 por jogo – nem ele mesmo resistiu ao óbvio ululante, como diria Nelson Rodrigues, e sapecou nos microfones, sem medo de ser feliz: “A cada minuto, a cada segundo que passa, eu me vejo com a camisa da seleção brasileira”.
Todo mundo vê isso, menos o nosso Dunga, que ainda não se manifestou sobre o personagem que se tornou uma unanimidade nacional. O técnico da seleção brasileira já admitiu até levar para a Copa um certo Hulk, que nem sei onde joga, mas sobre Neymar não foi capaz até agora de dar sequer um palpite.
O que Dunga está esperando? Neymar já!
Em tempo: o pior, lembrei-me agora, é que domingo tem o segundo jogo do Santos contra o meu São Paulo pelas semifinais do Paulistão, na Vila Belmiro. Deus tende piedade de nós
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