O que eles fazem para superar o baixo-astral

O Brasil não tem vivido uma ilusão. O País saiu do ostracismo, passou por severas crises políticas e econômicas, mas alcançou o patamar de sétima economia mundial, com o aumento significativo da classe média. Não é pouca coisa. Mas a memória é o que constitui a identidade das pessoas. Sem ela, realmente não sobra muita coisa. Por isso é importante lembrar que já passamos por solavancos políticos e sociais, e trocamos de moeda incontáveis vezes na esperança de estabilidade. Isso tudo depois de atravessarmos um regime militar feroz e assassino. Quem já se esqueceu da época em que os preços eram remarcados diariamente? Dos salários congelados? Das filas nos supermercados?

Demorou para acertar o prumo. Mas acertamos. É fato que agora que passamos por momentos de dificuldades, anabolizados por atritos políticos que contaminam a economia brasileira e, consequentemente, afetam o nosso humor. O clima é de perplexidade. Se o País avançou tanto em tão pouco tempo, como surgiu essa crise de forma súbita? Afinal, de qual crise estamos falando? A real, a verdadeira ou a potencializada por um mecanismo perverso, que desvirtua a própria realidade, criando um mal-estar generalizado?

Para responder a essas perguntas, a reportagem da Brasileiros foi a campo a fim de saber como as pessoas estão se organizando na prática. A constatação é que existe algo de mágico no processo de expectativas. Em grande medida, a superação das adversidades se alia ao desejo de recuperação da confiança. Na teoria, o psicanalista Christian Dunker, professor livre-docente da USP, faz um “diagnóstico” do momento e propõe uma nova interpretação do caráter brasileiro. E ele crava: “Estamos em um momento de transição”.

Abaixo, leia os depoimentos:

O Brasil é muito melhor hoje – Juca Kfouri
Jornalista esportivo e militante político, como se define: “Não desassocio futebol de política nem política do futebol”. Mantém três colunas semanas no jornal Folha de S. Paulo, comentários diários na rádio CBN e o Blog do Juca no portal UOL. Ele nem pensa em diminuir o ritmo

Momento de investir e crescer, Deusmar Queirós
Fundador e presidente da Pague Menos, a terceira maior rede de farmácias do Brasil, atrás da Drogasil e Drogarias Pacheco/São Paulo. Ele está tão otimista que garante a abertura de 90 pontos só neste ano

Tempo para a superação, Carlos Ribeiro
Dono da Cacupe Editora em Florianópolis, alterou sua forma de trabalhar

Polarização artificial, Andrea Kauffmann-Zeh
Para a cientista, que vive em Belo Horizonte, a pressão da sociedade é legítima porque quer um País melhor, menos corrupto e mais produtivo

Vai passar – Wanderley Nunes

Para o cabeleireiro, o ser humano tem mania de reclamar de tudo

Surto fascista – Ana Massochi

Dona de restaurantes, está preocupada com a onda conservadora

Mudança de hábito e rota – José Francisco Sika

Em 2005, caminhoneiro chegou a ganhar quase R$ 8 mil por mês, fazendo duas viagens de ida e volta para lá.

Um caso universitário – Mayara Bezerra dos Reis Leite

Estudante entrou no FIES em 2012. Dois anos depois, quase teve de parar o curso

Chance de replanejar

Joceval Santana, 46, jornalista e produtor cultural em Salvador, acha que as pessoas têm a percepção do caos

Por reforma política

Carlos Hafner, 57, corretor de seguros e previdência em Porto Alegre, diz que as pessoas cometem erro ao vender ações da Petrobras a preço de banana

Força para recomeçar

Saulo Kainuma, 62, fotógrafo de publicidade em Salvador, diz existir um mal-estar generalizado, mas continua na batalha

Muita calma

Lucia Bertini, 53, psicóloga e assessora da Secretaria do Estado da Justiça e da Cidadania do Ceará, diz que Fortaleza vive “clima de ódio”


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