Queridos, feliz ano novo! Esse é meu post de número 383, não entendo de numerologia, mas acho que é um bom presságio que a soma seja 2, número par. Ano novo, vida nova, pelo menos assim gostaríamos que fosse, ver superados os problemas que nos infernizaram ano passado, como que em um passe de mágica. Não é bem assim, essa foi minha 44ª virada de ano, o que se renova são as energias, o otimismo, e bola pra frente que atrás vem conta para pagar. Temos Dilma na presidência, e isso me anima. Não votei nela, preferia uma mudança geral na equipe de Brasília, pois ainda acho que Lula foi simpático, mas desdenhou os homossexuais, irritei-me quando a ABGLT foi beijar a mão dele, chamando-o de Papai-Noel, puro show para a mídia, de gente medíocre. Lula fez um gesto simpático aqui, outro ali, nos inseriu em um pretensioso Plano Nacional de Direitos Humanos que parece feito para não entrar em prática jamais, e acabou instruindo seu líder no Congresso para que não entrasse em polêmicas tentando votar os itens que nos diziam respeito, não queria confronto com a poderosa bancada conservadora. Não são apenas os evangélicos que nos perseguem, existe muita gente que não age por religião, mas por puro preconceito homofóbico. Belas vitórias legislativas, como aquelas que deram ao mundo os congressos argentino, aprovando o casamento homossexual naquele país, e o norte-americano, derrubando a famigerada lei don’t ask, don’t tell, são coisas inimagináveis para mim aqui no Brasil. Tivemos nossas vitórias no último ano, mas elas vieram pelo judiciário, formado por gente de melhor nível, e que nos permitiram a adoção de crianças, reconheceram as uniões homoafetivas para fins previdenciários e tributários, e que já sinalizou que reconhecerá o direito ao casamento, baseado no princípio da igualdade constitucional. Nossa guerra, portanto, não está perdida, teremos boas batalhas pela frente.
Dilma me anima, pois não é de fazer jogo mole. Os evangélicos tentaram arrancar dela uma carta em que se comprometia a vetar o casamento gay, mas ela respondeu pela tangente, falando em casamento religioso. Sabe que o Brasil não poderá andar na contramão do mundo, não por muito tempo, e teremos de aprovar nosso casamento civil. Acredito que ela queira isso, e que seja capaz de fazê-lo. Acredito no apoio dela às nossas causas, que nos reconheça como iguais, que criminalize a homofobia. Espero isso dela. É uma mulher de fibra, inteligente. Poderá contar com a ajuda poderosa dos senadores de São Paulo, Marta, Suplicy e Aloysio, pois são pessoas de primeira linha. Quase chorei quando ouvi o discurso de posse, e, repito, não votei nela, mas posse de presidente é história. Guardei uma frase no coração, que poderá ser um lema, ou um grito de cobrança: “Serei presidenta de todos os brasileiros”. Dilma é, portanto, presidenta de todos os homossexuais, e não poderá se esquecer disso. Cobraremos. Abraços do Cavalcanti.
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