O retorno do Cine Marabá

O Cine Marabá voltou a exibir filmes desde o último final de semana. Após funcionar por 63 anos ininterruptos, foi fechado para reforma em 2007 pela distribuidora PlayArte, que investiu cerca de R$ 8 milhões no restauro do local. A sala de cinema, inaugurada em 20 de maio de 1944, volta a funcionar exatos 65 anos depois de sua estreia, só que em 29 de maio de 2009.
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Os recepcionistas estavam elegantemente vestidos, remetendo aos tempos áureos daquele lugar, mas com um toque de modernidade. As pessoas aglomeradas mal podiam esperar para conhecer as novas salas de cinema. O Marabá tinha uma sala única, com capacidade para 1.655 pessoas, e agora foi ampliado e tem cinco. A maior tem capacidade para 440 lugares e mantém desenhos laterais originais da época do velho Marabá, que eram cobertos pela antiga tela de cinema. As outras quatro salas possuem entre 120 e 170 lugares cada. Todas estão forradas com um esfuziante forro vermelho e as caixas de som e a tela são de última geração.

Geraldo Cavalcante, 52, começou sua carreira no Marabá com funções simples, mas hoje se orgulha de ser o responsável técnico de projeção. “Eu vi muitos filmes aqui, como E.T. – O Extraterrestre. Neste mesmo lugar (sala 1), foram produzidos vários filmes. Ali (e aponta para as poltronas), o Antônio Fagundes e a Marieta Severo gravaram uma cena de O Corpo. Está um espetáculo, fico emocionado. Sinto-me realizado de estar aqui hoje trabalhando nessa reinauguração”, afirmou.

Os jovens Rafael Muniz de Castro, 19, Tadeu Muniz, 21, e Edson Neves, 20, vestidos rigorosamente com uniformes para recepcionar os espectadores, não conheciam o Marabá antes, mas se sentem felizes por fazer parte desse momento histórico e de resgate do lugar. “Está lindo, bem decorado, um luxo. Fiquei feliz com a notícia do retorno deste cinema até porque sempre ouvi falar dele pelos meus pais”, explica Neves.

A advogada Regina Sales, 49, estava animadíssima. “Eu venho aqui há anos, já vi muitos épicos aqui, como Ben-Hur. O retorno do Marabá até parece a história do Cine Paradiso (do filme Cinema Paradiso). Achava que o Marabá não iria ser recuperado, mas recebi muito entusiasmada a notícia do retorno”, conta Regina. A advogada destaca ainda que o Marabá é um dos poucos cinemas de rua de São Paulo. “A mágica do cinema se perde um pouco quando vamos ao shopping. O Marabá mantém a magia de outrora, quando ir ao cinema era um dos melhores programas que se poderia fazer.”

Fernando Elimelek, 64, nascido no Cairo (Egito), mora no Brasil desde 1957, apesar de manter um leve sotaque. Ele foi à reinauguração com a esposa e com o filho, o pequeno Patrick, 6. “Vi filmes desde a minha infância aqui, era um local onde as pessoas se encontravam para se divertir, era a cinelândia paulistana. Trouxe meu filho aqui hoje com quase a mesma idade que vim pela primeira vez. Dessa forma estou resgatando essas boas lembranças e mostrando a ele um lugar importante para mim, pessoalmente, e para a história da cidade de São Paulo”, revelou.

O Cine Marabá fica na avenida Ipiranga, 757, no centro de São Paulo, foi aberto ao público no dia seguinte à reinauguração, no sábado (30), e promete ajudar na revitalização daquela parte do centro da cidade. São Paulo merece, e nós também!


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