Foto: Ricardo Nogueira/Folha Imagem |
Obstinado, teimoso, mal-humorado, ranzinza. Vencedor. O dia 7 de dezembro de 2008 ficará guardado na história do São Paulo Futebol Clube e na história do futebol brasileiro. Mas, mais do que tudo, na memória e no coração de Muricy Ramalho.
Porque, mais do que ninguém, esse tricampeonato seguido – 2006, 2007 e 2008 – é dele. Principalmente o título de 2008. A temporada marcada por erros da diretoria são-paulina. A séria e sóbria gestão capitaneada pela dupla Marcelo Portugal Gouvêa (um grande caráter, como disse Rogério Ceni, que dedicou o título ao ex-presidente, falecido no dia 29 de novembro) e Juvenal Juvêncio têm crédito.
Desde que assumiu o poder no Morumbi, em 2002, acertou mais do que errou. Mas como errou neste 2008! Contratações duvidosas, declarações inoportunas e questionamentos sobre a capacidade de um técnico bicampeão nacional. Parecia que o time sairia do topo, ao menos em 2008. Mas, aí Juvenal voltou a dar soco na mesa e, como em 2007, bancou Muricy. Aí, o homem trabalhou…
Recuperou jogadores, como Hugo, revelou Jean, fixou a dupla de frente com Dagoberto e Borges, que foi decisiva na reta final, usou Zé Luis para alterar o esquema tático no meio do jogo e treinou. Treinou demais! E lá se foram 18 rodadas sem perder…
Não deu outra. Muricy “vestiu” o terno: 2006, 2007, 2008. Igualou Rubens Minelli, um de seus mestres, com três nacionais seguidos (1975, 76 pelo Inter e 77 – este último o primeiro título do SPFC), mas se superou. Superou os próprios limites, superou as teimosias e até superou o maior mestre, Telê Santana, o “Seu Telê”, como ele se refere ao técnico que marcou época no São Paulo, com as duas Libertadores e os dois Mundiais, mas que venceu “só” dois Brasileiros (1971, pelo Atlético-MG, e 1991, pelo próprio São Paulo, iniciando a hegemonia no início da década de 1990).
“Isso não existe, meu!”. É, caro Muricy, isso não existe mesmo!
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