O tio quarentão

A revista britânica Q disse, certa vez, que era virtualmente impossível que se passe um minuto sem que The Dark Side of The Moon toque em algum lugar do planeta.

Possivelmente, a revista está certa.

Com quase 40 milhões de unidades vendidas no mundo todo (sem contar os downloads!), a maior de todas as obras-primas do Pink Floyd atravessou o tempo.

E lá se vão quarenta anos desde o lançamento, em 1º de março de 1973 (no Reino Unido, o álbum chegou às lojas no dia 24 de março).

Para cada nova geração de adolescentes transpirando dúvidas, angústias, descobertas e curiosidades, em qualquer lugar do globo, lá estará Dark Side para mostrar o caminho. Para apresentar o que, de fato, é o ser humano e a vida.

Assim, o disco alcançou o status de eternidade.

Tempo. Dinheiro. Sonhos. Nós. Eles. Loucura. Riqueza. Pobreza. Guerra. Paz. Vida. Morte.

Tudo está lá. Com espantosa lucidez, o álbum apresenta os temas fundamentais e transita entre a melancolia trágica e o otimismo redentor.

“O potencial que os seres humanos possuem para reconhecer a humanidade do outro, e sua resposta a isso, com empatia, e não antipatia”, disse Roger Waters, o gênio genioso por trás das composições de Dark Side.

“Breathe, breathe in the air, don’t be afraid to care!”

“Hanging on in quiet desperation is the english way.”

“Money it’s a hit”.

“With, without, and who’ll deny that’s what the fightings all about”.

Letras com uma atualidade assombrosa.

Claro, as melodias também estão lá.

O quê dizer de The Great Gig in The Sky, o encontro do delicado piano de Richard Wright com a voz celestial de Clare Torry?

E do solo sensual da guitarra de David Gilmour em Time?

Ou da bateria de Nick Mason em Money, uma aula de ritmo e precisão?

Ou ainda da visão futurística de On The Run, a primeira música com elementos da eletrônica?

Letras e melodias floydeanas (e freudianas!) que conversam, em silêncios e hiatos de uma beleza etérea, divina, onírica.

Um clássico.

Dark Side é o tio quarentão que mostra ao sobrinho adolescente como o mundo pode ser triste e, ao mesmo tempo, assustadoramente belo.

Vida eterna ao tio quarentão.

P.S.: Para saber mais sobre Dark Side, recomendo o livro “The Dark Side of The Moon – os bastidores por trás da obra-prima do Pink Floyd”, de John Harris. Partes deste texto foram inspirados no ótimo trabalho de Harris, que traz ainda muitas curiosidades sobre o disco. Outra recomendação é o documentário Classic Albums, clique aqui e assista.

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