Olimpíada no Rio muda até o astral do noticiário na mídia

Assuntos mais comentados da semana

A crise em Honduras foi disparado o assunto mais comentado da semana em toda a mídia brasileira. Só aqui neste Balaio foram publicados quase 700 comentários sobre o impasse hondurenho, fora um monte que me vi obrigado a deletar por conter ofensas graves.
Para se ter uma idéia do que isso representa em repercussão, esse número corresponde praticamente ao total de mensagens recebidas pela Folha de S. Paulo (698) a respeito de todos os assuntos publicados pelo jornal durante a última semana.
Publico abaixo a relação dos temas que provocaram maior participação dos leitores no Balaio, na Folha e na Veja, as duas publicações impressas de maior circulação no país, como faço todos os domingos.

Balaio

Honduras: 682
Guerrilha do Araguaia: 227
O vento e os tucanos: 75

Folha

Honduras: 148
Olimpíada 2016: 81
Enem: 50

Veja

Honduras: 87
“The United State of Sobral”: 47
Ana Beatriz B. Silva: 33

***

Bastaram aparecer as três letras mágicas do RIO na placa erguida pelo presidente do COI em Copenhague, na sexta-feira, como vencedor da disputa para sediar a Olimpíada de 2016, para mudar de uma hora para outra o astral do noticiário na imprensa brasileira. De uma hora para outra, a mídia voltou a sorrir.

Desta vez, ao contrário do que costuma acontecer quando se trata de algum fato positivo para o país, o registro se deu sem ressalvas – nada dos mas, poréns e, no entantos, que costumam acompanhar as manchetes nestes raros momentos de felicidade em meio a uma crise e outra.

Claro que aqui e ali alguns veículos e colunistas lembraram o grande desafio para providenciar em sete anos toda a infra-estrutura e as instalações esportivas necessárias para o evento – até o presidente Lula falou disso em seu discurso – e os perigos do superfaturamento nas obras, mas o ufanismo desta vez superou largamente o mau humor do noticiário.

Não era para menos. Era só ver a quantidade de anúncios relativos ao tema que abarrotaram páginas e intervalos comerciais em todas as mídias no dia seguinte à conquista do Rio.

Os maiores anunciantes do país aproveitaram o gancho da Olimpíada para inundar todos os espaços com mensagens de otimismo e fé no Brasil, e não só porque sediará a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016, mas destacando também o bom momento vivido pelo país na economia e em todas as outras áreas da vida nacional.

Falou-se muito no resgate da autoestima do carioca e do brasileiro, imagens da vitória em Copenhague foram repetidas à exaustão, até os mais críticos, que nunca conseguem enxergar nada de bom acontecendo no Brasil, acabaram se rendendo.

O clima contagiou âncoras e colunistas, repórteres e comentaristas esportivos, tudo virou uma grande festa. Em outras circunstâncias, eles podem até brigar com os fatos, mas ninguém é valente o bastante para jogar contra o departamento comercial das empresas.

Afinal, de todos os setores da nossa economia, o primeiro beneficiado a ganhar muito dinheiro com a vitória do Rio foi exatamente o da indústria da comunicação.

Bom domingo, boa semana a todos. E viva nós! Nós também podemos!


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