Ondas gigantes no Havaí

Estava dentro do avião chegando a Oahu, ilha principal do Havaí. Ao meu lado, uma típica família havaiana, com três crianças, uma delas que não parava de chorar na viagem toda, de 5 horas, e do outro lado, um japonês que fazia barulhos terríveis com a boca. Foi nesse cenário que o comandante anunciou: swell de 40 pés entrando no North Shore!!! Minha sorte tinha mudado, não via a hora de pousar e ir pra lá.
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Cheguei, peguei um táxi, desci no hotel e fui atrás de carro para alugar. Fui ao shopping vizinho em duas locadoras e recebia a informação da atendente: “Não há mais carros para hoje, foram todos alugados por causa do swell que entrou”. Saí desolado e encontrei bem em frente ao hotel uma pequena locadora. Lá a atendente, a loira Feith, me falou: “Faz dez anos que não acontece esse swell, por isso o North Shore está crowd.” Enfim, aluguei o Cobalt da Chevrolet (parece um Corsa sedã maior, mas automático), liguei o rádio e os locutores enlouquecidos entrando ao vivo dando as notícias sobre Waimea. Peguei o mapa e fui em direção a H1 (Highway 1), um trânsito típico de marginal no horário de pico e depois peguei a H2, passei pelas plantações de abacaxi e finalmente avistei o marzão. No caminho a placa indicando: Dangerous, high surf this week (Cuidado, surfe intenso nessa semana).

Passando Haleiwa já começou o crowd, uma fila de carros interminável, andando e parando, o sol já começava a dar sinais de que ia se pôr, num amarelo forte puxando para o laranja. Da estrada eu via e pensava se ia dar tempo. Mais uma curva e lá estava ela, Waimea Bay, amontoada de gente sobre os guard rails, em cima dos carros estacionados à beira da estrada. Passei a muvuca, estacionei o carro na área contígua, subi correndo para a estrada e ver melhor.

A onda fica longe, os surfistas ficam pequenininhos, mas o incrível é que a onda parece desabar em câmera lenta, tal o tamanho dela. Honestamente, só pela lente da câmera deu pra ver os detalhes.

Tudo isso aconteceu em meio a 25ª edição do Eddie Aikau, campeonato realizado pela Quiksilver aqui em Waimea. No dia seguinte, as ondas arrebentaram em épicos 12m a 15m.

Kelly Slater deu mais um show e a galera ia abaixo a cada onda sua, mas desta vez não deu. O nove vezes campeão mundial ficou apenas em segundo, com 10 pontos de diferença para o big rider californiano de San Clemente, Greg Long. Os havaianos Sunny Garcia e Bruce Irons ficaram em 3º e 4º lugares, respectivamente.

O campeonato é uma homenagem ao surfista, nadador-salvador e waterman havaiano Eddie Aikau, que faleceu no mar quando procurava ajuda para salvar os seus amigos, que estavam afundando em uma canoa.

O Eddie Aikau foi o mais importante evento da temporada, apesar de ainda estar rolando o Pipe Master, que decide o compeão do WCT (mundial). E foi o mais importante porque fazia pelo menos 10 anos que não entrava este tipo de swell (como se fosse uma ressaca, que se forma por tempestades no Alaska e que trazem ondas gigantescas para o Havaí).

O evento que rolou em Waimea na segunda e terça-feira (7 e 8) tem uma janela que vai de dezembro a janeiro, ou seja, só acontece se entra o swell perfeito. O interessante é que parou tudo. Os turistas e o pessoal de Honolulu, capital de Oahu, principal ilha, vieram pra cá e realmente foi um clima diferente, de comoção similar a espetáculo de final de campeonato!


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