ONU pede empenho no combate à subnutrição em todo o mundo

Foto: Alberto Gonzáles Farran/UN/Fotos Públicas
Foto: Alberto Gonzáles Farran/UN/Fotos Públicas

Combater a subnutrição e evitar que os alimentos sejam instrumentos de pressão política e econômica. Esses foram os principais pontos debatidos durante o primeiro dia da 2ª Conferência Internacional sobre Nutrição da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês).

 Segundo o diretor-geral da entidade, o brasileiro José Graziano da Silva, é preciso “remodelar os nossos sistemas alimentares para enfrentar a subnutrição”. Ele ainda destacou que “o mundo está produzindo comida em quantidades suficientes, mas esta disponibilidade não está sendo traduzida em uma nutrição adequada”.

 Seguindo a linha do documento geral da FAO, o diretor ressaltou que a alimentação é uma questão pública e que é preciso “estabelecer um equilíbrio entre os interesses dos produtores e dos consumidores”. Silva ainda destacou que é preciso que a nutrição seja ligada também à sustentabilidade e aos sistemas sanitários de cada país, criando um esforço unido e coordenado.

O documento firmado hoje, chamado de Declaração de Roma, tem uma visão global dos problemas na alimentação dos dias atuais. Ele ressalta que “os alimentos não devem ser usados como instrumentos de pressão política e econômica”, mas que a “excessiva” volatilidade dos preços de toda a cadeia alimentar pode incidir negativamente na qualidade e na segurança dos alimentos que as pessoas consomem.

 Além da preocupação com a venda e a origem da comida, a declaração pede mais cuidado com as crianças. “Deve ser encorajada a adoção de dietas sadias nas entidades para as crianças, nas escolas, nas instituições públicas, nos locais de trabalho e em casa. Os governos devem proteger os consumidores, especialmente as crianças, da publicidade e da comercialização de alimentos impróprios para elas”.

Os participantes do evento também demonstraram preocupação com as epidemias, especialmente o ebola, para a segurança alimentar e a nutrição. Eles afirmam que a doença representa “um enorme desafio” para a comunidade internacional.

 O texto mostra que a desigualdade é um dos fatores mais importantes para colocar em risco a alimentação adequada dos países.

“Reconhecemos que as situações bélicas e pós-confrontos, as emergências humanitárias, as crises prolongadas entre as quais aparecem a seca, as inundações, a desertificação e as pandemias, comprometem a segurança alimentar e a nutrição”, destacou o documento.

De acordo com a FAO, cerca de 805 milhões de pessoas no mundo foram e são vítimas da fome crônica nos últimos dois anos. A subnutrição, apesar de estar diminuindo nos últimos anos, atingiu 161 milhões crianças com menos de cinco anos, sendo uma situação “inaceitável” para a entidade.

Autoridades se manifestam

Para o presidente anfitrião do encontro, Giorgio Napolitano, “a decidida e vigorosa mobilização internacional para combater a praga da fome e da subnutrição, que atinge ainda milhares de pessoas, conseguiu significativos progressos desde 1992, quando ocorreu a primeira edição da conferência”.

 Já para a diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan, “a boa alimentação e as políticas ligadas à nutrição devem ser reforçadas reciprocamente” e não podem ser planificadas de maneiras isolada. Para Chan, é necessário criar políticas “fortes, coerentes e inteligentes” na questão da produção agrícola, na industrialização dos alimentos e, consequentemente, na nutrição das pessoas.

A ministra italiana da Saúde, Beatrice Lorenzin, lembrou ainda que a próxima Expo 2015, que será realizada em Milão, pode se transformar “em uma plataforma para dar impulso e confrontar o tema da alimentação e o combate da fome no mundo”. Segundo ela, a resolução do problema só será resolvida quando houver uma aproximação de vários setores da cadeia produtiva.

Para o ministro das Relações exteriores do país, Paolo Gentiloni, há muito o que fazer, mas a conferência mostrou que vários avanços foram atingidos.

“Em 1992, eram mais de 1 bilhão o número de pessoas subnutridas. Nos últimos 22 anos, houve uma queda de 11,3% nesse dado”.

A segunda edição do evento continua até a próxima sexta-feira (21).


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