Meus caros, foi só chegar ao Rio, na segunda-feira, e ouvir reclamações dos cariocas por conta da matéria publicada pela Revista Veja neste final de semana, dizendo o quão gay é Buenos Aires, nossa vizinha portenha. Afinal, quem ganhou o título de melhor destino gay de 2009? Não vou me irritar, só respondo o seguinte: falar bem de Buenos Aires significa falar mal do Rio? Mudaram a Farme de Amoedo para lá? Não sejam infantis. Tudo aquilo que defende, valoriza, protege, e reconhece os gays, favorece a todos nós, não importa aonde aconteça no mundo. A eleição da prefeita gay em Houston, Texas, estado dos cowboys, nos ajudou aqui, pois trouxe mais esta referência para nosso movimento, mais este exemplo para nossas argumentações. Da mesma forma, quando a igreja sueca sagrou a bispa lésbica, ganhamos mais esta informação, uma deliciosa comparação das bispas de lá com as bispas de cá. Os avanços dos direitos dos gays no Uruguai, ou em Israel, nos favorece? Sim, é lógico, nos dá um belo empurrão. O movimento gay é mundial, não tem disputa quadrangular nem fase eliminatória. Nós ganhamos com a pancadaria de Stonewal, nos anos 1960, Harvey Milk nos ajudou, nos anos 1970, todos sofremos juntos com a AIDS, dos anos 1990 até hoje. Todos ganham com a conquista do país vizinho.
O movimento gay é parte da nova era, sobre a qual já falei aqui, e que, repito, não significa o fim dos tempos. Cariocas queridos, a vocês eu só digo o seguinte: nenhum rio corre para trás, todos eles acabam no mar, e, quando outro país, outra instituição religiosa, reconhece e ajuda os gays, isso é como se mais um afluente desembocasse no nosso movimento, e nos desse mais essa força. E parem de reclamar ou dar pití. Doeu o cotovelo? O remédio é sentar ali por Ipanema, e olhar os garotos de sunga, jogando futevôlei, ou caminhando pelas calçadas. Muitos de nós ainda vamos nos casar sim, aqui mesmo no Brasil, nos próximos anos. Talvez demore mais 10, 15 anos, mas, na medida em que esta seja a regra normal e homogênea mundo afora, o Brasil vai seguir esta corrente, e se juntar a este rio. Afinal, 10 ou 15 anos, na história, não é nada.
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