Os cabarés de Berlim

Miniteatro, 2009

Meus caros, não faço a menor ideia se este Kabarett seria sequência ou consequência daquele Cabaret do filme, baseado no livro de Christopher Isherwood, em que Liza Minnelli e Joel Grey arrasavam cantando, para um  Michael York jovem e lindíssimo. As indicações são as melhores possíveis, pois o convite veio por Celso Curi, do Guia OFF, fonte mais IN do teatro brasileiro, e o teatro é o delicioso Miniteatro, da Praça Roosevelt, em São Paulo, que tende a seguir a analogia dos menores frascos, sempre pelos melhores perfumes. Ambientado nos anos 1940, o espetáculo mistura personagens do início do século com outros da Berlim de hoje, e, muito adequadamente, começa à meia noite de sextas-feiras  e sábados, até 28 de novembro.

Muito embora a Alemanha do início do século XX seja mais conhecida pelas referências de Primeira Guerra, depressão, ascensão de Hitler, e  Segunda Guerra, Berlim era a capital gay da Europa.  A primeira entidade de defesa dos direitos dos homossexuais do mundo, a Wissenschaftlich-humanitares Komitee, foi criada lá, em 1897! Cabaret é uma das breves histórias que formam o livro Adeus Berlim, em que Isherwood reúne várias outras, quase autobiográficas. Perdoo quem não tenha lido o livro, mas quem nunca viu o filme terá de se auto destruir em cinco dias se não o fizer, pois marcou época, Liza Minnelli ganhou um Oscar com ele, e May Be This Time e Cabaret são músicas obrigatórias – ouçam e compreenderão. Não sei se a temática deste espetáculo, que estreia hoje, é gay, ou não, realmente não importa. A produção, e os ingredientes, indicam coisa boa.

Isherwood e Auden
Isherwood e Auden

Isherwood é um personagem gay obrigatório, foi casado com W.H.Auden, um dos maiores poetas de língua inglesa do século passado, cuja obra acabou conhecida no Brasil pelo soneto Funeral Blues, lido no filme Quatro Casamentos e um Funeral.   Leiam  Palimpsesto, de Gore Vidal, a quem já dediquei um post inteiro deste blog.  Vidal conheceu todos eles, conta histórias e fofocas dessas bibas, e de muitas outras. Enfim, vocês têm bastante teatro, cinema, e livros, para se divertir por todo o final de semana, e de ano também! Se não quiserem cair na balada…

Abraço do Cavalcanti


Comments

12 respostas para “Os cabarés de Berlim”

  1. Lourenço,

    Bom conhecer seu espaço e os seus “posts”. Minha visita deu-se para uma explicação melhor sobre nosso espetáculo. Todo o material que foi levantado para a criação de Kabarett veio de uma pesquisa minha em Berlin e na Alemanha há dez anos atrás, onde conheci músicas e artistas que viveram no início do século XX. São portanto, anteriores a Brecht e a Kurt Weill, são artistas que “criaram” o cabaré alemão. Esse material foi compilado por mim e tranformou-se numa primeira versão do espetáculo, que estreou em 1999. Hoje, ele volta como parte integrante de um projeto maior da minha cia, a Cia da Revista, em nossa sede, o miniteatro. Estamos iniciando um projeto de pesquisa que parte de Mahagonny, de Bertolt Brecht. Então, nada melhor que voltar com nosso Kabarett para dar início a essa pesquisa. O espetáculo mescla Spoliansky, Rudolf Nelson, Friedrich Hollaender, Schiffer e também foi inspirado nas grandes Ute Lemper e Georgette Dee; a última, uma cantora transexual com um eclético trabalho musical atualmente em Berlin. E claro, na dupla Brecht e Weill. Coincidentemente, a ação se passa na segunda guerra. Talvez por isso a dúvida em relação ao Cabaret de Kander e Ebb. Provavelmente bebemos na mesma fonte. O nosso tem a grafia em alemão e faz um painel da vida artística dos cabarés de Berlin com músicas da época, que foram versionadas para o português por mim. Sobre ser ou não um espetáculo gay, posso dizer que a personagem que recebe os visitantes faz uma resistência à guerra e ao nazismo por meio da sua opção sexual. Fora que toda a estética pensada para o espetáculo tem na androginia a sua fonte de inspiração maior. Acho que Kabarett é mais do que um espetáculo gay. É um espetáculo que fala sobre a liberdade de expressão e a exaltação à vida.

  2. Presentinhos pro final de semana. A mesma música (melodia do filme Les parapluies de Cherbourg) em duas vozes marcantes:

    Liza Minnelli, absurda e ao vivo, no seu estilo mais ame-a ou deixe-a:
    http://www.youtube.com/watch?v=2tedB7xZB2M

    E Connie Francis, dona de uma voz para se apaixonar. Para quem não conhece, recomendo enfaticamente. 🙂
    http://www.youtube.com/watch?v=INlNv2I0Zl4

    Beijocas para todos vocês e um final de semana maravilhoso. 🙂

  3. Gustavo um otimo final de semana a ti tbem guri…abraço apertado.

  4. Olá Lourenço,

    Aproveitando o tema e falar de teatro, ontem fui ver uma peça onde um amigo é ator “comics” comédia em cima dos super heróis em quadrinhos é claro que o Batman e Robin eram gay.
    O que me chamou a atenção foi o publico que assistiu e em nenhum momento ouve qualquer tipo de constrangimento dos mesmos perante as cenas do casal Batman e Robin, muito pelo contrário o publico se divertiu muito com o espetáculo. Teve até algumas passagens bem colocadas sobre preconceito com os gays, etc., como já discutimos aqui muitas vezes.
    O sucesso foi tão inesperado da peça que a principio seria apenas três dias de espetáculo, com a estréia foi muito boa mais de 200 pessoas foram ver no próximo mês entrara em cartaz por mais 15 dias.
    Só para deixar registrado caso alguém passe por Curitiba no próximo mês a peça “comics” estará em cartaz no teatro Regina Vogue shopping Estação. Vale à pena.

    Grande abraço e ótimo final de semana a nós.

  5. Meu caro, eu adoro esse climão meio Dietrich meio Ute Lemper de cabaré alemão. Rever Liza pode ser uma ótima ideia para o findi semana. De Mostra. Me dá uma preguiça… E na sequência, vamos atrás de Celso Curi, porque se ele falou, tá falado. Beijas.

  6. Bom dia!

    Muita informação e cultura pro fim de semana, ADOREI.

    Mesmo em BH, já assisti a reportagens sobre o Miniteatro e achei o máximo. Respira-se cultura por lá. Mais um ponto para meu próximo tour.

    Sobre a história contada, buscarei mais informações; sempre é bom sabermos sobre a história pois nos torna cidadãos melhores e estimula a formação de opinião.

    Há pouco tempo assisti ao filme “Connie e Carla, – As Rainhas da Noite” da ótima atriz Nia Vardalos (Casamento Grego) e da excelente Toni Collete (O Casamento de Muriel), que é praticamente um musical.
    May Be This Time é maravilhosamente interpretada pelas duas atrizes durante o filme que também é uma ótima comédia!
    Trecho do filme http://www.youtube.com/watch?v=6pVLX39-YOU

    Ótimo fim de semana para todos! Iasmim, Ro, Ba, Rafa, beijão para vocês!

    Lourenço,

    Convite: Museu Inhotim – programe-se para conhecer, blz! (www.inhotim.org.br)

    Gus

    P.S.: lembrei, para quem gosta de dança e estiver em BH, vai a dica http://www.fid.com.br (Forum Internacional de Dança)

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