O anúncio do câncer de Lula e, logo em seguida, o conflito entre estudantes e a polícia militar na Universidade de São Paulo, provocaram alvoroço nas redes sociais. Agora, o novo tópico de discussão é a usina de Belo Monte. Um vídeo do Movimento Gota d’Água, estrelado por atores como Marcos Palmeira, Cissa Guimarães e Maitê Proença, faz um apelo: “Parem as obras de Belo Monte”.
O vídeo, acompanhando de um abaixo-assinado, se disseminou rapidamente na rede. Os argumentos, contrários à implantação da usina, dizem que ela ficará praticamente parada oito meses ao ano; que os índios, do Parque do Xingu, serão desalojados e terminarão nas periferias das grandes cidades; que o preço da obra é exorbitante e que o Brasil tem prioridades muito mais latentes.
Os reflexos de uma obra desse porte são, realmente, irreversíveis. No entanto, as questões colocadas deveriam ser discutidas com mais parcimônia. Logo no começo do vídeo, Marcos Palmeira ironiza: “Se não fizer a hidrelétrica de Belo Monte não vai ter energia, se não tiver energia, como é que eu vou ver televisão para assistir à minha novela?”. A questão não é tão simples assim, no entanto, o sucesso do vídeo é inegável. De fato ele teve êxito. Conseguiu transmitir uma mensagem.
Mas vamos dar voz ao outro lado? Em entrevista, publicada no número 49 da Brasileiros, o físico Luiz Pinguelli Rosa, diretor do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (COPPE), fala sobre Belo Monte, energia nuclear, etanol e outros assuntos ligados às matrizes energéticas. E, nesse caso, seria de se estranhar se Pinguelli estivesse preocupado com “sua” novela, como indagou Marcos Palmeira.
Os dois lados
Fonte de Sabedoria – Edição 49, Agosto de 2011, Revista Brasileiros A energia é uma das principais questões mundiais, e a alternativa nuclear, a mais polêmica. Especialista no assunto e diretor de um dos centros de pesquisas mais importantes do País, o físico Luiz Pinguelli Rosa afirma: “A hidroeletricidade, apesar de todos os problemas, ainda é melhor e mais barata que a energia nuclear. A nuclear é caríssima para o Brasil”.
Coluna do economista e ex-ministro da Fazenda Delfim Netto, na Carta Capital
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