A 34ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo será oficialmente encerrada nesta quinta-feira (4), às 20h, em evento na Cinemateca Brasileira. Na festa, conheceremos os vencedores do Troféu Bandeira Paulista (filmes escolhidos pelo público em votação, para que o júri eleja os ganhadores), e o prêmio da crítica (concedido por jornalistas e críticos que cobrem a Mostra). [nggallery id=14140] Os longas-metragens que concorrem ao Troféu Bandeira Paulista são: A Árvore, A Valsa das Flores, Abel, Azul da Cor do Mar, Beyond, Hermano, Irmandade, Peepli ao Vivo, Quando Partimos, Sou Terrorista, Terceira Estrela e o brasileiro Rosa Morena, de Carlos Oliveira, uma co-produção com a Dinamarca.A lista se completa com os documentários A Rota das Tintas, Exit Through The Gift Shop, Jardim Sonoro, Os Dois Escobares, Sinfonia de Kinshara e os nacionais Camponeses do Araguaia – A Guerrilha Vista Por Dentro, de Vandré Fernandes, e O Samba Que Mora em Mim, de Georgia Guerra-Peixe.Foram exatos 468 filmes, exibidos durante duas semanas (entre os dias 22 de outubro a 4 de novembro), em uma verdadeira maratona cinematográfica. A partir de sexta (5) até domingo (7), o público poderá conferir os filmes que entraram na repescagem.A Mostra deste ano teve uma safra muito boa de filmes de mais de 80 países, que não somente refletiram sobre o presente, mas jogaram novas luzes sobre o passado, trazendo outras visões, que nos ajudam a entender melhor o presente em que vivemos. Assistimos a mais de 70 filmes, e vamos destacar alguns que merecem uma conferida, caso sejam novamente exibidos na repescagem.ContemporaneidadeVários foram os temas abordados nos filmes deste ano, com destaque para as guerras, econômicas ou bélicas, e suas consequências na vida das pessoas comuns (tratados nos filmes Balibo, Fora da Lei e Minha Felicidade) e as insanidades e dificuldades do mundo atual (Politécnica e Nossa Vida). Para entender o mundo atual, é necessário olharmos para os fatos passados, e tentar compreender de que forma eles afetam os acontecimentos de hoje.A invasão da Indonésia no Timor Leste, em 1975, é o tema do filme Balibo, de Robert Connolly, que recupera, por meio de ficção, a história real do assassinato de cinco jornalistas australianos que desapareceram depois de irem cobrir a invasão indonésia. Um correspondente de guerra veterano, Roger East, vai tentar encontrar o paradeiro dos cinco, quando José Ramos-Horta conta para ele sobre o sumiço dos jornalistas. Ramos-Horta, aliás, virou símbolo da luta de independência do Timor Leste no exterior e retornou ao país, em 1989, quando finalmente o Timor conseguiu a liberdade. Horta tornou-se presidente e acabou premiado com o Nobel da Paz.Balibo é forte e preciso sobre uma barbárie que o mundo não quis tomar conhecimento. A história foi recuperada pelo testemunho dos sobreviventes daquela invasão, que deixou milhares de mortos, e pela bravura do jornalista Roger East, também assassinado pelos soldados da Indonésia, a exemplo dos outros cinco jornalistas.Já o filme Fora da Lei, de Rachid Bouchareb, fala sobre a luta pela libertação da Argélia do domínio francês. Conta a história de três irmãos e seus pais, expulsos de suas terras, na Argélia, depois que os franceses invadem o país. Essas guerras que marcaram para sempre esses países e seus povos, são o foco do magistral Minha Felicidade, de Sergei Loznitsa, que fala sobre uma Rússia atual fragmentada, violenta e perdida, destroçada por décadas de brutalidade do governo comunista. Um povo que vive suspenso entre um passado comandado por governos comunistas, com suas atrocidades, e a falta de rumo do presente.As perdas de cada diaO que leva um jovem de classe média alta de um país desenvolvido, como Canadá, a matar vários jovens de um colégio em Montreal e depois atirar na própria cabeça? Essa é a história tratada no filme Politécnica, de Denis Villeneuve. Retrata a história de um jovem que, no dia 6 de dezembro de 1989, vai armado ao Colégio Politécnica de Montreal, onde estuda, para matar jovens feministas, na visão dele. Dentro do colégio, ele começa o banho de sangue, primeiro matando mulheres “feministas”, depois atirando em tudo que atravessa seu caminho. Depois de matar dezenas de jovens, ele atira na própria cabeça. Partindo de um motivo banal, o jovem decide ser um juiz implacável do mundo em que vive. O filme recupera a história sem querer explicar o que, de fato, levou aquele jovem a cometer essa chacina. O questionamento de uma sobrevivente do massacre da escola Politécnica tenta compreender o que de fato aconteceu naquele dia 6 de dezembro de 1989: “Por que o mundo é cheio de ódio e de rancor?”.Uma das dificuldades que convivemos no mundo atual é a luta pela sobrevivência, cada vez mais incerta em um mundo globalizado e sujeito aos riscos das crises financeiras (um tema abordado em vários filmes na edição da Mostra deste ano). Nossa Vida, de Daniele Luchetti, mostra a luta pela sobrevivência do jovem viúvo Cláudio, um operário da construção civil, com seus três filhos, o último recém-nascido. Em um mundo em que o consumo é o balizador do convívio e da identidade, Cláudio se arrisca em empreendimentos ilícitos para atingir essa busca insensata pelo padrão de vida acima de suas possibilidades.
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