A ANATOMIA DA INFLUÊNCIA Harold Bloom Tradução Ivo Korytowski e Renata Telles Editora Objetiva 459 páginas |
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Crítico literário mais famoso do mundo, Harold Bloom, 80, aprofunda seu legado intelectual ao investigar novamente o processo da influência literária, objeto de estudo que persegue desde que lançou o seminal A Angústia da Influência, em 1970, livro que mudou o curso da história da crítica literária. |
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A partir da análise luminosa das obras de William Shakespeare e Walt Whitman, além de Paul Valéry, T.S. Eliot e Shelley, entre outros, Bloom conduz o leitor pelos labirintos do poema e seus múltiplos significados, estabelecendo o pensamento poético como prática ideal da crítica. | “Na longa Era do Ressentimento, a experiência literária intensa é mero ‘capital cultural’ (…). Mas não podemos entender a literatura, a grande literatura, se negarmos a autores e leitores o amor literário autêntico. A literatura sublime exige um investimento emocional, não econômico.” |
LETRA E MÚSICA |
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Bela edição reunindo dois volumes com as crônicas de Ruy Castro na Folha de S. Paulo. O primeiro, A Canção Eterna, é compilação de seus textos sobre música; o segundo, A Palavra Mágica, traz breves ensaios sobre literatura e jornalismo. |
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Em ambos livros, Castro desfila suas preferências com muita informação, bons argumentos e senso de humor afiado, sempre no sentido de resgatar nomes injustamente esquecidos e/ ou alertar para modismos sem consistência. | “Chacrinha entrou ventando pela Fiorentina. Ao se aproximar da mesa de João Cabral, estacou e olhou-o por um segundo. Então abriu os braços e exclamou: ‘Cabral!!!’. O poeta levou um susto, mas não deixou a bola cair: ‘Abelardo!!!’. Levantou-se no ato e os dois se abraçaram, aos soluços.” |
A LUZ DIFÍCIL |
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Um pintor relembra, 20 anos depois, o acidente automobilístico que deixa paraplégico o filho mais velho, Jacobo. A tristeza se instaura na família, mas também, em um contraste delicado, a percepção das coisas que o mantém pintando. Com uma dor insuportável, Jacobo decide se matar e cabe ao pai tornar isso possível. |
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Nascido em 1950, em Medellín, González estudou Filosofia e trabalhou como barman antes de começar a escrever romances sempre elogiados pela crítica. É considerado “o segredo mais bem guardado da literatura colombiana”. Esse é seu primeiro livro traduzido no Brasil. | “Foram quase dois anos de abundância artística; de uma felicidade que trazia seu toque de angústia, pois eu encontrava tesouros por toda parte (…). Como iria pressentir o que viria? O infortúnio é sempre como vento: natural, imprevisível, fácil.” |
FRACASSOU O CASAMENTO POR AMOR? |
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Esse é um livro de filosofia, ainda que pareça autoajuda. Mostra como, ao longo da história, a valorização das paixões invadiu nosso imaginário a ponto de fragilizar o casamento por amor, que se rompe diante da menor insatisfação. Trata-se agora, sugere o autor, de inventar um novo casal, baseado no companheirismo. |
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O francês Pascal Bruckner (1948) é um dos melhores e mais polêmicos pensadores entre os chamados “novos filósofos”, grupo que inclui ex-marxistas e/ou ex-maoístas como Bernard-Henri Lévy e Alain Finkielkraut, que, em linhas gerais, se definem pela oposição a totalitarismos. | “Um terrível absurdo: a vida do casal tornou-se mais difícil desde que, de todas suas funções, guardou-se apenas a da satisfação plena. Por querer dar certo a qualquer preço, o casal se consome em ansiedades, teme a lei da entropia, a aridez das horas mortas. A menor queda de tensão é vivenciada como um fiasco.” |
O HOMEM QUE AMAVA MUITO OS LIVROS |
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A jornalista Allison Hoover Bartlett encontrou por acaso a história do ladrão bibliófilo John Gilkey e seu implacável perseguidor, o detetive amador Ken Sanders, também negociador de livros raros. Sua investigação começou depois que um livro antigo com um bilhete misterioso lhe caiu às mãos. |
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História de John Gilkey, um personagem improvável, porém real, que tinha a compulsão por colecionar livros. Até aí tudo bem, não fossem eles primeiras edições caríssimas e muito raras, as quais roubava com cartões de crédito falsificados, em antiquários e bibliotecas centenárias. | “Após cumprir sua sentença, Gilkey deixou a cadeia de Los Angeles pela porta da frente. Em poucas semanas estava novamente empregado na Saks. Durante seu período de liberdade condicional, surrupiou os números dos cartões de crédito de seus clientes e com eles roubou cerca de um livro por mês.” |
O MUNDO – UM GUIA PARA PRINCIPIANTES |
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O “principiantes” do título na verdade se refere a todos nós, no sentido de que não conhecemos de fato o mundo em que vivemos. A proposta do livro é preencher essa lacuna respondendo, por meio de informações úteis, a perguntas essenciais: quem somos, como chegamos até aqui e para onde vamos. |
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Sociólogo sueco, professor na Universidade de Cambridge, Therborn é um dos principais pensadores marxistas vivos. Seu livro, um dos primeiros a tentar explicar o século XXI de forma totalizante, foi saudado por Eric Hobsbawm: “um evento intelectual de peso”. | “Só se pode compreender a sociedade humana e a história da humanidade por meio de suas contradições. O século XX foi homicida, o pior desde o século XVI (…). Ele produziu o pior tipo de racismo – o racismo genocida – da nossa história e nos legou a consciência de que vivemos em um mundo compartilhado e finito.” |
FALAR SOZINHOS |
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Conhecido no Brasil desde a Flip 2011, quando lançou O Viajante do Século (prêmio Alfaguara), Neuman é argentino, mas foi criado na Espanha. Falar Sozinhos é seu quinto romance. Ele também é poeta e contista, e mantém o elogiado blog Microrréplicas. |
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O livro é dividido em três narradores: acompanhamos os pensamentos de Lito, um menino de dez anos, ao mesmo tempo que “ouvimos” uma gravação de Mário, seu pai, que está morrendo de câncer. A mãe, por sua vez, conta em um diário suas aventuras sexuais com o médico do marido. | “Pergunto-me se, provavelmente sem nos darmos conta, vamos procurando os livros que precisamos ler. Ou se os próprios livros, que são seres inteligentes, detectam seus leitores e se fazem notar. No fundo todo livro é o I Ching. Você o abre e ali está.” |
O LIVRO DE JACK |
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Como diz o cineasta Walter Salles na apresentação, essa não é uma biografia oficial de Jack Kerouac. Os autores conversaram longamente com várias das pessoas que conheceram o escritor de Pé na Estrada e editaram os depoimentos em forma de documentário ou biografia oral. |
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Entre os entrevistados estão William Burroughs e Allen Ginsberg (dois dos maiores amigos de Kerouac), os poetas Lawrence Ferlinguetti e Gregory Corso – também expoentes da geração Beat, e figuras menos conhecidas do movimento literário, como Lucien Carr e Herbert Huncke. | “BURROUGHS: Jack era bem jovem na época. Ele havia escrito muita merda. Tinha escrito um milhão de palavras, segundo dizia. Não sei se tinha escrito tanto assim. Havia visto alguma coisa do que tinha escrito naquela época. Não achava que fosse publicável. Na verdade nunca foi.” |
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