O caderno de Literatura da Brasileiros traz oito livros para você apostar na leitura. Todos foram avaliados por nossa equipe e são boas dicas, inclusive, para dar de presente. Veja quais são a seguir:

Viva a Música!
Andrés Caicedo
Tradução de Luis Reyes Gil
Rádio Londres, 224 página

A narradora desse romance bastante cultuado é uma adolescente de Cáli, na Colômbia, que passa por experiências cada vez mais extremas nas baladas e na vida marginal da cidade, movida por uma energia inabalável, que envolve álcool, sexo, drogas e muita salsa  e rock.
A narradora desse romance bastante cultuado é uma adolescente de Cáli, na Colômbia, que passa por experiências cada vez mais extremas nas baladas e na vida marginal da cidade, movida por uma energia inabalável, que envolve álcool, sexo, drogas e muita salsa
e rock.

Caicedo foi chamado de Kurt Cobain da literatura colombiana e tido como precursor de Roberto Bolaño. Aos 25 anos, em 1977, ele se matou, logo após receber a primeira cópia impressa deste livro. A edição traz uma interessante compilação das músicas citadas ao longo da história.

“Mas nós não íamos morrer tão cedo. Ninguém estava lá preocupado em compartilhar inteligência ou profundidade de pensamento. Eu sempre me soube dotada de espírito para a festa e nada mais, e além disso não sei explicar a mim mesma de quem puxei isso.”

Absolutamente Nada e outras Histórias
Robert Walser
Tradução de Sergio Tellaroli
Editora 34, 168 páginas

Antologia com mais de 40 minicontos, solilóquios, esquetes e improvisos escritos por Walser entre 1907 e 1929. Como o título indica, e como os textos mostram, quase tudo ou absolutamente nada podia ser assunto para  o autor, um miniaturista  de delicadeza quase impossível.
Antologia com mais de 40 minicontos, solilóquios, esquetes e improvisos escritos por Walser entre 1907 e 1929. Como o título indica, e como os textos mostram, quase tudo ou absolutamente nada podia ser assunto para
o autor, um miniaturista
de delicadeza quase impossível.

 

Pouco conhecido no Brasil, Walser (1878-1956) é tido como um dos maiores autores de língua alemã do século 20. Entre seus admiradores estão nomes como Kafka, Musil e Benjamin. Hermann Hesse chegou a dizer que “se Walser tivesse cem mil leitores, o mundo seria um lugar melhor”.

“Em um bote, no meio do lago, estão sentados um homem e uma mulher. Lá em cima, no céu escuro, detém-se a lua. A noite, silenciosa e quente,  é particularmente apropriada para a onírica aventura amorosa. Será o homem no bote um raptor? E a mulher, feliz e enfeitiçada, a seduzida?”

Sangue no Olho
Lina Meruane
Tradução de Josely Vianna Baptista
Cosac Naify, 192 páginas

Uma jovem escritora chilena morando em Nova York começa a ficar cega por conta de uma doença diagnosticada na infância. Ela volta a Santiago, onde o namorado tenta ajudá-la na difícil adaptação à nova realidade
Uma jovem escritora chilena morando em Nova York começa a ficar cega por conta de uma doença diagnosticada na infância. Ela volta a Santiago, onde o namorado tenta ajudá-la na difícil adaptação à nova realidade.

Como diz o escritor Juan Pablo Villalobos na orelha, este não é apenas um romance sobre a cegueira e a memória como ferramenta para que a narradora possa descrever as coisas em meio às sombras, mas também um romance sobre o corpo e os limites do amor.

“Ela, disse ele, fazendo uma pausa calculada e dramática, ela não é tua namorada, é teu fardo. E tomou outro gole de café. Ouvir isso te deixou transtornado, te transformou em outro Ignacio, e os tímpanos desse outro se encolheram, suas gengivas se recolheram, sua língua secou.”

A Hora dos Ruminantes
José J. Veiga
Companhia das Letras
150 páginas

A pequena cidade de Manarairema vê sua rotina subitamente alterada por fatos inexplicáveis: primeiro, é invadida por homens misteriosos, que nela acampam; depois, é tomada por dúzias de cães, que deixam os moradores mais temerosos;  por fim, suas ruas são ocupadas por centenas de bois.
A pequena cidade de Manarairema vê sua rotina subitamente alterada por fatos inexplicáveis: primeiro, é invadida por homens misteriosos, que nela acampam; depois, é tomada por dúzias de cães, que deixam os moradores mais temerosos; por fim, suas ruas são ocupadas por centenas de bois.

Romance mais famoso do autor, goiano de Corumbá (1915-1999), A Hora dos Ruminantes é parte
do projeto de reedição de toda sua obra, que já conta também com o livro de estreia, Os Cavalinhos de Platiplanto, seleção de contos saudada por Antonio Candido, entre outros.

“Fechadas em casa, abanando-se contra a fumaça, enervadas com os latidos, as pessoas tapavam os ouvidos, pensavam e não conseguiam compreender aquela inversão da ordem, a cidade entregue a cachorros e gente encolhida no escuro, sem saber o que aconteceria a seguir.”

Diários de Berlim 1940-1945
Marie Vassiltchikov
Tradução de Flávio Aguiar
Boitempo Editorial
480 páginas

Princesa russa exilada na Alemanha, a autora desses diários relata bombardeios em Berlim e Viena, o cotidiano difícil nos anos de guerra e o frustrado atentado a Hitler, que levou a julgamento e à morte vários de seus amigos, muitos deles oficiais e diplomatas da aristocracia alemã.
Princesa russa exilada na Alemanha, a autora desses diários relata bombardeios em Berlim e Viena, o cotidiano difícil nos anos de guerra e o frustrado atentado a Hitler, que levou a julgamento e à morte vários de seus amigos, muitos deles oficiais e diplomatas da aristocracia alemã.

O testemunho de Missie, como era chamada, é um documento único, não apenas pelos fatos que narra, alguns até então desconhecidos, como também pelo estilo, de objetiva naturalidade, como escreveu Antonio Candido. A edição traz fotos da bela autora e de alguns dos personagens de sua história.

“A verdade é que existe uma diferença fundamental de perfil entre todos eles e eu: não sendo alemã, eu me preocupo apenas com a eliminação do Demônio. (…) eles querem salvar seu país da completa destruição, montando um governo provisório que seria aceitável para os Aliados”

Conde Negro
Tom Reiss
Tradução de Cássio de Arantes Leite
Objetiva, 496 páginas

Biografia do pai de Alexandre Dumas, que teria sido o verdadeiro Conde de Monte Cristo. Filho de um nobre francês com uma escrava negra, Alex Dumas demonstrou tamanha bravura que passou de soldado raso a comandante do Exército de Napoleão, até ser preso misteriosamente.
Biografia do pai de Alexandre Dumas, que teria sido o verdadeiro Conde de Monte Cristo. Filho de um nobre francês com uma escrava negra, Alex Dumas demonstrou tamanha bravura que passou de soldado raso a comandante do Exército de Napoleão, até ser preso misteriosamente.

O livro recebeu o prêmio Pulitzer em 2013 e foi finalista do National Book Critics Circle Award. Colaborador assíduo do New York Times e da New Yorker, Reiss baseou-se em documentos até então desconhecidos, cartas, relatórios militares
e o diário escrito pelo próprio Alex Dumas.

“Seu braço era tão poderoso que era capaz de derrubar um cavaleiro com um único golpe, uma grande vantagem nesse tipo de combate, e ele tinha um talento intuitivo para combater diversos oponentes ao mesmo tempo. No caos da batalha, sentia-se em casa.”

Introdução a Foucault
Edgardo Castro
Tradução de Beatriz de Almeida Magalhães
Autêntica, 160 páginas

Livro fundamental para o leitor não especializado que se interessa pelo pensamento do grande filósofo francês (1926-1984). Castro não apenas sintetiza com clareza as ideias de Foucault, como também analisa cada uma de suas obras, assim como aspectos importantes de sua biografia.
Livro fundamental para o leitor não especializado que se interessa pelo pensamento do grande filósofo francês (1926-1984). Castro não apenas sintetiza com clareza as ideias de Foucault, como também analisa cada uma de suas obras, assim como aspectos importantes de sua biografia.

A edição traz uma cronologia detalhada da vida de Foucault, uma boa bibliografia e valiosas sugestões de leituras complementares. O argentino Castro é um dos maiores estudiosos da obra do filósofo; além disso, é também tradutor dos livros de Giorgio Agamben para o espanhol.

“Para Foucault, podemos falar de literatura no sentido moderno do termo (…) quando sua função já não consiste em nomear as coisas do mundo exterior ou expressar as ideias ou os sentimentos do mundo interior, mas em falar
de si mesmo, em remeter a si mesmo.”

Algumas Historietas
Jacques Bonnet
Tradução de Marcelo Jacques de Moraes
Civilização Brasileira
160 páginas

Ensaio sobre Historiettes, livro de anedotas escrito por Gédéon Tallemant des Réaux no século 17, mas que só foi publicado em 1834. São histórias picantes, escatológicas, engraçadas, e também retratos concisos de personagens e situações da época, feitos com estilo e fina capacidade de observação.
Ensaio sobre Historiettes, livro de anedotas escrito por Gédéon Tallemant des Réaux no século 17, mas que só foi publicado em 1834. São histórias picantes, escatológicas, engraçadas, e também retratos concisos de personagens e situações da época, feitos com estilo e fina capacidade de observação.

Bibliófilo, editor e tradutor, Bonnet, também conhecido pelo livro Fantasmas na Biblioteca, tece relações saborosas entre a obra de Tallemant e os textos de Proust, Flaubert, Melville, Stephen King (!) e mesmo, uma passagem particularmente interessante para o leitor brasileiro, Aluísio Azevedo.

“Ele escreve em um tempo em que os soberanos passam a noite de núpcias observados por uma pequena multidão,
dão à luz diante da corte e defecam em público, e em que a princesa Palatina pode evocar (…) o concurso familiar
de peidos que divertiu a noite da véspera.”


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