Os piratas também navegam no mundo virtual

Com a confirmação de que o serviço de microblog Twitter, sucesso absoluto na internet, foi invadido por hackers na última semana, o mundo virtual ficou apreensivo. Ao que tudo indica, os hackers conseguiram derrubar o microblog utilizando uma técnica chamada “negação de serviço”. O processo sobrecarrega os servidores com pedidos de informações e faz com que as máquinas parem de atender a todos, inclusive os usuários legítimos, que também ficam incapacitados de acessar o site. Se um serviço como o Twitter, que comporta quase 50 milhões de perfis é alvo fácil dos hackers, fica o receio: “Estamos seguros no mundo virtual?”.
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Pollyana Ferrari, pesquisadora em novas mídias, professora doutora da PUC-SP e consultora em Web 2.0, falou sobre como o sucesso do Twitter pode torná-lo um alvo ainda mais atraente para os hackers. “Como o Twitter é a bola da vez, para chamar atenção, nada mais apropriado do que os hackers escolherem o microblog”, diz Ferrari.

Na verdade, a invasão do Twitter foi feita por crackers, não hackers. “Esse tipo de invasão é feita por crackers, que são especialistas com o objetivo de causar dano na rede. Os hackers são figuras que invadem ou quebram códigos mais como uma prova da sua perícia. Não para causar danos”, esclarece o multimídia e apresentador do CQC, Marcelo Tas.

Intenso usuário da ferramenta, Tas comentou a invasão que paralisou o “passarinho” na quinta-feira(6). “O Twitter está sentindo os efeitos colaterais da ‘fama’. Mas, acredito que os jovens que o criaram sejam nerds faixa-preta o suficiente para deter e se preparar melhor para esse tipo de ataque”, opina o jornalista.

Ele acredita não haver risco de uma queda de usuários da febre da internet. “Não acredito. Todo veículo novo sofre esse período de ‘amaciamento’, até os automóveis zero km”. Já Pollyana acha que em pouco tempo a ferramenta estará funcionando a todo vapor novamente. “Acredito que rapidamente teremos uma infra-estrutura ampliada, pois a ferramenta tem grande alcance na sociedade midiática em que vivemos”, diz a professora, endossando a opinião de Tas.

A internet sempre foi uma grande vizinhança, onde as casas não têm muros e todos são convidados a conhecer todos. Mas até que ponto isso é algo positivo? O medo pode começar a fazer parte do mundo virtual? Marcelo Tas não acredita nisso. “O medo não habita o mundo real ou o mundo virtual. Ele existe na nossa mente. Depende de cada um se prevenir contra os riscos, sejam eles reais ou virtuais. Acredito no contrário: que a internet possa nos ajudar a ter mais discernimento e compreensão do planeta e de nós mesmos. Depende do uso que damos a ela”, diz.

“É no mundo real que devemos cuidar da segurança virtual. Se você não quer, por exemplo, ver sua foto de biquíni na rede, nunca deixe-se fotografar de biquíni. Hoje tudo é digital”, completou Pollyana, lembrando que nossa segurança, depende, em grande parte, de nós mesmos. A verdade é que real ou virtual, a vida esconde perigos, porém deixar de viver não garante evitá-los. O melhor a se fazer, como bem disseram dois especialistas no assunto, é sempre ficar de olho por onde andamos e por onde clicamos.

ATUALIZAÇÃO, às 17h30 do dia 11/08: E parece que virou moda. Nesta terça-feira, 11 de agosto, o Twitter foi novamente alvo de ataques e saiu do ar. Em seu blog oficial, o Twitter informou ainda não saber a natureza do ataque e disse estar trabalhando para que o problema seja resolvido.


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