Analisando e investigando as chacinas que ensanguentaram a cidade de São Paulo neste ano, a Corregedoria da Polícia Militar concluiu que existe uma organização criminosa de extermínio dentro da corporação. A constatação foi feita após a suspeita da participação de policiais militares em quatro execuções em Carapicuíba, na Grande São Paulo. Até o momento, quatro policiais já foram presos em função desta chacina.
O relatório produzido pela Corregedoria, obtido pelo jornal Estado de S. Paulo, foi assinado pelo capitão Rodrigo Elias da Silva. No documento, o militar pede a detenção dos sargentos Aquiles Rodolfo Coelho de Oliveira e Cristiano Gonçalves Machado e do soldado Luiz Fernando de Andrade, todos do 33.º Batalhão. De acordo com a apuração, os PMs modificaram a cena do crime minutos depois das mortes em Carapicuíba.
Em um vídeo amador gravado por moradores da região, e divulgado pela TV Globo, as vítimas aparecem mortas com o rosto virado para o chão e as mãos entrelaçadas, o que revela sinais de execução. No vídeo também é possível observar a chegada de uma viatura da Polícia Militar. A questão é que nas fotos tiradas pelos peritos os corpos aparecem em posições diferentes, o que, para a Corregedoria, significa que os policiais mexeram nos corpos das vítimas.
Os três policiais suspeitos já prestaram depoimento e negaram qualquer participação. No relatório, o capitão Rodrigo Elias da Silva afirma que “os crimes foram praticados por organização criminosa”, que, de acordo com as investigações, foi formada para vingar o roubo de uma bolsa do soldado Douglas Gomes Medeiros, que foi preso dias depois da chacina por ter sido reconhecido como um dos atiradores.
Uma testemunha afirmou à Corregedoria que as vítimas de Carapicuíba supostamente praticavam roubos na região, e que o soldado Medeiros prometeu se vingar depois que a esposa foi roubada. Segundo a testemunha, os PMs lhe disseram, logo depois dos assassinatos: ““É, escapou, hein, mas vai morrer mais um monte…”.
O capitão Rodrigo Elias ainda escreveu no relatório que a Corregedoria observou “uma clara divisão de tarefas (executores, acobertamento e dissimulação de local de crime) entre os autores do delito e policiais militares”, o que indica claramente uma atividade de organização criminosa. Elias ainda acrescentou: “há elementos nestes autos que denotam unidade de desígnios dos militares em serviço com o militar do Estado de folga para a prática dos homicídios”.
Apenas nos últimos três meses vinte policiais foram presos por suspeita de envolvimento com chacinas e execuções. Além das mortes de Carapicuíba, policiais militares também são suspeitos de protagonizar a maior chacina do ano na cidade, que deixou 19 mortos em Osasco e Barueri. Seis policiais e um guarda-civil foram presos até o momento.
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