Caros leitores,
acabei de ver agora a primeira edição de um novo blog que é uma beleza para quem gosta de ler. Foi criado pelo meu amigo Fernando Portela, titular do primeiro time dos repórteres brasileiros. Como hoje estou sem assunto e sem ânimo para escrever, recomendo a leitura de “A sorte é para quem tem”, que abre o blog. Confiram e me digam se não tenho razão:
http://fernandoportela.wordpress.com
Abraços,
Ricardo Kotscho
Ao dar uma olhada no noticiário político sobre a campanha presidencial, sem grandes novidades nesta quarta-feira, as informações sobre dois importantes personagens, Ciro Gomes e Tasso Jereissati, chamaram-me a atenção e levaram-me a viajar no tempo até um episódio de que fui testemunha muitos anos atrás.
No final de 1993, durante um almoço na Cantina do Mário, no bairro do Ipiranga, perto do Instituto Cidadania, onde Lula começava a montar sua segunda campanha presidencial para o ano seguinte, foi praticamente selada uma aliança histórica entre o PT e o PSDB.
Com as bençãos de Ciro Gomes, velho amigo e aliado de Tasso, e na presença também do jornalista Egídio Serpa, meu bom amigo e assessor dos dois políticos do Ceará, uma chapa foi montada antes que fosse servido o café: era Lula para presidente e Tasso para vice. Claro que era só uma idéia, que precisaria ser discutida pelos partidos, mas os três sairam do almoço convencidos de que aquele era o melhor caminho para o Brasil.
Àquela altura, o PSDB ainda não tinha candidato. O caminho parecia livre para esta articulação. Nem se falava no nome de Fernando Henrique Cardoso, então ministro da Fazenda de Itamar Franco, que estava em dúvida se seria candidato à reeleição ao Senado ou disputava uma cadeira de deputado federal.
Poucos meses depois, surgia no cenário o projeto do Plano Real, que acabaria com a inflação de um dia para outro, e transformaria o ministro da Fazenda não só no candidato do PSDB, como em candidato imbatível, como logo se veria.
Lembrei-me deste almoço, que poderia ter mudado completamente o quadro político-partidário do país, ao ler no noticiário que Ciro Gomes pode tanto ser candidato a presidente da República como a governador de São Paulo, e que o nome de Tasso Jereissati já está sendo cogitado pelo PSDB como vice de José Serra, caso ninguém consiga convencer Aécio Neves a aceitar este papel.
Com a debacle do DEM, o aliado preferencial dos tucanos desde sempre, o PSDB pode ser obrigado a montar uma chapa puro-sangue, o que seria inédito nas eleições presidenciais do país. Entre os nomes cogitados, surgiu o de Tasso, que não tem sua reeleição assegurada para o Senado pelo Ceará.
Ciro, por sua vez, que construiu sua carreira sempre ao lado de Tasso, está numa encruzilhada em que pode querer tudo, mas corre o risco de ficar sem nada, já que não pensa em se candidatar novamente a deputado federal.
Nas voltas que a vida dá, PT e PSDB são hoje as duas forças hegemônicas e antagônicas que disputam o poder no Brasil a cada eleição. Entre o almoço na Cantina do Mário e o surgimento do Plano Real, o destino traçou o caminho de Lula, Tasso, FHC e Ciro, do PT e do PSDB, e da história política do país nas últimas duas décadas.
Qual a surpresa que nos guardaria esta eleição de 2010, a menos de oito meses de irmos às urnas, ainda sem a definição do quadro de candidatos?
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